Blast from the Past

Blast from the Past: Breath of Fire 3 (PS)

O PlayStation viveu uma época de ouro para os apreciadores dos jogos de RPG japonês. Era tanta coisa boa que ficava até difícil saber o que... (por Unknown em 08/06/2012, via PlayStation Blast)

O PlayStation viveu uma época de ouro para os apreciadores dos jogos de RPG japonês. Era tanta coisa boa que ficava até difícil saber o que jogar. Nomes como Final Fantasy VII, Xenogears e Grandia fizeram a festa da galera. E foi no PlayStation também que tivemos uma das versões mais épicas da série de RPG da Capcom: Breath of Fire 3. Apesar de ter personagens diferentes dos dois jogos anteriores, a história continua na mesma linha de tempo e se passa anos depois deles, mostrando o último sobrevivente da Brood (uma raça de dragões) tentando descobrir mais sobre sua verdadeira origem.

O menino-dragão

O game começa com o jogador no controle de um pequeno dragão que precisa escapar de seus captores. Ao conseguir fazer isso (rolando do alto de um barranco), o dragão desmaia e logo se transforma em uma criança chamada Ryu, que é o tal último sobrevivente da raça Brood. Ele é encontrado por Rei, membro da tribo Woren (uma raça de tigres humanoides) e Teepo, seu ajudante nos pequenos furtos que comete. Sem saber que o pequeno Ryu guarda um imenso poder dentro de si, os dois adotam o garoto e formam uma pequena família. Isso dura até que os três sofram um atentado e Ryu se encontre sozinho mais uma vez, tendo que se virar pelo mundo para descobrir mais sobre o seu passado.

A princípio, a história pode parecer bobinha e tal, com o protagonista desmemoriado tentando encontrar suas origens, mas não deixa de ter seus momentos épicos. Impossível não se emocionar quando Rei e Teepo são aparentemente assassinados, ou quando Ryu descobre suas origens e precisa lutar contra Gar, um de seus aliados. Conforme o jogo avança, o jogador descobre que a raça de Ryu foi aniquilada pela deusa Myria, que também acabou com a tecnologia do mundo com o objetivo de “proteger” a humanidade. E quando pensamos que o game não tem mais como surpreender, Teepo reaparece como um dos vilões finais do jogo e revela que também fazia parte da Brood.

Breath of Fire 3 apresenta alguns dos personagens mais carismáticos dos games de RPG. Além de Ryu, temos a princesa Nina, que, assim como o protagonista, aparece em todos os jogos da série e faz parte de uma espécie de humanos que possuem asas; Gar é o último dos guardiões, a raça que foi responsável pela extinção da Brood, e ele vai atrás de Ryu justamente para finalizar sua missão de extermínio. Outro que merece destaque é Rei, que muda bastante no decorrer do jogo. No começo, ele é um cara descontraído que leva a vida despreocupadamente, mas muda completamente depois de quase morrer no atentado logo no começo do jogo. Já os personagens Momo e Peco não fariam diferença se não existissem. Entre os vilões, se destacavam os irmãos Sunder e Balio, de uma raça de homens-cavalo e que possuíam o poder de se fundir em uma única e poderosa criatura. O interessante dessa criatura é que ela lançava um poder fazendo a mesma pose do herói japonês Ultraman.

 

Vamos encontrar as esferas do dragão…

Com seu clima medieval, espadas e magia, Breath of Fire 3 foi um dos jogos que mais chegaram perto de um RPG de mesa tradicional, muito por causa do seu sistema de combate baseado em turnos e não nas Active Time Battle (ATB), que eram muito comuns na época. Cada personagem tinha um valor de agilidade em seus atributos, que era modificado pelo uso de equipamentos mais pesados ou mais leves. Para se dar bem em alguns combates mais complicados, era necessária uma certa estratégia para se utilizar os equipamentos corretos, para que o personagem não ficasse fraco, mas também não ficasse muito pesado, o que fazia com que fosse o último a atacar no turno. Também era possível desequipar alguma armadura muito pesada no meio do combate, fazendo com que o personagem atacasse mais cedo. Isso era bastante útil quando se precisava curar alguém com certa urgência.

Porém, uma das coisas mais divertidas do combate era quando encontrávamos certos cristais que continham a essência dos dragões mortos no passado. Ao entrar em contato com eles, Ryu ganhava a capacidade de se transformar em dragão e utilizar seus verdadeiros poderes. O legal mesmo era poder misturar vários cristais e sempre criar algum tipo de dragão novo, alguns muito poderosos e sempre com magias diferentes das que o protagonista possui. Isso fazia com que os combates não ficassem tão repetitivos e fosse divertido tentar descobrir quais combinações resultariam nos melhores dragões.

E por falar em magia, Breath of Fire 3 trazia também um sistema de aprendizado. Uma das opções disponíveis durante o combate era observar o inimigo, fazendo com que o personagem perdesse um turno de ataque, porém com uma chance de aprender alguma magia ou skill nova. Além disso, durante a jornada dos herois, era possível encontrar mestres escondidos em certas partes do mundo, que ensinavam técnicas milenares aos protagonistas. Para receber as novas magias era necessário completar alguns requisitos, como alcançar determinado level, por exemplo. Depois disso, bastava voltar até o mestre e receber o prêmio.

Além de ensinar novos poderes, os mestres também davam bônus em alguns atributos, sendo muito importante escolher a qual mestre cada personagem iria se associar. Um personagem que utiliza principalmente skills baseadas em agilidade, por exemplo, é melhor que se associe a um mestre que dê bônus neste atributo. Em contrapartida, o personagem recebia também um decréscimo em alguma habilidade que não estivesse ligada ao mestre em questão. O legal é que essas skills/magias que eram aprendidas podiam ser também “esquecidas” pelos personagens, já que eles possuíam um espaço limitado para elas, como uma espécie de grimório. O jogo trazia também um divertido mini-game de pescaria, contando com peixes de várias espécies e tamanhos.

 

Um game simples, porém carismático

Graficamente, Breath of Fire 3 não impressionava muito, com os personagens se movimentando de maneira bem travada pelos cenários, eles nem dobravam os joelhos para caminhar. Porém, mesmo assim eles conseguiam ser extremamente carismáticos utilizando recursos típicos de mangás e animes, como aquelas gotinhas na cabeça ou os personagens caindo pra trás quando algo muito constrangedor acontecia. Na verdade, o jogo poderia ser facilmente confundido com um game de Super Nintendo, tamanha a simplicidade de seus gráficos. Apesar disso, é, sem dúvida alguma, um dos grandes jogos de RPG do PlayStation e que deve ser jogado pelos amantes deste gênero, sendo melhor do que muitos RPGs atuais que possuem apenas gráficos bonitos (sim, Final Fantasy XIII, estou falando com você).

Revisão: José Carlos Alves


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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