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Análise: A recriação quase perfeita de Prince of Persia Classic

Prince of Persia Classic é um remake de um jogo que foi inicialmente lançado para MS-DOS e Apple II em 1989. Ele deu origem aos diversos ... (por Amèlie Poulain em 19/09/2013, via PlayStation Blast)


Prince of Persia Classic é um remake de um jogo que foi inicialmente lançado para MS-DOS e Apple II em 1989. Ele deu origem aos diversos títulos subsequentes, sendo que os novos são bem famosos hoje em dia. O primeiro Prince of Persia é muito singular, e carrega uma nuvem de saudosismo para os jogadores que o conheceram quando mais novos. Para esses, e para alguns jogadores mais jovens que apreciem o estilo, existe Prince of Persia Classic na PlayStation Network.

A trajetória de um clássico


A série foi criada originalmente pela empresa americana Brøderbund, responsável pelos dois primeiros títulos e que ficou mais famosa posteriormente por criar também a série Carmen Sandiego. Prince of Persia foi um sucesso enorme e chegou a ser portado para várias plataformas da época: Amiga, Apple Macintosh, NES, Game Boy, Game Gear, SNES e Mega Drive. Sua sequência imediata, Prince of Persia 2: The Shadow and the Flame foi lançado em 1993 e tem uma história que se passa em um futuro próximo aos eventos de seu predecessor. Esse título, no entanto, obteve um sucesso menor que seu irmão mais velho e foi lançado apenas para MS-DOS, Mac OS, Mega Drive e SNES.

Os títulos mais recentes, e mais conhecidos, foram lançados pela Ubisoft a partir de Sands of Time, em 2003. Esses jogos alcançaram diversas plataformas e conquistaram um público enorme, com um deles - The Sands of Time - tendo até sua versão em filme. A movimentação no ambiente tridimensional e a influência de jogos novos alteraram bastante a jogabilidade se comparada ao jogo original. Em Prince of Persia Classic, a experiência do jogador é muito semelhante àquela do primeiro título.

Mesma história, visual repaginado


Para quem não conhece, ou não lembra, a história gira em torno de um vilão: o mago e Grão Vizir Jaffar, que governa o Reino da Pérsia enquanto o Sultão está ausente, em batalha. Para continuar seu reino de tirania e alcançar o trono de fato, Jaffar precisa casar com a filha do Sultão ou matá-la.  Ele oferece a ela as duas opções, casar-se ou ser assassinada e dá uma hora para que ela se decida. Em uma cena dramática, Jaffar usa seus poderes e coloca uma ampulheta enorme no aposento, contando o tempo até a decisão final. A princesa se deixa cair sobre a ampulheta e espera pelo seu destino. Existe a esperança de que seu herói vá salvá-la, mas ele acaba de ser jogado nos porões do palácio, cercado por guardas.

A missão do nosso protagonista, o sem-nome príncipe da Pérsia é, obviamente, fugir das masmorras, vencer os guardas e salvar tanto a princesa, como o reino do cruel Jaffar. E ele tem uma hora, contada pela ampulheta mágica. No jogo clássico esse tempo é levado totalmente a sério, o que era um elemento dificultador. Nesta versão repaginada, ainda se pode continuar a jogar mesmo depois que o tempo acaba. Existe apenas um modo de desafio de tempo que faz uma referência ao original.

Fiel ao original e moderno ao mesmo tempo

Prince of Persia já era bem bonito, mesmo com os entraves técnicos da época. A direção de arte caprichou na harmonia das cores e na clareza dos itens, mesmo com aqueles pixels enormes. O visual repaginado tem um cuidado de igual medida, só que agora com gráficos avançados, pixels invisíveis e texturas detalhadas. Ficou realmente muito bonito e qualquer screenshot pode comprovar.

O trabalho com o som também buscou sua fonte na essência. A música fica para os menus e cutscenes, deixando as fases apenas com o som do ambiente: portas, plataformas quebradas, batalhas, etc. Apesar dos sons não serem exatamente os mesmos, o estilo se mantém com bastante semelhança, mas com um toque mais moderno. A parte um pouco mais incômoda é que os sons do menus são um pouco mais altos do que os do jogo, além de repetitivos, pois para cada setinha que apertamos, ouvimos de novo o mesmo barulho, destoando do resto.

A jogabilidade é a mesma, e ao mesmo tempo, não é


As fases têm a mesma estrutura do jogo original. Um jogo de plataforma que, mesmo com o melhor visual 3D, é jogado em duas dimensões. Andamos de um lado para o outro, subimos e descemos pelas plataformas e desviamos dos mais variados obstáculos: pinos no chão, portas que picotam quem passar, buracos com quedas mortais e vários outros. Nesse meio-tempo, buscamos por passagens secretas que podem conter poções de vida, mas com cuidado, pois existem as também as falsas, que vão tirar uma unidade de vida, ao invés de dar. Os controles são idênticos aos originais, com um botão para cada ação: pular, andar devagar, pegar objetos, atacar e defender. A única pequena diferença nesse aspecto é a possibilidade de usar o analógico para andar, o que pode ser um pouco incômodo quando tentamos ir um pouco mais devagar. Nessas horas, é só trocar para os botões convencionais.

As batalhas começam relativamente fáceis, podendo ser resolvidas com um apertar repetido do botão (e um pouco de sorte) e vão ficando cada vez mais complexas. A luta de espadas é um tanto charmosa, principalmente pra quem se cansa fácil de jogos de tiro ou para quem enxerga um certo romantismo nas armas brancas. É interessante como apenas dois botões de batalha, atacar e bloquear, podem levar a duelos complexos. O próprio cenário contribui para isso, criando situações como a necessidade de um pulo longo que deixa o jogador muito próximo do adversário, ou plataformas que caem deixando um espaço mínimo para a luta. Às vezes, as restrições de software/hardware obrigam os produtores a criarem soluções criativas em termos de level design.

Introdução de Prince of Persia Original

A primeira fase é bem interessante e quem jogou o clássico provavelmente se lembra. A saída é bem perto de onde começa a fase, apenas alguns cenários à direita. Mas é impossível passar pelo guarda sem uma espada. Temos então que ir para a esquerda até o fim da fase apenas para pegar uma espada e voltar todo o percurso, matar o guarda e subir para a segunda fase.

Em seu tempo, Prince of Persia foi considerado um jogo difícil. Hoje, existem alguns facilitadores. Alguns deles são desnecessários e desconsideram totalmente a inteligência do jogador. Uma luz roxa percorre a cena dizendo o caminho certo e se tentamos, por exemplo, ir direto para a cena do guarda na primeira fase, é mostrada uma mensagem do tipo "você não vai conseguir vencê-lo sem uma espada, melhor tentar outro caminho". Essa ajuda, pelo menos, pode ser desativada no menu. Além disso, agora se pode salvar no meio das fases através de checkpoints.

Prince of Persia Classic


Um clássico é um clássico


Se existe o desafio de salvar a princesa em uma hora, era de se esperar que o jogo não fosse dos mais longos. O que aumenta bastante o tempo de jogo é a sua dificuldade. Os facilitadores amenizam um pouco isso, além de remover a necessidade de exploração e descoberta do jogo, que não tem uma fase tutorial. Mesmo assim, um jogador normal tende a morrer diversas vezes, o que estende o tempo total da experiência. O convite à revisitação das fases é feito de duas formas: uma delas é tentar vencer no tempo proposto de uma hora; a outra, é passar por todas as fases sem morrer nenhuma vez.

Saudade!

Apesar da proposta de jogar novamente apenas tentando reduzir o tempo não ser algo tão convidativo, esse modo se faz necessário pela própria essência da narrativa, que na introdução já menciona o prazo. Esta proposta de se ater o máximo ao original se faz interessante quando pensamos que é uma forma de manter um jogo vivo por muito mais tempo, uma vez que um jogo em si não existe sem uma plataforma. Prince of Persia Classic é um título que merece ser revisitado pelos fãs ou conhecido por quem não teve a oportunidade de interar-se dele na época.

Pontos positivos:



  • Possibilidade de jogar um clássico de alto nível no PlayStation 3;
  • Jogabilidade e estrutura do jogo original mantidas;
  • Visual bonito e em conformidade com o original;
  • Level design inteligente;
  • Nível de dificuldade interessante.


Pontos negativos:



  • Muito curto;
  • Sons do menu muito altos e incômodos.


Prince of Persia Classic - PSN - Nota: 9,0

Revisão: Bruno Nominato
Capa: Vítor Nascimento

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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