Blast from the Past

Harry Potter and the Goblet of Fire misturou ação e magia no PS2

A Eletronic Arts apostou forte na ação frenética em sua adaptação do quarto filme de Harry Potter para os videogames.


Muitos fãs de Harry Potter consideram sua quarta aventura, The Goblet of Fire (conhecida aqui no Brasil como O Cálice de Fogo), como uma das mais importantes para o desenvolvimento de sua história. Muitos eventos acontecem e muitas revelações sobre os personagens são feitas. É também um dos capítulos mais sombrios de toda a saga, com direito ao primeiro assassinato que Harry conscientemente presencia.


Quando o filme chegou às telonas em 2005, trazendo milhões de pessoas para as salas de cinema, a EA lançou simultaneamente o game baseado na obra. No entanto, quem esperava um jogo aos moldes dos anteriores para o PS2, que seguiam uma jogabilidade parecida com a série Zelda, acabou se decepcionando, pois Harry Potter and the Goblet of Fire mudou suas mecânicas drasticamente.

Muitos feitiços para usar e combinar

A história do game segue o enredo do filme e do livro. Harry retorna para seu quarto ano em Hogwarts, e logo fica sabendo que o castelo sediará o Torneio Tribruxo. Nesse evento, três escolas de magia têm um aluno escolhido para ser seu "campeão", ou seja, alguém que representará a instituição em três tarefas perigosíssimas. O vencedor ganha, além de muito dinheiro e fama, a glória eterna para sua escola. A seleção dos candidatos é feita pelo Cálice de Fogo, um cálice encantado com chamas azuis e muito poder mágico. Eventualmente, o artefato revela os três campeões, e todos comemoram… até que um quarto campeão é selecionado: ninguém menos que o próprio Harry Potter.


O jogo The Goblet of Fire deixou o mundo aberto dos títulos anteriores de lado e adotou um sistema de fases, com cutscenes entre elas para contar a história. Isso já serviu para deixar muitos fãs chateados, já que explorar Hogwarts e seus terrenos livremente era um dos grandes atrativos. Não bastasse isso, o jogo ainda mudou seu "estilo Zelda" para adotar uma jogabilidade hack 'n' slash, com muitos inimigos na tela e controles mais simplificados.

As fases se passavam em alguns lugares da propriedade de Hogwarts: que iam da Floresta Proibida até as estufas de Herbologia. Quando se entrava no estágio pela primeira vez, o progresso era bem linear: seguir o caminho disponível derrotando hordas de inimigos usando azarações (feitiços de ataque) e encantamentos (feitiços de defesa). Após completar a fase pela primeira vez, novos locais dentro dela eram desbloqueados. O jogo tinha muitos colecionáveis e missões secundárias, como achar todas as estátuas de dragão ou destruir detectores das trevas. Claro que era totalmente possível simplesmente seguir a história do jogo e não repetir as fases, mas fazer isso era como fazer um bolo e comer apenas a massa, deixando o recheio de fora. 


Antes de entrar nas fases, podíamos escolher entre Harry, Rony e Hermione para jogar. O grande atrativo aí era o multiplayer, que permitia que até três pessoas jogassem em conjunto. Os personagens sem jogadores de verdade eram controlados por uma inteligência artificial normalmente decente, mas que podia atrapalhar um pouco na hora dos combates. Talvez tenha sido por isso que os personagens contavam com habilidades mais ou menos parelhas, sem grandes diferenças – então não importava muito qual era escolhido.

Havia também as três fases especiais do Torneio Tribruxo. Nelas, apenas o modo singleplayer era suportado, e Harry as enfrentava sozinho. Elas funcionavam mais como minigames e fugiam do estilo hack 'n' slash dos outros estágios. Na primeira tarefa, tínhamos que fugir de um dragão, passando por aros de velocidade, de maneira semelhante às partidas de Quadribol de Harry Potter and the Sorcerer's Stone (PS). Na segunda, era necessário lutar com sereias e outros monstros marinhos no fundo de um lago. Na terceira e última tarefa, precisávamos encontrar um caminho por um labirinto. Elas não eram muito longas, mas evitavam que o gameplay do jogo se tornasse repetitivo.
As fases do Torneio Tribruxo variavam o ritmo do jogo
E é claro que, sendo um game do Harry Potter, o grande atrativo eram as magias. Quase todas foram pensadas para serem usadas em lutas com as criaturas ferozes do mundo criado por J.K. Rowling. O mais legal é que, quando um dos personagens lançava um encantamento e outro lançava uma azaração, diferentes efeitos podiam ser obtidos. Desde transformar inimigos em coelhos até fazer eles incharem como balões, havia uma infinidade de maneiras de se livrar deles. O único problema era que no singleplayer esse elemento se mostrava um pouco aleatório, pois o jogador dependia da inteligência artificial do jogo para combinar um feitiço.

Domine a Magia

No quesito gráfico, o título fazia um bom trabalho, mas nada que chegasse a impressionar. Quanto à trilha sonora, mais uma vez contamos com o belíssimo trabalho de Jeremy Soule (sim, o mesmo compositor de Skyrim). As faixas sempre pareciam casar perfeitamente com o que estava ocorrendo na tela. Já a dublagem, infelizmente, não segue o mesmo padrão de qualidade. As vozes quase sempre soavam altas e esganiçadas, como se os personagens estivessem gritando uns com os outros, mesmo que a dois passos de distância. Também era um pouco irritante ouvi-los bradar o nome da magia que lançam várias vezes ao mesmo tempo.


No fim, a jogabilidade de Harry Potter and the Goblet of Fire não vingou, e o jogo foi um dos mais criticados pelos fãs do bruxo inglês. Sua sequência, Harry Potter and the Order of the Phoenix, voltou ao mundo aberto dos jogos anteriores, com algumas diferenças. Ainda assim, temos que dar crédito ao game por ter tentado algo diferente na série. 

Se comparássemos com os jogos anteriores, realmente não parecia um título muito bom, mas se deixássemos os preconceitos de lado, tínhamos em mãos uma experiência divertida, principalmente no multiplayer. Um jogo decente, mas que não chegou nem perto de agradar seu público-alvo: os fãs do menino que sobreviveu.


Revisão: Alberto Canen
Capa: Wellington Aciole

é estudante do Ensino Médio e joga videogames desde que ganhou seu primeiro console aos 5 anos de idade. Quando não está jogando algum jogo de terror qualquer ou entrando em hype para um novo Zelda, normalmente está dando uma olhada no Facebook.

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