Blast from the Past

Relembre como Crash Bash marcou a estreia de Crash no mundo dos minigames!

No ano 2000, Crash Bandicoot, o marsupial alaranjado e praticamente descerebrado que havia dado as caras quatro anos antes no console da... (por HugoH2P em 18/02/2014, via PlayStation Blast)

No ano 2000, Crash Bandicoot, o marsupial alaranjado e praticamente descerebrado que havia dado as caras quatro anos antes no console da Sony da quinta geração, estava conseguindo completar o seu objetivo: se tornar o mascote do PlayStation. Mas apesar de todo o seu sucesso, o mesmo ainda se encontrava léguas atrás do seu rival da plataforma concorrente, o Super Mario. Enquanto Crash ainda se consolidava como um bom jogo de plataforma e dava o primeiro piso em um acelerador, Mario já colhia os louros no N64 dos seus saltos por pinturas e comemorava o feito com festas, partidasesportivas e corridas de kart. Para que ele pudesse competir com o Mario de igual para igual, precisaria adentrar novos campos com a finalidade de arrebanhar mais jogadores. Com essa mentalidade, a Universal Studios resolveu abordar os minigames e fomos presenteados com o atemporal Crash Bash!

Sai Naughty Dog e entra Eurocom, mas a qualidade continua

O primeiro jogo de Crash a não ser produzido pela Naughty Dog (que na época estava trabalhando em Jak & Dexter), foi desenvolvido pela Eurocom e foi a primeira tentativa do marsupial a adentrar o gênero dos “party games”, obtendo um sucesso bem maior que sua segunda tentativa em Crash Boom Bang! para Nintendo DS seis anos mais tarde. Embora não tivesse a variedade de modalidades, minigames e não apresentasse um tabuleiro ou algo do gênero como Mario Party, Bash se destacou por uma série de motivos e inventividade nos poucos estilos de minigames presentes.

O enredo não é nenhum Shakespeare, mas os minigames divertem bastante!
A história do jogo é bem água com açúcar, mas já era de se esperar. Jogos de plataforma não são conhecidos por suas histórias elaboradas então não seria um spin-off de minigames que iria ganhar o Nobel da literatura pelo enredo. Em Bash, Aku Aku e Uka Uka, as máscaras irmãs que atuam como Ying e Yang na franquia, resolvem decidir de uma vez por todas quem é mais forte: o bem ou o mal. Por não poderem se enfrentar diretamente, as entidades concordam em encerrar a dúvida através de uma espécie de olimpíadas, cada time - o bem e o mal - com seus competidores. Como na época vários personagens ainda não existiam o time do bem ficou desfalcado, contando apenas com Crash e Coco enquanto o time do mal contava com Cortex, Brio, Rilla Roo, Koala Kong, Dingodigle e Tiny Tiger. Confiante em sua vitória, Aku Aku concedeu os dois últimos para o time do bem para que as chances ficassem mais equilibradas.

É com essa simples –. mas bem feita –. introdução que o jogador é transportado para uma área de seleção de fases muito semelhante à do Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back: uma plataforma em formato de círculo com portais espalhados ao redor. Sem muita contextualização ou algo entre um jogo e outro, basta entrar nos ditos portais para participar dos minigames e, tal como nos jogos principais, coletar troféus, power crystals, gemas e (eventualmente) relíquias. Em cada conjunto de fases existe um chefe à ser derrotado, mas antes é preciso liberar o combate coletando os já mencionados itens. Após derrotar o chefe, o jogador é levado à uma nova área com, geralmente, mais um tipo de minigame e novas versões dos já avistados em andares anteriores.
A seleção de fases era simples e eficiente!

Modalidades para todos os gostos!

Ballistix: num cruzamento de gol-a-gol com pinball e carrinhos de bate-bate, os quatro jogadores ficavam presos cada um à um lado de um quadrado, podendo se mover somente ao longo de sua aresta. O objetivo era refletir as ondas de bolas de pinball que vêm em direção ao seu gol e acertá-las nos gols dos adversários. Cada bola dentro ia diminuindo um contador de vidas do personagem que, ao chegar a zero, era eliminado e substituído por uma cerca elétrica. O ultimo a sobreviver vencia o desafio.

Pogo Pandemonium: A bordo de pula-pulas (ou pogo-sticks, para ser mais exato), os jogadores precisam pintar quadrados em um tabuleiro quadriculado para marcar pontos. Vale acertar inimigos com mísseis, pintar o chão com bombas e muito mais. Em certas variações era necessário coletar uma caixa para transformar o chão pintado em pontos, em outra era necessário fechar um quadrado e em certa fase o jogador não podia pisar na própria cor ou fazia tudo o que foi pintado desaparecer.

Crate Crush: Feito para os gladiadores do terceiro milênio, aqui quem mandava era a força bruta. Jogando caixas, bombas, atacando e pulando o objetivo aqui era minar a vida dos oponentes até ela se esgotar. Quando a barra ficava completamente vermelha, ele era eliminado da partida e o vencedor era o último que restasse.

Polar Push: Ao bordo de Polar e seus amigos (ou clones?), os jogadores devem tentar empurrar uns aos outros para fora de uma plataforma congelada super escorregadia. Não bastasse a competição, ainda devem ficar atentos à leões marinhos, bombas, bigornas e relâmpagos que ainda podiam atrapalhar os jogadores.

Tank Wars: A bordo de tanques com os mais variados arsenais (que dependem do personagem que você escolheu), os jogadores devem utilizar-se de minas terrestres ou seus projéteis para derrotar os adversários. Quando a vida se esgotava, o tanque explodia e era adeus para o jogador. Felizmente, Wumpa-Fruits estavam presentes para recuperar a vida dos necessitados.

Crash Dash: Como um mini-throwback de Crash Team Racing, os jogadores devem competir dando voltas em mini-pistas (em geral circulares). O contador de voltas ao lado do ícone do personagem era diminuído a cada vez que se passava pela linha de chegada e o primeiro a alcançar o zero vencia o desafio. Wumpa Fruit eram utilizadas como turbos, uteis não só para aumentar a velocidade mas também para empurrar os oponentes para fora da pista.


Medieval Mayhem: O mais aleatório de todos, como o nome sugere é uma loucura imprevisivel e é algo medieval. As modalidades incluem lançamento de jóias em um alvo móvel enquanto monta um dragão, coleta de balões coloridos e esmagar cogumelos com um martelo (seria esse ultimo uma alfinetada no Mario?).

Diversão atemporal e novos padrões para o gênero

Crash Bash veio pra mostrar que não é necessário seguir padrões que fizeram sucesso em um gênero para se dar bem. Enquanto várias empresas tentaram imitar o estilo de tabuleiro de Mario Party e falharam epicamente por criarem jogos parados demais ou com vários minigames sem inspiração alguma, Bash seguiu por um outro caminho. Com seu (ainda que simples) modo história e sete estilos de minigames diferentes, conseguiu receber notas boas pela critica especializada na época e até hoje ainda se trata de um dos meus jogos favoritos do gênero.
A necessidade de adquirir cinco vitórias no mesmo minigame criava uma certa repetitividade, mas o excelente multiplayer fazia com que todos relevassem esse problema.
O estilo nonsense da franquia aliado à um excelente multiplayer (até mais frenético que Mario Party e tão “destruidor de amizades” quanto Mario Kart) e a ótima inclusão de chefões (algo não muito comum no gênero) foram as cerejas no topo do delicioso bolo que Crash Bash é. Infelizmente seu lançamento no final da vida do PlayStation impedu que muitas pessoas o apreciassem. Pra piorar a situação, o mesmo só se encontra disponível para download na PSN do japão, então se você nunca experimentou essa pérola ou tem vontade de relembra os tempos de glória dessa bandicota, terá que se coçar para poder enfrentar esses caóticos minigames.
Crash Bash foi um excelente jogo, mas, com o Crash desaparecido e o fracasso da sua sequência espiritual (o Boom Bang), as chances de vermos uma outra aventura insanamente divertida como esta são escassas...

Revisão: José Carlos Alves
Capa: Diego Miguéis


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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