Blast from the Past

Blast from the Past: Digimon World (PS)

Se você nunca ouviu falar ou não sabe o que é um digimon, pare, levante e vá recuperar sua infância. Brincadeiras à parte, ou não , o fato... (por Unknown em 13/07/2012, via PlayStation Blast)

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Se você nunca ouviu falar ou não sabe o que é um digimon, pare, levante e vá recuperar sua infância. Brincadeiras à parte, ou não, o fato é que muitos jogos pegaram carona no sucesso do desenho. Um deles é o clássico Digimon World que foi a primeira adaptação da franquia para o bom e velho PlayStation. Vai dizer que, ao ver essa imagem, não bateu aquela nostalgia de quando você passava horas cuidando do seu monstrinho? Relembre com a gente alguns momentos desse game e suas mecânicas um tanto quanto peculiares.

Garanto que todo fã de verdade aguentava as baboseiras diárias da Angélica apenas para ver o seu desenho favorito. Ao menos para mim, Digimon era um desses. Sempre achei a série muito bacana e os personagens interessantes – Matt/Yamato e Gabumon que o digam.

Eis que em 1999 (2000 por aqui) a Bandai resolve lançar Digimon World, adaptando a série de TV para os games. A minha empolgação foi às alturas quando vi uma reportagem sobre isso. Nem preciso dizer que foi compra garantida.

Como toda criança, me deixei levar pelo trailer e imaginei um jogo totalmente diferente, mas confesso que não foi decepcionante ver que no game não era assim. Só de poder ver os digimons em 3D já valia a pena.

Preso no Digimundo

A história pega um gancho na trama do desenho, mas aqui você segue apenas o personagem Hiro, um garoto viciado em um jogo similar ao clássico Tamagotchis, mas com digimons. Após chegar em casa, o garoto é sugado por seu aparelho e vai parar na cidade de File City, onde é recebido por Jijimon e seus amigos.

Digimon World

Lá você fica sabendo que o mundo digital está com problemas e que digimons pacíficos estão se transformando em criaturas más e violentas. Jijimon pede sua ajuda, entregando a você um digimon inicial e o encarregando da tarefa de salvar File World.

Machinedramon_b

Até aí tudo bem, mas o desenvolvimento da história era muito confuso. Dependendo do digimon que você derrotasse, ele iria para a cidade e abriria uma loja, mas não havia necessariamente uma ordem para os eventos. Ao cumprir determinados objetivos, novas localidades eram desbloqueadas. Isso sem falar na inserção do vilão Analogman, que queria escravizar os digimons por considerá-los inferiores. É um turbilhão de informações e deveres desconexos. De fato, a única parte que é realmente memorável é a batalha contra o Machinedramon do adversário. Trama confusa e inimigo clichê chegam ao auge aqui.

Pode parecer contraditório, mas não é. A linearidade também é um fator positivo para o game, pois ela nos permite fazer o que der na telha logo no início da aventura. O ponto ruim é que muitos jogadores ficam perdidos e sem saber o que fazer, por outro lado, o sentimento de exploração é muito gratificante, ainda mais acompanhado do seu parceiro digimon.

“Digi-nanny”

Sim. Tal como o nome acima, você encarna uma verdadeira babá digital. É preciso cuidar de seu digimon de todas as formas possíveis: treinar sua inteligência, fazer exercícios, carinho, dar comida e até mesmo levar o bichinho para fazer suas necessidades. Pode parecer um capricho, mas não é. A o forma como seu bichinho digivolve está diretamente relacionada ao modo como você o treinou.

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Treinar arduamente e com seriedade talvez recompense você com um Metal Greymon ou um Mega Seadramon. Ser descuidado, avacalhar nos treinos e deixar o seu monstro triste não vai lhe render mais do que um Sukamon ou Numemon. Para quem estava acostumado ao desenho, o sistema de evolução é meio frustrante, mas raramente os games seguem as linhas digievolutivas. Outro ponto é que os digimons vêm com um “prazo de validade”, visto que após um tempo eles morrem e você tem que recomeçar todo o treinamento. Como eu disse, é muito injusto por um lado, mas por outro lhe permite jogar com todas as criaturas do game.

E o jogo conta com um bom número delas. São muitos digimons para treinar e descobrir habilidades. Quem curte o desenho sabe que são oito digimons iniciais, mas aqui você pode escolher apenas alguns deles. Propaganda meio enganosa da Bandai, pois na capa da edição japonesa do jogo todos os digiescolhidos e seus parceiros estão presentes, dando a impressão de estarem disponíveis.

O “esmaga botões” que não funciona…

Ao percorrer o mapa, você encontra inúmeros digimaus, e pode enfrentá-los ou correr deles. Para ser sincero é muito melhor apenas fugir e ir desbravando o cenário do que ficar e encarar o inimigo. As batalhas são importantes, afinal de contas, são elas também as responsáveis por deixar seu parceiro mais forte. No entanto, elas são absurdamente sem sentido e nada empolgantes.

Vou resumir para vocês: você encontra um digimon e decide lutar com ele. Os dois tomam posição e…Começa a luta mais estranha que já vi nas adaptações. Simplesmente não faz sentido nenhum: o seu único trabalho é ficar apertando os botões referentes a alguma ordem e esperar que milagrosamente o seu digimon a siga. É uma verdadeira roleta-russa para saber quem ganha.

Trocando em miúdos, você não possui controle nenhum sobre o seu digimon. Como eu disse, o máximo que você pode fazer é ficar gritando alguns comandos de ataque e defesa e torcer para que o bichinho “ouça”. Mas eis o X da questão: ouvir não dá garantia de que o ataque vai acontecer. Ao mandar atacar, ele fica parado; ao mandar defender, ele ataca. Não é para menos que, em muitas vezes, você vai perder para um inimigo dez vezes mais fraco. Como eu disse, é frustrante.

Sem falar no fato de que a grande maioria desses ataques – alguns especiais, que atordoam, são mais fortes etc. – nem sequer estão disponíveis no início, sendo preciso um treino árduo para consegui-los.

Confusões à parte, um ponto positivo é o sistema de fraquezas, e isso realmente adiciona um fator de estratégia às partidas. O elemento do digimon influencia, e muito, na hora de lutar. Aquele clássico esquema presente em muitos RPGs: se você tiver um digimon com propriedades elementais do fogo, será muito eficiente contra planta e gelo, mas leva desvantagem contra água. No fim das contas, é preciso estar preparado para as mais diversas ocasoões.

Tudo era melhor quando eu era criança

Enfim, o jogo apresenta um círculo vicioso extremamente frustrante: treinar digimon, sofrer para ensinar golpes e torcer para uma boa evolução, tentar tirar a sorte grande nas batalhas, perder o digimon e começar tudo de novo. Mas acredito que quem era fã na época não se importava com isso.

É, meus amigos, os jogos pareciam mais divertidos quando eu era moleque. Ou será que eu é que fiquei chato? Não sei, talvez os dois. O fato é que Digimon World apresenta inúmeros defeitos que eu nem sequer me dava conta quando jogava, 12 anos atrás. Mas também, quem se importa? Tudo o que eu queria era chegar da aula, ligar o console e ficar horas vagando pelo digmundo, me imaginando por lá.

Revisão: Felipe Biavo


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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