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Análise: The House of the Dead: Overkill - Extended Cut (PS3)

Antes de começar o jogo tire sua mãe da sala. Agora, prepare-se para muito sangue, pedaços de corpos voando pela tela, cabeças estourando,... (por Alberto Canen em 31/10/2012, via PlayStation Blast)

Antes de começar o jogo tire sua mãe da sala. Agora, prepare-se para muito sangue, pedaços de corpos voando pela tela, cabeças estourando, palavras de baixo calão, gritos, grunhidos e muitos zumbis/mutantes querendo transformá-lo na próxima refeição. Tudo isso ambientado em um cenário bem trash de filmes "B", que são parodiados no jogo do começo ao fim. Você que gosta de apontar sua arma (PS Move) para a tela da TV, sem precisar controlar o personagem de um lado para o outro (on rails), apenas se preocupando em detonar um monte de mortos-vivos, vai gostar de encarar Overkill, que é o melhor lançamento da franquia The House of the Dead. O título, que antes era exclusivo para o Nintendo Wii, chega ao PS3 bem mais robusto e com diversos extras.

De volta à Grindhouse

Grindhouse foi o apelido dado às salas de cinema dos Estados Unidos que passavam os mal produzidos filmes "B", principalmente nas décadas de 60/70. Mas não é necessário ir tão longe para assistir a uma produção dessas. O próprio Quentin Tarantino, fanático por cinema, digamos, alternativo, juntamente com Robert Rodriguez, produziu um filme como homenagem a essa tendência cultural da época. O longa-metragem em questão, chamado Grindhouse, é dividido em duas histórias: Planet Terror (dirigida por Rodriguez) e Death Proof (dirigida por Tarantino).


É justamente por esse tipo de filme que Overkill foi inspirado, e isso não é um ponto negativo, pois o jogo ficou bem feito. Para criar o clima, o visual se parece com o dos filmes antigos de baixa qualidade, o que nos dá a impressão de estar assistindo tudo a partir de um rolo de filme velho e gasto, mas isso foi feito de forma proposital para criar o clima que os desenvolvedores planejaram para o game. A história também mantém o mesmo padrão do cinema: é bem tosca, cheia de estereótipos e de tão grosseira acaba ficando muito engraçada.

A casa dos mortos

Overkill conta os eventos ocorridos antes do primeiro jogo da série de arcade The House of the Dead, da SEGA - é mais um resultado daquela ideia de contar uma história e depois mostrar o que veio antes. De qualquer forma, ainda temos como protagonista o já conhecido pelos fãs, Agent G, que está em sua primeira missão após sair da academia da agência secreta internacional AMS. Os acontecimentos que decorrem disso o levam a encontrar e fazer parceria com o debochado detetive Washington, que adora abusar da palavra f**k e das suas variações. Os dois formam uma daquelas duplas improváveis, mas que acabam dando certo. De fato, a interação entre eles é bem divertida, o que nos rende várias cutscenes engraçadas.

O local da trama é Bayou City, uma pequena cidade do interior, comandada na maior parte por donos de plantações e pelo criminoso, e vilão da história, Papa Caesar, um cientista maluco − algo que não poderia faltar nessa história tão estereotipada. Posto isso, podemos dizer que tudo na história gira em volta de quatro personagens principais:

Agent "G", Varla Guns, Candy Stryper e Isaac Washington
  • Chamado apenas de "G", é inexperiente (ao menos nesse jogo), mas altamente treinado e mortal. Ele se graduou como primeiro da sua classe na academia AMS. Suas investigações pessoais sobre o sumiço de uma série de pessoas o levaram até a porta de Papa Caesar.
  • Beberrão e mulherengo, Isaac Washington é um policial local de Bayou City que não gosta de obedecer às regras. Investigando a morte de seu pai, também policial, ele vai parar na mansão do criminoso cientista maluco Papa Caesar, onde ele se encontra com o agente ¨G¨.
  • A mais atraente stripper de Bayou City, Varla Guns é irmã do gênio cientista Jasper Guns, que acabou morto pelas ações malignas, mais uma vez, de Papa Caesar. Ela se junta mais a frente na história à dupla inicial, em busca de vingança pela morte do irmão.
  • Candy Stryper é a personagem nova acrescentada à versão estendida do PS3, que participa do jogo em duas fases completamente inéditas. Ela trabalhava no mesmo estabelecimento que Varla Guns e resolve se juntar a ela após saber da morte de seu amante: o Dr. Jasper Guns, irmão de Varla.
  • Finalmente, o famigerado médico louco Papa Caesar, que forçou o irmão de Varla a criar um estranho componente com poderes mutantes que ele usa, com a ajuda do criminoso local Warden, para transformar os inocentes habitantes de Bayou City em zumbis (teoricamente são mutantes, mas são iguais a zumbis).

Diversão nos trilhos

Nem todo mundo gosta do estilo on rails, que é aquele em que não controlamos para onde o personagem vai e ficamos à mercê do jogo, que nos leva de ação para ação através do cenário. É assim mesmo: uns odeiam, outros adoram. A maior vantagem de jogos desse gênero é a acessibilidade. não é necessário "que saibamos jogar" para encarar esse tipo de game. Seja como for, é um prato cheio de diversão garantida, principalmente em modo cooperativo, no qual podemos contar com a ajuda de um amigo para detonar a horda de zumbis bizarros. Não é necessário pensar muito no que fazer, mas é bom que fiquemos espertos para que a munição não acabe e tenhamos que recarregar numa situação desfavorável. Por isso, muitos headshots são uma boa pedida, pois além de tudo eles nos garantem mais dinheiro para comprar armas melhores.


O modo de história é muito fácil de terminar. Mesmo os chefes não oferecem muito perigo, ainda mais se tivermos a ajuda de um amigo, que por sinal pode entrar a qualquer momento do jogo. A coisa melhora muito em termos de desafio depois do final da história, quando o modo Director´s Cut é liberado, com suas fases mais longas e mais zumbis. Mesmo jogando em dupla, talvez precisemos usar uns continues, que só são limitados nesse novo modo - no primeiro, podemos morrer à vontade e voltar na mesma cena, sem modificar coisa alguma.


É uma pena que os gráficos não sejam tão bem trabalhados. Mesmo que o humor e bizarrices façam parte da proposta, faltou um pouco mais de capricho - em algumas partes os acessórios desaparecem e reaparecem na mesma cena. Fora que vira e mexe tem uma queda de frame rate (taxa de quadros por segundo), principalmente quando a tela se move. Esses problemas também são encontrados na versão do Wii, mas ao refazer os gráficos para alta definição, o mínimo que se esperava é que ficassem melhores que o do console da Nintendo, o que não aconteceu. Quase não dá para diferenciá-los. Ao menos no PS3 foi acrescentada a opção 3D (para TVs com esse recurso), o que ajuda a criar a imersão, graças à impressão de que os monstros estão realmente vindo até você.


A jogabilidade não influi muito na geração dos pontos principais de um veredito sobre esse jogo. Ela não tem nada de muito especial e em suma resume-se a apontar o PS Move para a tela, mexer as miras para os alvos e atirar. Dependendo da distância do jogador podem acontecer pequenos lapsos na mira que geram problemas de precisão, mas se o controle for bem calibrado e o jogador estiver a uma distância razoável, não haverá grandes empecilhos para acertar o que estiver na tela. Existe a opção de usar o controle DualShock do PS3 para controlar a mira, mas aí o jogo fica bem chato e sem graça, além de o cursor ficar muito lento para conseguir acertar os itens e monstros mais rápidos. Logo, se você não tiver o controle de movimento da Sony, melhor nem se aventurar nesse título.

A trilha sonora é muito boa mesmo, bem estilo vintage, com temas mudando a cada nova fase, músicas engraçadas e com muitos palavrões também. Vários riffs de guitarra vão agradar a muitos e acrescentar um clima ainda mais retrô à jogatina. A dublagem dos personagens, que têm personalidades distintas e marcantes, também é bem feita, com falas muito divertidas, inclusive as oriundas do dramático narrador da história.
Outra pedida muito bacana são os minigames, aonde até quatro jogadores podem participar ao mesmo tempo da luta contra monstros mutantes, e claro, quanto mais gente melhor. São três opções:
  • Money Shoot II: um verdadeiro parque de diversões retrô, onde se deve simplesmente atirar contra os alvos e desviar de bombas.
  • Staying Alive: os participantes devem sobreviver ao ataque de dezenas de zumbis pelo máximo de tempo que puderem.
  • Victim Support: vítimas desprotegidas estão sendo atacadas pelos mutantes e os jogadores, que não podem ser alcançados pelos monstros por estarem a uma distância confortável, devem tentar proteger a todos.

O mais profano da história

Em março de 2009, The House of the Dead: Overkill (Wii) foi o primeiro jogo a receber o prêmio por bater o recorde de palavrões num mesmo jogo. A condecoração foi dada pela versão Game do Guinness Book. 189... Este é o número de vezes que a palavra f**k (rima com pato em inglês) foi repetida, em suas mais diversas variações. Isso equivale a mais de uma repetição por minuto nas três horas de diálogo. Cerca de 3% de tudo que foi dito no game. Provavelmente 90% saiu da boca do Detetive Washington, que deve falar uns três f**k a cada cinco palavras. E ainda tem gente que acha que videogame é coisa apenas de criança (!). Mas como a intenção dos produtores foi justamente fazer uma paródia com os filmes ¨B¨, que também não pegam leve na linguagem, manter essa quantidade de palavrões foi a pedida mais certa.

Tirando a poeira do PS Move

O PlayStation Move é um excelente acessório, mas sofre pela ausência de jogos que façam bom uso dele. O estilo de tiro on rails é um dos que mais combina com esse tipo de controle de movimento, mas poucos títulos originais foram lançados para aproveitar esse gênero. The House of the Dead: Overkill apareceu como uma ótima alternativa para aqueles que curtem apontar para a tela e atirar sem maiores preocupações. O jogo realmente tem alguns defeitos e poderia ter sido muito melhor portado para o PS3, mas mesmo não sendo um jogo original, ainda é uma das melhores opções de games para curtir com o seu PS Move.

Prós

  • Criativo. A ideia de fazer uma paródia dos filmes "B" ficou bem engraçada;
  • Personagens marcantes e com personalidade própria, que fazem você torcer por eles e entrar de cabeça na história;
  • Opção 3D (exige TV com esse recurso), que garante mais imersão na jogatina;
  • Vale o replay, pois é ótimo ficar atirando em zumbis e coletando os itens que aparecem rapidamente nas cenas de ação durante o jogo;
  • Músicas bem feitas, engraçadas, com riffs de guitarra que te deixam no clima do jogo;
  • Modo cooperativo, no qual um segundo jogador pode entrar a qualquer momento na jogatina;
  • Minigames divertidos para até quatro jogadores ao mesmo tempo.

Contras

  • Gráficos pouco caprichados;
  • Problemas de frame rate, que podem atrapalhar a ação;
  • Fácil demais. Faltou um nível mais difícil, além do Director's Cut, para o pessoal mais hardcore.
The House of the Dead: Overkill – PlayStation 3 – Nota Final: 7.5
Visual: 6.0 | Som: 8.5 | Jogabilidade: 7.5 | Diversão: 8.5
Revisão: Samuel Coelho

é formado em Direito pela UFRN. Joga videogame desde os tempos do Atari e sempre acompanha as novidades na indústria de jogos. Está no Facebook e no Twitter.

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