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Análise: Uncharted: Golden Abyss (PSVita)

Nathan Drake está de volta! A mais nova estrelinha da Sony é uma aposta que infelizmente não alavancou as vendas do PSVita. Obviamente, Un... (por Unknown em 11/10/2012, via PlayStation Blast)

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Nathan Drake está de volta! A mais nova estrelinha da Sony é uma aposta que infelizmente não alavancou as vendas do PSVita. Obviamente, Uncharted: Golden Abyss não pode ser considerado o culpado. O jogo faz jus aos seus antecessores e mostra claramente que o portátil não está de brincadeira. Com gráficos lindos e uma jogabilidade sensacional, ainda que apresente problemas consideráveis, ele é compra obrigatória para todos os fãs. Mas, afinal, por que essa série conquistou milhões de admiradores pelo mundo? Descubra conferindo a nossa análise.

Uncharted: Golden Abyss é importante por dois motivos: é indispensável para os fãs da série e mostrou o potencial gráfico do PSVita.

Confesso que fiquei de boca aberta quando vi o trailer. Gráficos dessa qualidade em um portátil é algo nunca antes visto na história da indústria. Mesmo não estando nas mãos da nossa queridinha Naughty Dog, o jogo realmente prometia muito.

É perigoso mexer na fórmula da maneira errada

Como em time que está ganhando não se mexe, o roteiro aqui possui uma estrutura quase idêntica à dos games de PS3: um amigo que precisa de ajuda, uma grande descoberta a ser feita (que obviamente levará o personagem a uma civilização esquecida), um inimigo que deseja tudo e, claro, uma bela garota à sua espera. Apesar do clichê chegar ao seu auge em jogos desse tipo, nada impede que eles sejam divertidos.

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Dessa vez é um homem chamado Jason Dante que precisa dos serviços de Drake para desvendar um mistério na América Central. Alguns símbolos estranhos precisam ser decifrados e isso é só a ponta do iceberg no que diz respeito aos segredos da região. Ao lado de Marisa Chase, que procura por seu avô desaparecido, somos levados a descobertas fantásticas que fazem parte da mitologia da série.

Porém, apesar do roteiro ter a mesma estrutura, a composição é muito diferente. Todo gamer sabe que a franquia Uncharted é amada por seus personagens e pelos enredos. A jogabilidade sempre ficou em terceiro plano, e também nunca foi alvo de críticas excessivas. O que funcionou no primeiro game foi mantido nos outros. Porém, a Bend Studio sabia que essa receita não funcionaria no Vita, ainda mais com todas as funcionalidades apresentadas e os jogadores sedentos para vê-las em prática. Dessa forma houve uma inversão, a jogabilidade foi priorizada em detrimento de uma boa história e de bons personagens.

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Para quem estava acostumado com reviravoltas épicas na trilogia do PS3, vai ficar chupando dedo. Apesar dos acontecimentos serem anteriores ao primeiro jogo da série, a trama toda ficou um pouco confusa em meio a tantos pedidos de ajuda. Os personagens, apesar de serem até carismáticos, não convencem muito. Ao final da jogatina, eu não tinha, nem de longe, o mesmo carinho por Dante e Marisa como eu tinha por Sully e Elena.

Apenas um Nathan menos cuidadoso e sem juízo não é  suficiente para salvar os buracos deixados pela falta de carisma dos seus companheiros. No que diz respeito ao explorador em particular, fica nítido o trabalho magnífico feito pela Naughty Dog. Nathan Drake já é um personagem que possui vida própria, não precisando de muito esforço para adaptá-lo em outras produções.

É realmente uma pena que, sem personagens convincentes, o jogo deixe de ser épico para ser apenas uma adaptação.

Desperte o aventureiro interior

Como eu disse, alguns aspectos foram mantidos na jogabilidade. Porém, dessa vez você tem que fazer muito mais do que simplesmente resolver puzzles e coletar segredos. É preciso literalmente botar a mão na massa e trabalhar duro: juntar pedacinhos de papel para formar um mapa, limpar a sujeira de objetos e tirar fotografias são a cereja do bolo. Não é nada ultra inovador, mas cumpre o que promete: é divertido. Na verdade, funcionou tão bem e a imersão é tão notável que você realmente começa a se sentir como um aventureiro.

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Até mesmo o Nathan está parecendo mais com um explorador nesse game. Pode parecer pífio, mas não é; a mochila faz toda a diferença. É como se o personagem estivesse realmente interessado em pesquisar a história das civilizações perdidas. Em alguns pontos bem particulares, como nesse quesito da imersão, a aventura de bolso é superior às do seu irmão mais velho.

No fundo a jogabilidade é praticamente a mesma dos consoles. Você vai pular muito, escalar muito e praticamente adivinhar algumas cenas. Isso porque, como eu disse antes, o roteiro ficou um pouco raso e repetitivo demais. O esquema é sempre o mesmo: explorar o local, escalar, atirar, ver as cenas de diálogo e se preparar para fazer tudo de novo. Apesar disso, as funcionalidades táteis adicionam um brilho maior ao jogo, principalmente para descobrir os segredos.

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Não conseguiu pegar todos os segredos do jogo? Sem problemas, a produtora resolveu ajudar os menos atentos e disponibilizou um “Mercado Negro” onde é possível trocar objetos, cartas, pedras preciosas e moedas com outros jogadores. Tudo isso feito pela funcionalidade Near do portátil. Mas como todo fã que é fã nunca está satisfeito, isso não compensa a mancada de não terem feito um modo multiplayer.

Infelizmente, se há um ponto negativo na jogabilidade, é a falta de inteligência artificial dos inimigos. Morrer em um tiroteio é praticamente impossível, pois os inimigos são, literalmente, aqueles figurantes em filmes de ação que descarregam trocentas balas e não acertam nem um King Kong. É simplesmente ridículo.

Absurdamente bonito

É óbvio que ninguém esperava uma qualidade gráfica semelhante à de Uncharted 3, mas o fato é que o Vita deixou todos os céticos de boca aberta. As paisagens são simplesmente magníficas. Sem sombras de dúvidas, é um dos jogos mais bonitos que já vi em um portátil.

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O problema é que a equipe criativa do jogo não soube aproveitar muito bem os cenários. É perfeitamente normal você ficar nauseado com tanto verde. Poderiam ter explorado mais a floresta, dando destaque para ruínas ou áreas montanhosas. Não me entendam mal, o design dos cenários é realmente espetacular, mas como é sempre o mesmo ambiente, chega um momento onde você deixa de se surpreender e deixa de prestar atenção.

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Os personagens também estão muito bem trabalhados, equiparando-se aos do primeiro jogo lançado no PS3. O destaque fica sempre para a ótima dublagem, com vozes perfeitamente adaptadas para os modelos. Apesar de não tão bom quanto os consoles, o conjunto final desses aspectos é bem competente.

Obrigatório

Apesar de todos os pequenos problemas, e de não ter sido suficiente para salvar as vendas do Vita, Uncharted: Golden Abyss é indispensável para qualquer fã da série. Arrisco mais, obrigatório para qualquer dono do portátil. Ao lado de Gravity Rush, Little Big Planet e Rayman Origins, ele faz parte da leva dos poucos jogos que realmente valem o esforço, seu tempo e dinheiro.

Prós

  • Visual fantástico;
  • Mecânica inovadora e bem adaptada;
  • Exploração divertida;
  • Obrigatório para os donos do Vita.

Contras

  • A história deixou um pouco a desejar;
  • Falta carisma nos personagens;
  • Ausência de multiplayer;
  • Inteligência artificial medíocre.

Uncharted: Golden Abyss – PlayStation Vita – Nota Final: 8.0

Visual: 10  |  Som: 8.0  |  Jogabilidade: 7.0  |  Diversão: 8.0

Revisão: José Carlos Alves


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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