Blast from the Past

Relembre as viagens por sonhos e pesadelos em Alundra (PS)

A quinta geração dos games recebeu diversos títulos de peso, entre eles podemos citar um certo jogo de um menino de orelhas pontudas e ... (por Ok em 21/09/2013, via PlayStation Blast)


A quinta geração dos games recebeu diversos títulos de peso, entre eles podemos citar um certo jogo de um menino de orelhas pontudas e espada na mão que percorre por um mundo que vai se revelando conforme seu progresso, um game de ação e aventura repleto de elementos de RPG, mas ainda mantendo o estilo de plataforma em suas raízes. Não, caro leitor, este não é o Nintendo Blast, e não estamos falando de Link.

A Lenda de Alundra

Hyrule? Não mesmo.
Se houve um game que me chamou a atenção, não somente por suas altas doses de desafios embutidos em uma trama razoavelmente clichê, mas também por sua jogabilidade e estilo, este é Alundra. O game é extremamente semelhante a um clássico The Legend of Zelda, sobretudo A Link to the Past, e não estou me referindo somente aos pontos já citados no primeiro parágrafo.

Os gráficos são visualmente superiores aos do Super Nintendo, mas é claro que estamos falando de gerações diferentes, e o estilo só não é mais semelhante porque o título traz um visual mais próximo dos animes, enquanto Zelda é mais cartunesco. Ainda assim, prepare-se para cortar todos os montes de grama que encontrar, e invadir casas apenas para quebrar vasos em busca de mais dinheiro.

Mas Alundra pode pular.

Há até a transição entre dois mundos, apenas com o adendo de que, neste caso, o protagonista, que dá nome ao jogo, possui o poder de entrar nos sonhos e pesadelos das pessoas. De modo geral, Alundra contém todos os elementos que um bom The Legend of Zelda teria, e tem tudo para conquistar os fãs da franquia da Nintendo, apenas com um tom mais sombrio.

Uma conexão entre os mundos

Ao iniciar o game, Alundra, o protagonista, encontra-se a bordo de um navio. Quando uma terrível tempestade o sacode, a embarcação naufraga, deixando apenas um sobrevivente. Alundra é levado até a vila de Inoa, onde é encontrado por Jess, que passa a atuar como seu auxiliador, inclusive lhe oferecendo um abrigo e um diário para guardar suas recordações.

Nos sonhos de Alundra, uma figura fantasmagórica lhe revela que ele é o "Liberador" (tradução direta de "Releaser"), cuja missão é livrar o mundo presente das garras de Melzas, um terrível ser que pretende se materializar no mundo real e espalhar seu reino de caos e desordem. Para tal, o rapaz deve primeiramente ajudar os habitantes da vila, que vêm sofrendo com uma terrível maldição que lhes causa pesadelos.

"Contemple, Liberador!"

Como Alundra é capaz de entrar no mundo dos sonhos, ele se torna o único na vila capaz de ajudar os cidadãos, o que, de uma maneira ou de outra, acaba influenciando nos planos de Melzas. É claro que uma grande conspiração se inicia no meio, e alguns habitantes da vila começam a vê-lo não como salvador, mas como causador de todo aquele mal, e por aí a história vai se desenrolando, com direito à reaparição do antigo capitão do navio naufragado, e de uma nova visitante ao vilarejo - Meia, pertencente à mesma raça do protagonista e, portanto, possuidora de habilidades semelhantes às do rapaz - além da morte de muitos personagens, o que traz um tom ainda mais obscuro à trama.

Oráculo dos quebra-cabeças

É claro que, se o game fosse simplesmente mais um título de ação, semelhante a tantos outros já existentes, ele não teria a mesma graça. Talvez pensando nisso os desenvolvedores acrescentaram nele doses generosas de quebra-cabeças dos mais desafiadores. Se alguns farão apenas o jogador olhar para a tela e pensar um pouco antes de resolver, alguns são um pouco mais cruéis.

Consegue chegar ao topo?

Imagine uma sala onde você deve conduzir o personagem através de diversos buracos, fazendo-o saltar por cima deles rápido o bastante para fazê-lo passar por baixo de uma plataforma cadente, somando a isso o fato de que qualquer queda o fará parar em uma sala cheia de monstros sedentos por sangue e recomeçar todo o desafio - e este não é nem de longe o mais difícil do game. É disso que o jogo se trata, e é exatamente isso que não vai te fazer largar o joystick até que você tenha completado todos os desafios.

E não pense que há um checkpoint em cada esquina: o que nós temos aqui é um dos melhores exemplos dos desafios hardcore do passado. E nem por isso o game é raso, curto e malconstruído, uma das desculpas mais utilizadas por desenvolvedores que simplesmente não colocam a dose certa de desafios ou profundidade em seus jogos.

Orquestra do tempo

Mas se tem um fator que destaca Alundra dos demais games de ação é sua trilha sonora. Se os efeitos sonoros não são tão variados e as músicas são compostas em um formato herdado da geração anterior, isso tudo é compensado pelas impressionantes composições de Kōhei Tanaka e Kevin McClintock, em especial as músicas tema da floresta de Inoa e do mundo dos sonhos.

Imagine melodias capazes de lhe transmitir ares de grandiosidade, euforia, medo, tristeza, mistério, intrigas... Agora imagine estas músicas compostas em midi. Pois é exatamente o que temos em Alundra. Se você ainda não teve a oportunidade de jogar este incrível game do passado, saiba que apenas a parte sonora já é motivo o bastante para adquirir uma cópia do game. 

E ainda uma abertura no melhor estilo anime que te faz
desejar que o game tenha cutscenes nesse formato.

Por mais que a maior parte, senão todo o seu conteúdo pareça ter saído de um Super Nintendo, Alundra faz bonito frente a muitos títulos que se utilizam de gráficos 3D e músicas com instrumentos reais. Aproveite, então, que o game está disponível na coletânea PS Classics e nos conte todas as suas experiências de jogo para ajudar a complementar este artigo.

Revisão: Catarine Aurora
Capa: Diego Migueis

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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