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Análise: Battlefield 4 traz o horror da guerra de volta ao PS3

Para o bem ou para o mal, Battlefield é uma das franquias mais marcantes da geração que está se encerrando. A nova edição do simulador de ... (por Thomas Schulze em 01/02/2014, via PlayStation Blast)

Para o bem ou para o mal, Battlefield é uma das franquias mais marcantes da geração que está se encerrando. A nova edição do simulador de guerra da DICE chega aos nossos lares com uma baita reputação a zelar e como referência em excelência no combate online.

Afinal, já se foi o tempo em que a Activision reinava soberana e incontestavelmente entre os jogadores de FPS com seu Call of Duty. Hoje Battlefield possui uma enorme legião de fãs e seguidores fervorosos, que aguardam ansiosamente a sua chance de entrar em combate. Mas será que Battlefield 4 corresponde às expectativas de seus leais soldados?

Nova engine, velhos controles

Você já conhece o esquema e ninguém está a fim de reinventar a roda: visão em primeira pessoa, controles muito bem calibrados, efeitos sonoros top de linha, uma guerra completamente imersiva e um multiplayer capaz de sugar todas as horas livres da sua semana. Ufa. Esse é o mesmo bom e velho Battlefield que tanto amamos! Então, se você é um fã de longa data, nem precisa terminar de ler esse review, pode comprar o jogo sem medo. Sério, vai lá, pode ir na boa, não tem risco algum!



Afinal, a grande novidade da vez e a maior promessa da DICE para a quarta edição do game era a novíssima engine Frostbite 3, capaz de criar ambientes ainda mais realistas, partículas reluzentes e uma resolução bem mais alta. Mas, verdade seja dita, a não ser que você seja incrivelmente obcecado por gráficos, a ponto de reparar nos menores pixels, mal dá pra notar que se trata de uma nova engine. Não que isso seja exatamente um demérito, já que nem Battlefield 3 chega perto de poder ser chamado de um jogo feio, mas Battlefield 4, mesmo com sua nova engine, deixa claro que o cansado hardware do PS3 já rendeu tudo que tinha para render, então você só vai notar algum avanço real nessa área se jogar no todo-poderoso PlayStation 4.

Como o modo coop acabou dividindo bastante os jogadores e a imprensa no título anterior, a DICE acabou preferindo omitir completamente essa forma de jogar em Battlefield 4. Tudo para poder dedicar ainda mais tempo e esforço para lapidar a campanha single player e o sempre aclamado multiplayer de sua série de guerra. Mas basta jogar um pouco da campanha para notar que nada mudou por lá. E isso, sim, é um demérito.

Um mundo sem brilho

A história da campanha principal se passa em 2020, seis anos depois dos eventos vistos em Battlefield 3. A tensão entre a Rússia e os Estados Unidos está mais alta do que nunca e, para completar, o almirante chinês Chang planeja um golpe de estado para, depois, aniquilar os EUA. É claro que nossos amigos americanos não deixariam essa tramóia passar impune, então cabe a você e ao sargento Daniel Recker acabar com essa treta toda.



Como missão dada é missão cumprida, Recker conta com a juda de aliados valiosos em sua missão: o líder de esquadrão William Dunn, o segundo em comando Kimble “Irish” Graves e o médico de campo Clayton “Pac” Pakowski. Mas logo cedo na campanha também entram para o time o membro da CIA Laszlo Kovic (nosso velho amigo “Agent W” de Battlefield 3) e a agente do serviço secreto chinês Huang “Hannah” Shuyi.

O primeiro grande problema da história é que, apesar do elenco inchado com toda essa galera, é bem difícil conseguir nutrir um pingo de simpatia por qualquer personagem, já que eles só sabem vomitar dados burocráticos, constatações óbvias e frases de efeito meia boca. Ao menos em português as coisas melhoram um pouco, pois, se a dublagem dos atores famosos não chega a brilhar, ao menos ela é bem competente e pode te fazer rir se você é daqueles que gostam de jogos que têm palavrão pra c@&$*%# nessa m&$#@.

Os objetivos das fases são medíocres, não há um pingo de variedade ou uma ideia sequer que não tenha sido vista antes e realizada melhor em outros jogos do gênero. Após trinta minutos a história deixa de fazer sentido e nem mesmo o mais ardoroso fã da série conseguirá ter interesse em acompanhar as intrigas políticas propostas pelo roteiro da aventura. Enfim, como de praxe na série, completar a campanha não serve para nada além de treiná-lo para o multiplayer. É um sofrimento e tanto mas, felizmente, não é um sofrimento longo, já que em 6 ou 7 horas você termina a aventura e pode partir para o que realmente importa, o multiplayer.


A melhor guerra online

Se você está satisfeito com seu Battlefield 3 e não pensa em migrar para a nova versão, deixe-me alertá-lo que você está perdendo alguns dos mapas mais empolgantes já desenhados para um jogo de videogame. Independente do seu estilo de jogo; seja você um membro da infantaria que gosta de correr como um Rambo alucinado, atirando em tudo e todos, ou um sorrateiro atirador de elite que gosta de acampar e destruir seus oponentes de tocaia; seja você um fanfarrão que gosta de percorrer as dunas a toda velocidade em um buggy ou um brutamontes que gosta de avançar devagar destruindo tudo com seu tanque, o fato é que o seu estilo de jogo vai cair como uma luva em Battlefield 4.

Isso é, pelo menos enquanto o mapa não estiver desmoronando ao seu redor. Sim, agora os mapas exercem um papel muito mais ativo nos confrontos, com casas entrando em colapso ao serem atingidas por fogo pesado, muros sendo derrubados por veículos ou represas rompendo ao longe e inundando o mapa, mudando completamente o panorama e a estratégia de combate.



Para completar, há vários modos de jogo e a customização de personagens conta com mais opções do que nunca, o que acaba fazendo com que as classes sejam definidas muito mais pelas gadgets que você escolhe para equipar do que pelas suas armas pré-configuradas. Ou seja, você nunca mais ficará limitado a uma função pura e simplesmente por causa de sua classe, e poderá sempre jogar do modo que achar mais adequado e divertido para seu estilo.

Problemas técnicos

Quando foi lançado, Battlefield 4 chegou lotado de bugs e problemas técnicos que faziam até mesmo o jogo travar com certa frequência. Enquanto você lê esse texto, tudo está mais ou menos nos conformes e “já” há uma certa estabilidade, mas basta lembrar que mês passado a DICE declarou ainda estar trabalhando na solução de problemas e, pior ainda, que no PS4 há até saves sumindo para perceber que nem tudo são flores ainda. Felizmente, consegui terminar a campanha e jogar algumas dezenas de horas no multiplayer sem me deparar com nenhum glitch mais sério além de alguns travamentos aqui e ali, mas sei que dei sorte.

Apesar desses deslizes e da campanha absolutamente medíocre, é complicado não recomendar Battlefield 4 para quem gosta de jogar online. Afinal, há algo de apaixonante em misturar a empolgante luta de infantaria com dezenas de armas mortais e batalhas cheias de veículos repletos de poder para causar destruição em massa.



É fácil afirmar que, não importa quanto tempo você jogue, nenhuma partida será igual a outra. Tanta variedade garante guerras memoráveis e um sentimento de imersão sem igual. Uma pena que, enquanto o multiplayer se consagra como um dos mais sólidos esforços da geração, e a experiência definitiva de combate online, a campanha single player anda para trás e se revela um grande fardo.

Talvez já tenha passado da hora da EA e da DICE pararem de tratar o modo campanha como um mero tutorial do multiplayer e abandonarem oficialmente esse péssimo modo, seguindo o exemplo de Titanfall e dedicando mais tempo e recursos para o que o pessoal realmente curte jogar: o multiplayer.

Prós


  • Multiplayer está mais divertido do que nunca;
  • Ótimo equilíbrio entre as armas e os veículos;
  • Mapas realmente inspirados e cheios de variedade;
  • Nenhuma partida é igual a outra.

Contras


  • História risível e personagens rasos;
  • Campanha single player é um desastre;
  • Problemas técnicos sérios (alguns já corrigidos por patches e atualizações).


Battlefield 4 - PS3 - Nota: 7.0

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Sybellyus Paiva

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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