Crônica

Como aprendi a ser um Trophy Hunter

Uma história de como deixei de priorizar quantidade de games e aprendi a terminar os que eu possuía.


Isso não é um texto. É um relato de como eu, um humilde gamer, aprendi a focar minha atenção em aproveitar tudo que um jogo oferece antes de pensar em comprar o próximo lançamento. Todo mundo sabe que um dos maiores problemas de jogadores (com ou sem uma boa situação financeira) é comprar muitos jogos e não ter tempo de jogá-los. Eu era uma pessoa assim até que conheci o sistema de troféus da Sony e descobri como valia a pena “conquistar” um game antes de dá-lo por completo e partir para uma nova aventura.

Meu primeiro PlayStation

Comecemos com um fato muito estranho para um redator do PS Blast: eu nunca tive um PlayStation. Nem o primeiro, nem o segundo e, bem, sobre o terceiro contarei mais adiante. Desde criança, games sempre fizeram parte da minha vida eletrônica, mas a Sony demorou a entrar nela. Tive primeiro um Master System III, mais tarde um Mega Drive III (que funciona até hoje!) e, quando tive curiosidade com outra empresa que não fosse a Sega, meus pais me deram um Super Nintendo. Isso foi minha vida gamer até os 12-13 anos. Depois disso, dediquei-me exclusivamente ao mundo dos PCs e praticamente esqueci que consoles existiam.
Para minha alegria, os meus tesouros ainda funcionam!

Como eu havia dito, eu tive a oportunidade de possuir um PS3. Foi há alguns anos atrás quando passei no vestibular e, para presentear meu esforço (que, na real, não foi mais do que cumprir minha obrigação) meus pais disseram que eu poderia escolher entre um dos consoles da sétima geração: Wii, Xbox 360 ou PS3. Na minha ingenuidade e, pensando que ele era o mais inovador da turma, optei pelo console da Big N. Não posso dizer que me arrependo de minha escolha, pois o Wii foi um grande console da Nintendo e eu me diverti muito com ele e com meus amigos e até com minha família. Mesmo assim, ainda ficava com aquele gostinho de “quero mais” em relação a possuir um PS3.
Muitos riem, mas um dos jogos que mais me empolgava para ter um PS3 era Journey. Ainda bem que consegui jogar esse belo título no PS4.

Eu já havia jogado no PS1 anos atrás com amigos e havia curtido muito o videogame. Infelizmente nunca cheguei perto de um PS2 e o PS3, no fim das contas, vi só de longe. Muitos “sonystas” podem dizer depois de ler isso: “mas como esse rapaz nunca jogou direito nenhum PlayStation? Caramba!” Pois é. Meu destino gamer foi desenhado de forma muito imprecisa. Felizmente, nunca é tarde para corrigir alguns erros e, quando surgiu a oportunidade de viajar para os Estados Unidos, minha mente estava decidida sobre pelo menos um aspecto: eu precisava comprar um PlayStation! E não só pelo fato de que lá era mais barato que aqui em nosso amado país, mas porque minha alma gamer ansiava pelo console.
Adivinhem o que o carteiro me trouxe?

Quando finalmente estava com fundos financeiros suficientes, não pensei duas vezes e corri para o site da Amazon à procura do meu primeiro PlayStation. Minha sorte foi encontrar um edição do PS4 que correspondia ao bundle com The Last of Us mais a edição de colecionador do The Order: 1886 por apenas 399 dólares! Tudo bem, eu sabia sobre a péssima fama de The Order, mas mesmo assim valia a pena, pois eu levaria um game extra totalmente de graça (além de uma estátua muito legal!). Peguei meu cartão, fiz a compra e aguardei ansiosamente por dois dias até que aquela linda caixa chegou em minhas mãos. Abri ela com a ajuda de um amigo e foi um dos desempacotamentos mais felizes da minha vida! Finalmente, com meu próprio PlayStation, era hora de aprender algumas coisas sobre o mundo de games da Sony.
Muitas...Caixas...

Qualidade é melhor que quantidade

Antes que o PS4 entrasse na minha vida gamer, eu já havia trocado meu Wii por um Wii U e meu 3DS XL por um New 3DS XL. E de lá para cá, eu tinha acumulado uma quantidade considerável de games dos dois consoles. Com pouco tempo para jogá-los por causa dos estudos da faculdade, a lista apenas foi crescendo sem muitos deles terminados. A situação se agravou quando retornei ao mundo do PC com o Steam. Já se foi a época que eu me gabava pela quantidade de games da minha biblioteca do Steam (que hoje já passam dos 300 títulos, muitos deles, frutos de Summer/Winter Sales). Dessa variedade de títulos, se eu completei 10 deles é muito.
Já se foi o tempo que eu ficava feliz vendo minha biblioteca no Steam.

Tendo a ilusão de que quantidade é melhor que qualidade, eu entrei no mesmo barco que muitos jogadores estão: jogos demais, tempo de menos. Foram várias vezes em que eu parei e pensei: “Chega, a partir de agora, nada de jogos novos. Preciso terminar os que eu tenho primeiro!” O problema é que essa ideia ia por água abaixo toda vez que um jogo interessante aparecia. E, novamente, a lista gamer aumentava. Uma das soluções encontradas por empresas como Sony e Microsoft para esse problema gamer é o sistema de troféus. Ou seja, ele encoraja o jogador a conquistar todos os troféus de um jogo e completá-lo. É uma forma de recompensar o jogador pelo esforço e tempo dedicado ao jogo. O Steam possuía os seus achievements também, porém, o sistema não era (e ainda não é) nada atrativo ao jogador.
Eu uso o Alvanista para organizar meus games e, de 375 ter apenas 87 finalizados não é um bom sinal.

Como só possuía consoles da Nintendo, eu nunca dei muita importância aos troféus, mesmo porque a Big N nunca fez questão de incluir tal sistema em suas criações eletrônicas. De certa forma, isso é correto, pois dá uma sensação maior de liberdade ao jogador. Ele joga porque gosta e quer passar seu tempo livre se divertindo, sem nenhum tipo de obrigação. O problema é que isso não funciona comigo. Eu jogo e me divirto, mas troco de game muito rapidamente e fica complicado manter o controle sobre o que eu já terminei e o que falta a fazer. É aí que a Sony chega para solucionar meus problemas e me apresentar uma solução que, apesar de trabalhosa em certos casos, torna a experiência de jogar muito mais recompensadora.

Caça aos troféus!

Minha estreia no PS4 foi com Assassin’s Creed Unity (com bugs, mas não muitos). Foi a escolha perfeita e, já que sou fã da série, nada melhor do que começar pelo primeiro título da franquia feito para a nova geração. Tudo bem, muitos vão reclamar aqui dizendo: “Mas tu tinha o The Last of Us, por que não começou por ele?” Pois é, eu não sou perfeito. Mas eu terminei The Last of Us depois, não se preocupem fãs (quer dizer, não “terminei” ele ainda porque preciso platiná-lo). E foi durante essa primeira jogatina que comecei a ver que algo aparecia na tela de vez em quando acompanhado de um “plim”. Então esses eram os famosos trófeus da PSN que eu tinha ouvido falar?

Comecei a achar interessante o mecanismo dos troféus (muito semelhante aos mesmo do Xbox Live e com os achievements da Steam). Mas o que me surpreendeu foi saber que certos games para PS4 possuíam a platina. Esse troféu único era concedido aos jogadores que haviam conquistado todos os outros troféus do game. Ou seja, ele basicamente era um indicativo de que se você possui a platina de um jogo, quer dizer que você definitivamente o completou. Quando eu percebi que conquistar a platina significaria isso, não perdi tempo e corri para tentar obter todos os troféus de Unity. Se eu conseguisse, finalmente poderia dizer que completei um jogo de verdade!
Não foi uma platina trabalhosa, mas exigiu muita paciência!

Foram precisas várias madrugadas, a ajuda de amigos e principalmente de sites especializados, como o MyPST e o PSTrophies, para descobrir como conquistar todos os troféus. Isso foi algo que me animou muito a não desistir da luta, pois existiam muitos outros jogadores dispostos a ajudar outros a obter troféus específicos. Todos faziam parte de uma grande comunidade especialmente dedicada a isso. Graças a todos esses auxílios, eu finalmente ouvi aquele “plim” que tanto esperava. Eu finalmente podia dizer que tinha feito 100% de um jogo. E mais: completando Assassin’s Creed Unity, eu poderia devidamente devolvê-lo à minha estante e me dedicar exclusivamente a outro título. Aproveitei tudo que o jogo poderia me proporcionar e estava satisfeito. Eu descobri que me tornar um “Trophy Hunter” havia sido uma das melhores decisões da minha vida gamer tanto em termos de jogatina quanto financeiros.
O MyPST é uma criação brasileira de ótima qualidade que reúne dicas de jogadores sobre como obter os troféus.

Novo console, novas responsabilidades

Como estava nos Estados Unidos (e com algum dinheiro sobrando) aproveitei para construir uma modesta biblioteca para meu PS4 enquanto estava por lá. Comprei 12 jogos ao todo e desses, até agora somente consegui platinar Assassin’s Creed Unity (e terminar The Last of Us, que precisarei de muita paciência para platinar…). Tendo em mente que agora busco obter a platina nos jogos que já possuo, posso dizer que não tenho planos de comprar novos games antes de realizar essa tarefa. É um desafio complicado mas que no fim será muito recompensador para meu espírito gamer e para meu bolso também, claro.
Agora a turma está organizada e vai permanecer assim enquanto eu não finalizar os games que tenho (Eu juro!).

Sei muito bem que troféus não são o objetivo final de nenhum jogo. Eu poderia escrever toda uma outra crônica aqui falando sobre o principal propósito de um videogame, mas vou resumir isso em uma palavra só: diversão. O jogador precisa se divertir. Agora, além desse sentimento bom que tenho ao jogar um game eu tenho os troféus para me ajudar “a me manter na linha”. Através deles eu tenho uma noção de quanto eu já joguei um título e de quanto eu estou próximo de completá-lo. Pode ter sido uma forma banal, mas acredito que finalmente encontrei uma razão para aproveitar um título ao máximo antes de sair para a internet ou uma loja e comprar outro jogo que só vai ficar pegando poeira na estante.

E como esse texto já está ficando grande demais, bora continuar a busca pela minha platina de Infamous: Second Son, porque ela não vai aparecer sozinha, não é mesmo?
Mais um troféu!


Revisão: Luigi Santana
Capa: Felipe Araujo

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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