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Análise: Sword Art Online: Lost Song (PS4/PS Vita) é uma imersão offline no mundo dos RPGs online

O novo lançamento baseado no popular anime se baseia na diferente premissa de jogar um jogo dentro de um jogo, porém esbarra em alguns pontos que podiam torná-lo uma ótima experiência.


Que MMORPGs são uma febre faz um bom tempo ninguém dúvida. World of Warcraft está aí faz mais de 10 anos para provar que esse tipo de jogo veio para ficar. Entretanto, o que aconteceria se os misturássemos com aparelhos de realidade virtual como o Oculus Rift ou o PlayStation VR? O anime Sword Art Online explorou essa premissa e a tornou ainda pior (ao menos para os personagens) ao prender pessoas no jogo e forçá-las a derrotar o chefão final para se verem livres ou então a perder sua vida caso tentassem tirar o aparelho à força ou morressem dentro do jogo.


Diversos jogadores se unem em busca da liberdade e o protagonista Kirito acaba conseguindo derrotar o criador do jogo em seu experimento cruel. Antes disso, ele conhece e fica amigo de diversas pessoas dentro do jogo — até mesmo acaba se relacionando com uma delas, Asuna. Os jogos anteriormente lançados baseados no anime, Sword Art Online: Infinity Moment e Hollow Fragment explicam essa parte da história, que não acaba por aqui. Kirito e seus colegas ainda vivem mais experiências no mundo de outro MMORPG misturado com realidade virtual em Alfheim Online e essa parte se passa no recém-lançado para o ocidente Sword Art Online: Lost Song.
Pronto para explorar esse mundo virtual?

Criando asas

Seguindo os eventos do capítulo anterior, Kirito resolve testar o novo MMORPG baseado na mesma tecnologia de realidade virtual e seus amigos o acompanham. Seu interesse no jogo era principalmente descobrir quem é a pessoa conhecida como Seven, uma cientista russa que está trabalhando em uma experiência superior ao jogo anterior dentro da realidade virtual. Essa é a premissa inicial que te joga no livre mundo de Alfheim Online.
Bem vindo ao mundo de Alfheim Online!


Você inicia em uma das enormes ilhas verdes que compõem o continente de Svart Alfheim. De lá, é possível voar para outras ilhas para coletar tesouros, derrotar monstros ou explorar masmorras ou então retornar para a cidade para criar novos itens, trocar personagens e se preparar para mais exploração.
Você libera pontos de teleporte para viajar entre áreas distante conforme avança na história


São necessárias algumas missões iniciais para lhe explicar os conceitos do jogo como movimentação, combates no chão ou aéreos, busca por itens, aceitar missões secundárias, melhorar equipamentos, entre outras. Após essa sequência, fica possível customizar seu próprio personagem caso não goste da aparência inicial de Kirito, mas não importa como você o edite — os outros personagens sempre irão lhe tratar como se você fosse Kirito. Essa customização bem que podia acontecer logo no início da história.

Basicamente, o jogo pode ser dividido em duas partes. Ele se assemelha bastante a uma visual novel durante conversas entre a enorme gama de personagens da história, assim como possíveis escolhas que podem alternar como os personagens te veem. Isso lembra a interação de personagens dos jogos da série Star Ocean. A segunda seria a parte de MMORPG, com exploração, criação de equipamentos e coleta de itens ao matar monstros em um grupo de até três personagens. Se você chegou a jogar Ragnarök Online, vai se familiarizar com muitos dos conceitos do jogo, principalmente ao visitar a cidade e ver outros “jogadores” conversando entre si. Conforme você usa personagens no grupo, eles te mandam mensagens dentro do jogo, comentando alguns eventos e passando uma maior sensação de amizade com o protagonista.
São tantos personagens interagindo com Kirito que as conversas limitam a quatro em sua tela ao mesmo tempo.

Passos em falso

A experiência do jogo é divertida, mas muito mais pela liberdade de movimentação e exploração do que por visuais, jogabilidade ou sua história. E isso é um ponto bem negativo, já que por trás de tudo estamos jogando um RPG (mesmo que de ação) em um console de última geração. A história tenta criar um ambiente separado do anime ao utilizar premissas diferentes para fazer Kirito e seus colegas explorarem o mundo de Alfheim Online, mas ela fica bem abaixo da carga emocional que o anime trouxe nessa fase da história original e o impacto que foi para eles voltarem ao mundo virtual. Caso você não tenha jogado os games anteriores e só acompanhado o anime, tudo fica muito estranho, já que você vai ver personagens de fases posteriores como Sinon já no meio da história do reino das fadas sem nenhuma explicação.
É estranho ver Kirito com sua irmã, Asuna e Sinon explorando o mundo das fadas ao mesmo tempo


Os gráficos são simples e ficam em um meio termo entre jogos para PlayStation 3 e 4. Isso se explica em parte pelo fato do jogo ter sido desenvolvido inicialmente para o PS3, porém mesmo para o console anterior era possível criar um visual mais bonito. E isso se evidencia durante conversas entre os personagens, somente com imagens estáticas de qualidade duvidosa. O estranho é que o jogo apresenta uma sequência de abertura muito bem feita, no estilo do anime. Daí, fica parecendo que se limitaram a focar na abertura e ignoraram o restante do trabalho de arte.

Já a jogabilidade pega emprestado muito de MMORPGs asiáticos do início dos anos 2000. Campos abertos com vários monstros identicos e muito grinding te esperam caso você queira se tornar mais forte ou adquirir materiais para criar itens. Pelo menos esse lado é aliviado pela facilidade de controlar seu personagem, com controles respondendo rapidamente e movimentos fluidos. O jogo continua essa impressão de jogabilidade online ao apresentar alguns jogadores tentando te atacar, como em outros MMORPGs com possibilidade de combates PvP nos campos.
O combate é rápido e funciona bem. Porém, o design dos inimigos é bem repetitivo


Apesar de tantos aspectos que deixaram a desejar, o jogo também tem seus pontos positivos. Uma das coisas mais divertidas aqui é o fato de poder explorar as ilhas desde o começo da história voando em alta velocidade. Assim, é possível ignorar diversos dos monstros em seu caminho, escolher quais lutas travar ou simplesmente voar pela diversão. Outra parte legal é o modo multiplayer, em que os jogadores localmente ou via internet podem se juntar em grupos de até quatro participantes e completar missões ou disputar duelos entre si.
Voar passa uma ótima sensação de liberdade desde o começo do jogo

Missão concluída

O jogo apresenta uma experiência divertida, porém dependente de você ter jogado os dois jogos anteriores. É possível partir dele sem nenhuma experiência prévia da série, mas você vai perder algumas situações bem legais que refletem na história da série. Também é possível vir após assistir o anime, mas você precisa vir com a mente bem aberta, porque muita coisa é diferente no jogo.

Sword Art Online: Lost Song está disponível para o PlayStation 4 e PS Vita, e suporta cross-play entre os dois sistemas. Ou seja, é possível transportar seus jogos salvos de um sistema para outro e continuar a história. Uma pena que faltou um pouco mais de dedicação dos desenvolvedores para a história e visuais do jogo, senão podia ter se tornando um jogo obrigatório para os donos de ambos os consoles.

Prós
  • Grande mundo aberto para exploração;
  • Jogabilidade simples e divertida;
  • Diferentes interações entre os personagens;
  • Divertido modo online para até 16 participantes.

Contras
  • O entendimento por completo da história depende de ter jogado os games anteriores;
  • Combate e exploração repetitivos;
  • Visuais bem abaixo do potencial do console.


Sword Art Online – PS4/PS Vita – Nota 6.5
Versão utilizada para análise: PS4


Revisão: Robson Júnior
Capa: Gabrielle Mustafa

é formado em Administração de Empresas pela USP, e mestre em cultura inútil pelas experiências de vida. Desde 1993 gosta de explorar o mundo dos games em seu tempo livre. Pode ser encontrado reclamando da vida no Facebook e Twitter.

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