Blast from Japan

Digimon Adventures (PSP) é nostalgia e alta qualidade no Digimundo

Direto de terras orientais, conheça o RPG que pode ser considerado um dos melhores jogos de Digimon já lançados.

Qualquer um que nasceu entre as décadas de 1990 e 2000 conhece ou conheceu a franquia Digimon, principalmente através de seus animes. O primeiro, Digimon Adventures, foi lançado no Japão em 1999 e chegou ao Ocidente apenas alguns meses depois. A franquia foi um estupendo sucesso na televisão, apresentando no total sete séries distintas e com a oitava recentemente lançada no Japão. Entretanto, no quesito jogos, infelizmente era raro encontrar algum que retratasse com fidelidade a sensação que todos tinham ao assistir o anime.


Mas, em 2013, com o início da comemoração dos 15 anos de Digimon, a Namco Bandai em parceria com a Prope lançou um dos melhores jogos que a franquia já viu em todos os seus anos de existência. Esse é Digimon Adventures, exclusivo de PSP. Infelizmente o título nunca chegou a ser lançado no Ocidente, mas é para isso que estamos aqui: para apresentar para vocês, direto de terras orientais, um dos maiores jogos de RPG que a franquia dos monstrinhos digitais já viu.

Fidelidade religiosa com a série clássica

Digimon Adventures (PSP) é um jogo de RPG baseado em turnos no melhor estilo “Final Fantasy”. Um dos segredos para o sucesso do jogo é, sem dúvidas, a fidelidade do seu enredo com a história do primeiro anime. A nostalgia aqui é sem igual! Dubladores da série original em japonês foram usados para dublar o jogo, assim como também as músicas clássicas Brave Heart (da evolução) e Butterfly (a abertura em japonês). Além das duas músicas icônicas, toda a trilha sonora que serviu de fundo para o anime também está presente no jogo, como as músicas de lutas, momentos tensos e cenas descontraídas.

Os diálogos entre os personagens também seguem fielmente os da série. Isso pode ser interpretado até como um ponto negativo para o jogo em alguns momentos, por conta da previsibilidade acarretada, mas, como a intenção do jogo era revisitar a história do primeiro anime em outra mídia, o que seria um defeito acaba se tornando um grande trunfo para o jogo. Ele consegue, com maestria de enredo e jogabilidade, traduzir toda a experiência para um jogo portátil, e isso é incrível.



Além das quatro “sagas” do anime (Devimon, Etemon, Myotismon e Lordes das Trevas), o jogo ainda traz os eventos do primeiro filme da franquia, apresentando a luta icônica entre Omegamon e Diaboromon dentro da internet. Mais uma vez, a fidelidade dos acontecimentos e a transmissão perfeita dos eventos para a jogabilidade são os pontos fortes, mesmo que seus personagens já estejam fortes o suficiente a essa altura do jogo para enfrentarem sem maiores problemas a nova ameaça.


Golpes de nostalgia e jogabilidade empolgante

Outra característica fortíssima de Digimon Adventures para o portátil da Sony são os apelos que ele faz à série original. Os momentos mais empolgantes são as cenas de digievolução, reproduzidas com fidelidade tamanha que muitas vezes é difícil ver a diferença dela para o anime. Isso se deve também aos gráficos do jogo, muito bons para o portátil e com traços que lembram bastante os traços originais.

Além disso, a quantidade de monstros digitais que encontramos pela jornada é bastante extensa. Desde os primeiros digimons adversários da aventura, como Kuwagamon, até os mais poderosos como Scorpiomon ou Gigadramon, nenhuma criatura da primeira fase do anime escapa à vista. Somado a isso temos um sistema de batalhas em turno que se assemelha bastante com alguns ótimos JRPGs, tornando tudo mais divertido ainda.



O sistema de batalhas permite que você utilize até três digiescolhidos e seus respectivos digimons durante as batalhas. Claro que, ao longo da história do jogo, alguns personagens são bloqueados ou não, forçando o jogador a reduzir sua gama de opções e impedido que alguém jogue somente com três personagens durante toda a jogatina. Adversários também podem estar em até três, mas existem bosses que modificam um pouco a dinâmica, tendo vidas extras e sendo muito mais poderosos. Nas batalhas, a partir do momento que você libera as digievoluções no modo história, você é livre para se transformar em qualquer uma das fases, contando que tenha mana para isso.

Nas batalhas outro ponto nostálgico muito interessante é a fidelidade dos golpes com a série animada. Todos os golpes que todos os digimon utilizaram em algum momento do anime estão no jogo, e até suas animações de batalha são semelhantes aos movimentos que faziam durante os episódios. Somado a isso temos todo um sistema de equipamentos que aumentam vida, agilidade, mana, ataque, defesa e até dão novos golpes aos nossos Digimon. Isso além de fortalecer e personalizar os combates, ajuda no quesito estratégia, tornado a árvore de equipamentos de cada digimon algo significativo para a vitória.

Uma experiência para além do anime

Como se não bastasse toda a fidelidade, como ressaltamos, religiosa, que o game tem em relação ao anime, ele traz alguns artifícios que atraem ainda mais fãs da franquia. Um dos pontos principais é o artifício das Dungeons. Ao longo do game o jogador libera diversas masmorras para dominar, com um boss ao final a ser derrotado. Mesmo que elas sejam monótonas em termos de mapas, sempre com os mesmos espaços e aparências, o sistema é bem divertido para batalhar de forma mais desprendida da história. 

Ligado a essas masmorras digitais, ao terminar a história do jogo, incluindo os eventos do filme, o jogador passa a controlar apenas Tai (Taichi) e Agumon, tendo uma história exclusiva do jogo que mostra o digiescolhido da coragem em uma fenda temporal que o faz encontrar vários protagonistas dos outros animes, desde Digimon Adventures 02 até Digimon Xros Wars 2. As batalhas desses níveis não são tão desafiantes como alguns dos vilões do modo história, mas batalhar ao lado de figuras como Dukemon, ShineGreymon e Magnamon é realmente empolgante.



Somado a esse conteúdo extra, ainda temos as digievoluções para além daquelas mostradas no anime, isso ainda no modo história. Estamos falando dos níveis “mega” de todos os demais digiescolhidos. Para quem não se recorda, na série original, somente Tai e Matt (Yamato) alcançaram esse nível através da flecha de luz lançada por Angewomon e Holyangemon. Entretanto, Digimon Adventures de PSP nos leva ao nível máximo de todos os demais monstrinhos e, como se não bastasse, também mostra a animação da Warp Evolution de todos! Algo que toda criança imaginava enquanto via o anime na TV Globinho.

O interessante é que tanto o personagem que lhe guia após o modo história (Jesmon) como as mega formas dos demais digiescolhidos são elementos que estão sendo apresentados aos poucos desde 2015 no novo anime da saga adventures, Digimon Adventures Tri, o qual também começou a ser produzido em comemoração aos 15 anos da série. Daí fica a dúvida: seriam esses elementos pós história do jogo portátil uma prévia do que estamos vendo na nova série do anime? Só o tempo dirá!


Um grande presente para os fãs

Digimon Adventures foi lançado tardiamente para o PSP e, infelizmente, não saiu do Japão. Isso contribuiu para minar um pouco da sua popularidade. Mas podemos ver aqui as numerosas qualidades do jogo. Não é estranho ficar a dúvida: “por que esse jogo não saiu do Japão?!”. Tal dúvida angustia os fãs ocidentais da série até hoje. Mesmo três anos após o lançamento do jogo, nada foi dito sobre o assunto, com certeza, uma pena. 



Resta então os meios alternativos para cada um buscar por conta própria a oportunidade de revisitar o digimundo com tamanha qualidade. Um excelente jogo que poderia ter aproveitado mais outras plataformas e outros continentes. Mas independente disso, vale a pena a busca pelo título e até forçar um pouquinho o comodismo para jogá-lo com os tradicionais kanjis da língua japonesa. Mesmo com a barreira da língua do outro lado do mundo, a diversão aqui é garantida!


Revisão: Bruno Alves

é Psicólogo e Mestrando em Comunicação pela UFJF. Está no Blast desde 2014, onde é Redator e Diretor. Começou sua vida gamer bem cedo no NES e hoje divide seu tempo entre games antigos e novos. Pode ser visto por aqui sempre escrevendo algum texto polêmico, instrutivo ou nostálgico. Geralmente é visto em alguma discussão no Facebook ou no Twitter.

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