Blast from the Past

Blast from the Past: Breath of Fire IV (PS)

É meus amigos, a Capcom já teve uma “era de ouro” acreditem vocês ou não. E não estou falando apenas nos jogos de survival horror , mas s... (por Unknown em 01/06/2012, via PlayStation Blast)

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É meus amigos, a Capcom já teve uma “era de ouro” acreditem vocês ou não. E não estou falando apenas nos jogos de survival horror, mas sim de RPGs que conquistaram o público tanto japonês, quanto americano de forma louvável. Um deles é o aclamado Breath of Fire IV. O game conta com uma história consistente, personagens para lá de carismáticos e uma jogabilidade digna de qualquer gênero do combate em turnos. Acompanhe nossa matéria e tome um banho de nostalgia com esse belíssimo game.

Era uma época diferente, bons tempos aqueles. As produtoras não se envolviam em escândalos com DLCs, nem produziam jogos genéricos visando única e exclusivamente o lucro, havia um respeito ao público consumidor e mais importante, ao fã. Ligar seu PS One e ver o logo da Capcom era motivo de orgulho e emoção. Quem não se lembra dessa fantástica abertura que só aguçava mais ainda a curiosidade do jogador a respeito do mundo de Breath of Fire?

O mundo é dos dragões

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Aqueles que possuem os Olhos do Dragão estão profetizados para se tornarem governantes do mundo e trazerem catástrofes. Trocando em miúdos, a premissa do jogo é essa. Quando uma princesa chamada Nina em companhia de seu amigo Cray saem em busca da irmã dela, não vista desde a guerra, eles encontram Ryu, um garoto sem memórias que possui os olhos do dragão. A partir daí, eles começam uma viagem que os levará a muitas terras, fazendo novos amigos e inimigos, e finalmente desvendando o mistério dos dragões e do Império Antigo. Os fãs de carteirinha da série sabem que seus jogos não possuem linearidade, mas todos contam as aventuras de Ryu e Nina.

A história parece clichê mas acredite, não é. Ela é muito mais profunda e envolvente, prendendo a atenção do jogador o tempo todo. Ao decorrer do game, você vai descobrindo elementos que explicam e amarram a trama. Por exemplo, é revelada a guerra entre o Império Fou e a Aliança do Leste, um conflito que dura há tanto tempo que nem os seus participantes sabem ao certo o porquê lutam, ou mesmo, o porquê o primeiro imperador, Fou Lu, a iniciou.

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Falando nele, o próprio Fou Lu é também um protagonista do jogo, que acorda depois de séculos de confinamento. Seu principal objetivo é voltar à capital do império e recuperar o seu trono, ambição que tem como obstáculos os generais que estão no governo. Infelizmente, os trechos com o personagem são curtos, mas dão ao jogador uma boa visão de sua perspectiva na história. Ao contrário de Ryu, Fou Lu já domina as técnicas do Dragão e é um personagem muito poderoso logo no início do game. Seu estilo, poderes e arrogância são alguns dos fatores que o fazem ser amado pelos fãs, inclusive muitos o consideram muito mais cool do que o garoto dragão.

Terminei o jogo quando tinha meus 14,15 anos. Acho que em todos os meus anos de gamer, eu nunca me envolvi tanto com uma história assim.  Vasculhei cada canto do mapa em busca de novidades e segredos. Naquela época, os RPGs realmente cumpriam o seu papel como portais para outro mundo, uma espécie de válvula de escape para as mesmices do cotidiano.

O bom e velho combate em turnos

Ok! Nem todo mundo é fã de combate em turnos, mas convenhamos que eles são o cerne do gênero. Vale lembrar que na época em que o game foi lançado (em 2000 para ser mais exato) a Campcom estava em disputa pelo mercado de RPGs com nada mais nada menos que a Square. E como todos nós sabemos, uma das coisas que consagrou Final Fantasy foram os seus combates em turnos.

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Mas diferente da concorrência, a Capcom apostou em um combate relativamente simples, mas muito divertido e nenhum pouco cansativo. O destaque era a possibilidade de executar combos com as habilidades dos personagens, resultando em combinações devastadoras. Era simplesmente lindo combinar o terremoto do Ershin com um ataque de fogo do Cray – resultando em uma espécie de ataque de lava – e finalizar com o tornado da Nina.

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Isso sem falar nos ataques com dragões, um show à parte. Ryu podia tanto se transformar, quanto invocar as criaturas, e um dos grandes desafios do game era justamente explorar o mundo em busca dos cristais que destravavam novas transformações. Ainda me lembro do quanto fiquei empolgado com a primeira vez que o incontrolável Kaiser apareceu…

Outro aspecto que chama a atenção é o fato de que se o seu personagem morrer durante a luta, ele é ressuscitado no final, mas perde uma quantidade de HP, só podendo ser recuperado ao acampar. O acampamento dava ao jogador a oportunidade de curar seus aliados e de presenciar cenas divertidas entre eles. Há também a questão dos inúmeros equipamentos e suas propriedades, alguns possibilitam ao usuário atacar duas vezes, outros concedem status e etc. Apesar de uma mecânica simples, os combates requerem estratégia.

Bonito de se ver

Como dito anteriormente, era o ano de 2000 e os RPGs se tornavam cada vez mais bonitos graficamente. Novamente, o carro chefe nesse quesito era a Square que produzia gráficos nunca antes vistos no gênero. Ainda me lembro de algumas discussões a respeito dos gráficos “datados” de Breath of Fire IV. A questão é que a Capcom comprovou o que todo fã de RPG sabe; um bom jogo não necessita de gráficos soberbos.

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Com uma mistura de cenários em 3D e personagens em 2D, o game fez bonito. Os cenários, o layout das criaturas e o design em geral são belíssimos. Apesar de serem pequenos, os personagens são muito bem feitos, com destaque para suas expressões, tecidos e cabelos (Fou Lu que o diga). Todos esses aspectos funcionaram de forma perfeita com a câmera, uma das melhores até hoje em jogos que mesclam a 2ª e 3ª dimensão.

Tudo funcionava em harmonia, a trilha sonora cai como uma luva para o jogo, combinando muito bem com os locais e as ações em si. As músicas foram pensadas única e exclusivamente para se adequarem aos cenários e às batalhas. De tons leves, passando por dramas e batidas fortes, era muito divertido percorrer o mundo do game ouvindo as belas melodias. Isso sem falar na questão de que os personagens possuíam vozes até nas batalhas, pode parecer pífio, mas adiciona coesão à narrativa nos combates.

Simplesmente um épico

Uma boa história, aliada a uma jogabilidade fácil e intuitiva foram alguns dos pontos que consagraram Breath of Fire IV como um marco da indústria de RPGs e também um marco para a Capcom. Eu, como todo fã, ainda tenho uma pequena esperança de que algum dia a produtora ressuscite a série. Caso isso algum dia aconteça, podem ir se preparando para comprar as transformações adicionais de Ryu em dragão, via DLC.

Apesar de todos os lançamentos recentes no que diz respeito ao mercado de role playing games, acredito que os gamers anseiam por produções mais influenciadas pela cultura nipônica. Os chamados JRPGs não possuem tanto espaço como possuíam antes, culpa do que “carinhosamente” chamo como a ocidentalização dos RPGs. Mas calma lá, não estou reclamando, muitas produções de peso e dignas foram feitas por esse lado. O que estou dizendo é que poderiam haver mais produções como antigamente, recuperando algumas franquias perdidas ao invés de simplesmente atualizar as séries Tales of e Monster Hunter.

E você, o que está esperando? Tire o seu tijolão cinza da gaveta, ou o seu PS2 deixado de lado e mergulhe novamente no mundo de Breath of Fire IV. Garanto que você não vai se arrepender.

Revisão: Catarine Aurora


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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