Blast from the Past: WarCraft II: The Dark Saga (PS)

A estratégia em tempo real sempre foi um gênero extremamente popular nos PCs, perdendo apenas - especialmente nos dias atuais - para os jo... (por Unknown em 20/04/2012, via PlayStation Blast)

Capa da versão para PlayStation de WarCraft II: The Dark Saga

A estratégia em tempo real sempre foi um gênero extremamente popular nos PCs, perdendo apenas - especialmente nos dias atuais - para os jogos de tiro em primeira pessoa. Mas infelizmente existem poucos títulos que representem bem o gênero Real Time Strategy nos consoles, devido a esse tipo de jogo ser naturalmente projetado para o uso de teclado e mouse. Entretanto, mais de uma vez várias desenvolvedoras tentaram criar títulos que empregassem bem a mecânica e jogabilidade de um RTS em uma plataforma diferente do computador.

Uma dessas empresas foi a Blizzard, que, um ano antes de nos dar Diablo de presente, se aliou à Electronic Arts para converter o segundo episódio de seu famoso RTS - bem como sua única expansão - lançando-os para os consoles Saturn e PlayStation. Com isso, temos a oportunidade de conhecer e vivenciar um dos capítulos da grande antologia de fantasia medieval da Blizzard e participar da incessante guerra entre Humanos e Orcs em WarCraft II: The Dark Saga.

Aliança versus Horda


WarCraft II: Tides of Darkness...

WarCraft II: The Dark Saga é um pacote composto pelo segundo jogo da série WarCraft, intitulado The Tides of Darkness, junto com sua única expansão, chamada Beyond The Dark Portal, originalmente lançados para DOS/Windows e Mac OS. Em 1997 a Blizzard e a EA resolveram lançá-los convenientemente em um único CD para os consoles, com todo o conteúdo adaptado da versão para computadores.

Desta forma, ao iniciarmos o game podemos escolher jogar nas duas campanhas do jogo normal ou nas duas da expansão. Em The Tides of Darkness, após a vitória dos Orcs sobre os exércitos Humanos na chamada Primeira Guerra (The First War)*, os sobreviventes decidem fugir de Azeroth e se abrigam no reino Humano de Lordaeron. Sabendo disso, os Orcs resolvem invadir Lordaeron, iniciando a chamada...e sua expansão, Beyond the Dark Portal Segunda Guerra (The Second War). Ambos os lados acabam traçando alianças com outras raças: os Humanos conquistam a ajuda dos Elfos e uniram os reinos Humanos remanescentes, formando a Aliança, enquanto que os diversos clãs Órquicos se uniram sob uma única e devastadora Horda.

Ao longo das campanhas de Beyond the Dark Portal, a Aliança acaba perdendo a ajuda dos Elfos, que acharam que os Humanos não conseguiriam dar conta de proteger seus aliados. Além disso, uma nova Horda de Orcs está se formando no reino de Draenor e planeja atacar Azeroth.

Por terra, mar e ar!

Hora de cortar mais lenha!

WarCraft II: The Dark Saga oferece duas facções para escolher - a Nação de Azeroth**, formada pela aliança entre os Humanos e os Elfos; e a Horda dos Orcs, mas infelizmente não há diferença alguma entre as duas facções a não ser a aparência: ambas possuem as mesmas armas, estruturas e recursos, o que impossibilita uma experiência de jogo mais variada. Ao menos agora é possível ter veículos marinhos e aéreos, ao contrário do primeiro game da franquia.

Naturalmente, há a necessidade de se adaptar a jogabilidade de um RTS para os poucos botões de um joystick. Desnecessário dizer que é sempre um desafio - às vezes nem sempre superado - converter um estilo de jogo que se aproveita das dezenas de teclas de um teclado para um controle de PlayStation, mas a Blizzard e a EA conseguem ser bem sucedidas… ao menos até certo ponto.

Com o toque de poucos botões é possível dar uma boa quantidade de comandos para suas unidades. Ao escolher, por exemplo, um peasant/peon com o botão X e em seguida apertar Quadrado, abre-se um pequeno menu com diversas opções, como construir estruturas, minerar ouro, cortar lenha, entre outros. Fazendo o mesmo com um soldado qualquer, o jogo te dá comandos para atacar unidades, patrulhar uma área, entre outras opções comuns.Informações dos personagens

Um elemento interessante incluído na versão para PS foram os sistemas de Auto-Build e Auto-Upgrade. O primeiro permite que o jogador crie mais de um soldado por vez automaticamente, enquanto o segundo permite que uma estrutura compre atualizações de unidades para seu exército enquanto houver recursos. Hoje em dia criar muitos soldados por vez é algo extremamente básico nos RTS atuais, mas na época da versão original de WarCraft II essa ideia ainda não havia sido implementada.

Visual fraco e interface limitada

Os gráficos de The Dark Saga são feitos em 2D, com aparência desenhada e bem parecidos com jogos feitos no RPG Maker - da mesma forma que na versão para PC - mas ocorreram muitas perdas decorrentes da conversão tanto nas animações - que já eram bem poucas - quanto na interface de usuário.

Esta é a versão para computadoresE esta é a versão para PlayStation.

A coluna lateral com as informações do exército e com o mini-mapa ficam agora ocultas - devido a baixa resolução da tela - e o jogo não dá nenhuma pista de como acioná-las. Só depois de um bom tempo eu descobri que o mini-mapa e a quantidade de ouro, madeira e petróleo (!) aparecem pressionando-se L2 e R2 ao mesmo tempo. Para acessar as informações de cada estrutura ou unidade individualmente é necessário selecioná-la e pressionar Triângulo.

Sacrifícios (des)necessários

Seleção de mapas para partida com bots.

Existem outras diversas diferenças e cortes de opções e recursos entre a versão original para PCs e esta edição para consoles. Muitos recursos importantes foram sacrificados, o que acabou fazendo The Dark Saga perder muito de sua qualidade.

O modo Multiplayer, por exemplo, simplesmente teve que ser eliminado! Os mapas desse modo permaneceram no jogo, mas só é possível jogá-los em modo single-player contra bots. Para compensar, a inteligência artificial desses bots foi melhorada para oferecer um desafio superior ao da versão original, mas ainda assim teria sido bem melhor se The Dark Saga oferecesse um modo para dois jogadores com suporte ao PlayStation Link Cable.

Outras diferenças incluem a adição de cutscenes em CG, a implementação do sistema de passwords (em tempos de Memory Card, pergunto-me o porquê dessa decisão) e perdas na qualidade sonora, com cortes de falas das unidades, sons abafados e música um pouco repetitiva (apesar de muito bem feita).

A Legião Flamejante

Preparando-se para a batalha!

WarCraft II: The Dark Saga é um game cheio de altos e baixos, com muitas perdas que o impedem de ser um game ainda mais memorável do que já é (graças ao peso do nome que carrega). Embora seja bem divertido e tenha uma jogabilidade razoável, infelizmente não dá pra dizer que seja perfeito. Mesmo assim é super recomendado para quem é fã da mitologia de Azeroth ou pra quem nunca jogou e quer conhecer este título clássico da Blizzard.

* Como determinado no final canônico do primeiro game da série, WarCraft: Orcs & Humans (lançado em 1994 para DOS e Mac).

 

** Há um erro de continuidade no enredo de The Dark Saga: neste jogo, Azeroth é apenas o nome do principal reino dos Humanos, mas nos jogos posteriores foi determinado que Azeroth é o nome do planeta onde se passam as aventuras de WarCraft.

Revisão: Alberto Canen


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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