Blast from the Past

Blast from the Past: Resident Evil 4 (PS2)

Após os eventos dos quatro primeiros jogos, a cidade de Raccoon City foi completamente riscada do mapa. Apesar de tentar encobrir sua partic... (por Unknown em 20/07/2012, via PlayStation Blast)

Após os eventos dos quatro primeiros jogos, a cidade de Raccoon City foi completamente riscada do mapa. Apesar de tentar encobrir sua participação na catástrofe, a verdade sobre a empresa farmacêutica Umbrella Corp. veio à publico e ela passou a ser investigada pelo governo, com diversos chefões da empresa sendo presos. Com isso, a Umbrella acabou indo à falência e encerrou suas atividades criminosas. Seis anos depois da destruição da cidade, Leon Scott Kennedy trabalha como agente secreto do governo estadunidense e é enviado em uma missão para resgatar a filha do presidente, Ashley Graham, que foi sequestrada. Uma missão aparentemente simples, mas os problemas parecem perseguir os sobreviventes de Raccoon City.

Adeus, Raccoon City

O jogo começa com Leon chegando em um pequeno vilarejo europeu, no qual se esconde um culto chamado Los Illuminados, que são os suspeitos de terem raptado a jovem Ashley. A princípio, o sequestro parecia apenas uma tentativa de arrancar dinheiro do homem mais poderoso do mundo, mas logo Leon descobre que existe algo muito maior por trás disso. O culto é formado por pessoas infectadas por um parasita chamado Las Plagas, que aos poucos domina as mentes das pessoas, deixando-as extremamente agressivas e agindo de forma coletiva, como os insetos. Atuando como um vírus, Las Plagas também é capaz de gerar mutações no hospedeiro, transformando-os em monstros grotescos.

*BANG*

Com isso, o plano dos Los Illuminados era infectar Ashley e mandá-la de volta aos EUA para que criasse um caos no país. Não demora muito para que Leon seja atacado e capturado pelos habitantes do vilarejo, sendo ele próprio infectado com o parasita. Começa aí uma corrida contra o tempo, não apenas para salvar a filha do presidente, mas também para salvar a própria vida. Como se pode perceber, saem os zumbis infectados pelo T-Virus e entram os humanos dominados por parasitas. A única diferença entre eles é que este novo inimigo conserva sua inteligência, podendo usar objetos e armas, além de preparar estratégias de ataque.

A grande novidade deste quarto título numerado é que ele abandona a premissa de filme de terror dos jogos anteriores e adota a ação desenfreada. Além da história clichê de resgate, desde o começo, Leon é mostrado como o típico herói de ação, daqueles que não têm medo de nada e fazem piadinhas em situações de risco extremo, como, por exemplo, quando se é capturado pelo vilão do jogo. Além disso, a própria jogabilidade de RE4 é diferente dos jogos anteriores, priorizando a ação. A câmera passou a ficar sempre em cima o ombro do personagem, acabando com os ângulos de câmera fixos que eram marca registrada da série.

Agora a p***a ficou séria!

Leon possui também novos movimentos, entre eles a possibilidade de chutar inimigos que estejam muito próximos, algo excelente quando você começa a ficar cercado. Além disso, a faca (que existe desde o primeiro jogo) passou a ser muito mais útil. Neste jogo é realmente possível (e aconselhável) derrotar os inimigos mais simples usando a faca, economizando a munição das armas mais pesadas. Outra grande novidade no quesito armamento foi a inclusão das granadas de mão dos mais variados tipos, como granadas explosivas, incendiárias ou de atordoamento. O jogador também pode utililzar certos elementos do ambiente a seu favor, como derrubar ou levantar escadas, ou pular pelas janelas.

Welcome, stranger

Mas não é apenas o protagonista que possui novos truques, os inimigos também estão mais bem preparados. Como mencionado anteriormente, os inimigos são capazes de utilizar objetos e fazem isso com uma certa inteligência. É comum eles arremessarem facas e machados no personagem, enquanto o jogador está fazendo a mira. Felizmente, caso o jogador seja habilidoso, é possível atirar nestes objetos antes que eles atinjam Leon. Aliás, a estratégia de acertar essas armas era extremamente recomendada quando um dos ganados (como se chamam os inimigos do jogo) estava carregando uma dinamite. Se conseguisse acertá-la, era possível se livrar de um grupo grande de inimigos de uma só vez.

Aumentando o clima de ação, existiam cenas em que o jogador precisava apertar uma certa sequência de botões para continuar vivo. Logo no começo, uma dessas cenas mostra uma pedra gigante rolando atrás de Leon e cabe ao jogador conseguir sair vivo dessa situação. Temos também sequências de luta, entre Leon e outros personagens, que são decididas apertando os botões no momento exato. Tudo contribuindo para dar um clima ainda mais cinematográfico ao jogo.

E falando em clima de cinema, Resident Evil 4 proporciona algumas cenas de tirar o fôlego. É simplesmente sensacional quando Leon está cercado e um helicóptero mata centenas de ganados. Os ambientes do jogo também mudaram bastante, contendo muito mais cenários abertos do que cômodos fechados. As batalhas contra os chefes são uma atração à parte, com alguns deles sendo gigantescos. Destaque para a criatura marinha que nós enfrentamos a bordo de um pequeno bote e que pode causar morte instantânea, independente de quanta energia o jogador tenha sobrando.

Resident Evil 4 implementou também o sistema de parceria, que foi motivo de muitos xingamentos por jogadores ao redor do mundo. Assim como em RE5, o jogo dava game over em caso de morte do parceiro (no caso a jovem a Ashley), mas o grande problema é que a garota não possui nenhuma forma de ataque, deixando toda a defesa dela por conta do jogador. Não era difícil acabar perdendo a partida por conta da morte da Ashley. Apesar do sistema não ser perfeito, ele proporcionava momentos tensos, que nos lembravam de estarmos jogando uma franquia de survival horror. Destaque para um momento em que Ash está ativando algumas alavancas e temos que protegê-la de longe para que ela não seja capturada.

Welcome, stranger.

Un forastero…

Apesar da Umbrella não existir mais, o jogo não cortou totalmente os laços com os games anteriores. Além de Leon, dão as caras também neste episódio a espiã Ada Wong e Albert Wesker, que em RE5 se revelaria como o grande vilão da série. Com o fim da Umbrella, Wesker viu a sua grande oportunidade de criar uma nova e poderosa empresa. Para isso, ele enviou Ada até o vilarejo dos Los Illuminados para conseguir uma amostra das las plagas, com o objetivo de criar um novo supervírus a partir dos parasitas. O interessante é que os planos de Wesker são apresentados apenas no cenário Separate Ways, no qual jogamos com Ada e vemos tudo que ela andou fazendo enquanto Leon corria para salvar Ashley. Isso é bacana, pois o jogo possui um vilão próprio, enquanto Wesker é mostrado agindo em uma escala global, como o vilão de toda a série.

Apesar de ser um grande jogo de tiro, é uma pena que Resident Evil 4 tenha descaracterizado totalmente a série de survival horror, enchendo o jogador de munição e armas pesadas desde o começo do game. Aliás, o método para se conseguir novas armas é o mais tosco da série, bastando comprá-las de um vendedor ambulante (?!) que aparece em determinadas partes do jogo. O final também é babaca, com um diálogo besta entre os envolvidos, passando longe das histórias de sobrevivência dos outros jogos. Apesar disso, ele é divertido e vale a pena ser jogado.

Revisão: José Carlos Alves


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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