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Análise: Heavenly Sword (PS3)

Heavenly Sword foi lançado em 2007 pela empresa Ninja Theory, exclusivamente para PS3. Foi muito comparado com God of War, especialmente ... (por Amèlie Poulain em 13/01/2013, via PlayStation Blast)

Heavenly Sword foi lançado em 2007 pela empresa Ninja Theory, exclusivamente para PS3. Foi muito comparado com God of War, especialmente pela jogabilidade e o ar mitológico. Nariko, a ruiva de enormes madeixas, poderia ser a versão feminina de Kratos, ambos derrotando multidões praticamente sozinhos, enfrentando a possibilidade da morte sem medo, desde que justificada, e trazendo uma bagagem emocional forte, de nascença. Apesar das comparações, Heavenly Sword se mostrou um título completamente independente, e com muita personalidade.

A espada que veio dos céus

(este trecho contém spoilers)

Heavenly Sword é uma espada que acreditam ter sido trazida por um guerreiro do céu para salvar o povo de Lord Raven, o corvo. Depois que o guerreiro terminou sua missão e partiu, deixou a espada pra trás. Seu poder é imensurável, mas traz consigo uma maldição: o humano que a utiliza tem sua vida sugada pouco a pouco até a morte. Mesmo assim, haviam muitas guerras entre os povos que queriam a posse da espada. No entanto, havia uma profecia em torno de um guerreiro que nasceria para devolver a espada ao dono e trazer de volta a paz. O Rei Shen e todo seu clã aguardavam o nascimento desse guerreiro, mas no ano em que isso deveria acontecer sua esposa, em vez de um homem, deu a luz a uma mulher, Nariko, que foi criada por seu pai como uma guerreira.


Pouco depois do começo do jogo presenciamos a morte da protagonista, a bela ruiva Nariko, com suas forças retiradas pela espada. Ela acorda em um lugar vazio, grita para a espada, se lamenta, e começamos a história alguns dias antes, por meio de flashbacks.

O clã de Nariko havia sido invadido pelo exército do Rei Bohan, que estavam em busca da Heavenly Sword. Seu pai e alguns colegas são sequestrados. Nariko e sua companheira esquisitinha, Kai, vão tentar salvá-los. Elas enfrentam o exército de Bohan e alguns de seus capangas. Em uma armadilha psicológica para que ela se sinta mal, revelam a Nariko as reais intenções de seu pai quando ela nasceu: por não ser o homem que completaria a profecia, Shen queria matá-la mesmo bebê, mas desistiu da empreitada por culpa e pena. Nariko acaba sequestrada também e perde a posse da espada.

Continuando os flashbacks, Nariko vai consegue fugir, consegue roubar a espada de volta e vai vencendo os inimigos um por um, até ficar bem próxima de encarar seu desafio final: o próprio Rei Bohan. Nesse momento somos levados de volta a cena inicial de sua morte, derrotada por seu exército. Ela consegue então fazer um pacto com a espada. Não morrerá naquele momento crítico, em troca de protegê-la contra Bohan.


Nariko parte então para sua batalha final, a longa e aguardada disputa contra o cruel Rei que perdera todos os aliados para uma mulher e seu pequeno clã. Ele então faz um pacto com Lord Raven, que entra em seu corpo e o torna quase invencível, mas Nariko o destrói mesmo assim. O impiedoso corvo sai de seu corpo, tira seus olhos com o bico e vai embora deixando Bohan agonizando. Nariko o deixa sobreviver.

Enquanto isso, ela própria não tem a mesma sorte. A espada cobra seu preço e tira sua vida. Antes de morrer Nariko diz a seu pai que não acredita na profecia, e sim no fato de que ela era uma mulher normal e ela mesma escolheu o destino de lutar pelo seu povo. Nariko morre e é colocada em um barco com flores na última cena do jogo.

Trabalho artístico reconhecido

A história, muito mística e bem contada, foi indicada ao prêmio inglês BAFTA. O jogo também foi indicado para a categoria "realização artística". A direção de arte é realmente impecável. O vermelho do cabelo enorme de Nariko recebe grande destaque, e a paleta de cores ao redor é realmente harmônica. Os cenários são de tirar o fôlego, com florestas, castelos, muralhas, tudo muito bem trabalhado.


As cenas de animação são um dos pontos fortes do jogo. O drama da heroína é contado por artistas certamente talentosos, que tiveram seus movimentos captados com maestria. Assistir a essas cenas é tão envolvente quanto um filme. Os personagens são sólidos. Destaque para a protagonista e sua amiga Kai, uma jovem que teve a mãe brutalmente assassinada e apresenta sinais de distúrbios mentais. Ela sempre anda com uma pintura no rosto e um chapéu. Em uma das cenas iniciais ela chega a comer uma minhoca.


A trilha sonora também não fica pra trás, pra combinar com todo esse trabalho artístico de alto nível, nada menos do que uma série de músicas orquestradas acompanha a saga. Tudo muito bem calculado.

Interessante, mas com algumas falhas

A comparação com God of War não foi injusta, os jogos se parecem por serem uma aventura onde derrotamos inimigos enquanto andamos em direção ao objetivo. Volta e meia resolvemos um puzzle, mas se precisarmos abrir uma porta, ao passar em frente a ela é bem provável que um brilho surja na tela e talvez até o botão que precisa ser apertado também apareça. Apesar de ser 3D, a progressão do jogo é linear, sem muita possibilidade de exploração e sem poder voltar muito.

O sistema de batalhas se torna interessante porque podemos atacar ou receber ataques de três tipos, e para cada um existe uma defesa diferente. Além disso existem barras que enchem a partir de boa performance, como muitos hits em sequência ou combos. Estas liberam artes, mais combos ou a possibilidade de finalizar um ataque com muito mais brutalidade e com direito a uma ceninha quase em câmera lenta para acompanharmos. Os combos são úteis e legais, mas são muitos e é possível que o jogador decore alguns e mantenha os mesmos até o fim do jogo. Algumas missões trazem o uso do SixAxis, o que traz uma diversificação maior.


O jogo é bem curto, sendo possível fecha-lo no modo normal em um dia. A dificuldade não é alta, mas ao completar a história uma vez desbloqueia-se o modo inferno, que é mais difícil mas com poucas novidades e portanto pouco atrativo para ser jogado.

É muito difícil dar uma nota final para Heavenly Sword. O jogo possui uma direção de arte incrível e uma história digna de prêmios. A jogabilidade, apesar de ser considerada fácil, não é de se reclamar. O jogo utiliza bem os recursos do console e ser curto demais praticamente não é um defeito, afinal, melhor do que ser comprido e perder o ritmo, se arrastar e tudo mais, certo? Até aí parece perfeito, o jogo é realmente bem finalizado, redondo. Os desenvolvedores cumpriram a missão. Mas a sensação é de que falta alguma coisa. O jogo é bom, excelente, mas não traz aquele "algo mais" que nos faz pensar nele por muito tempo depois de terminar.

Prós

  • História, cenários, trilha sonora e direção de arte impecáveis;
  • Ataques e combos variados;
  • Bom uso dos recursos do console.

Contras

  • Muito curto;
  • Baixo nível de dificuldade.
 Heavenly Sword - PlayStation 3 - Nota Final: 8.0.
Revisão: José Carlos Alves

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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