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Testamos: Beyond: Two Souls (PS3) é uma experiência cinematográfica para se viver de corpo e alma

David Cage quis unir cinema com videogames em Heavy Rain . Agora ele está de volta com o seu sucessor espiritual, Beyond: Two Souls , pa... (por Unknown em 02/10/2013, via PlayStation Blast)

David Cage quis unir cinema com videogames em Heavy Rain. Agora ele está de volta com o seu sucessor espiritual, Beyond: Two Souls, para mergulhar mais fundo ainda nessa experiência. Dessa vez, contando com um elenco de atores prestigiados de Hollywood, como Ellen Page (Juno, Inception — A Origem), no papel da protagonista Jodie Holmes, e William Dafoe (Platoon, Homem-Aranha), que interpreta Nathan Dawkins, doutor e mentor da garota. Essa semana, a desenvolvedora Quantic Dream liberou a demo do jogo e nós, claro, já testamos ela para dizer o que você pode esperar dessa viagem astral.

Experimentando o experimento 

A demo de Beyond: Two Souls é dividida em duas partes: “O experimento” e “Caçada”. Nada mais justo do que começarmos pelo começo, não é mesmo? Nesse primeiro capítulo, temos uma Jodie ainda criança, em fase de descoberta dos seus poderes sobrenaturais. A garota é atormentada por uma entidade conhecida como Aiden, que se manifesta espiritualmente através dela. E esse é exatamente o objeto de estudo de Nathan Dawkins.
O menu inicial da demo de Beyond: Two Souls 
Como qualquer garotinha normal atormentada por um amiguinho imaginário com super poderes, estamos brincando no quarto do laboratório, que mais parece uma prisão. Até que somos levados por um simpático funcionário até uma sala de testes onde encontramos Dawkins. Até aí os controles já se mostraram muito similares ao que encontramos em Heavy Rain. Você pode se mover livremente pelo cenário, mas apenas alguns objetos são interativos, e a dica para interagir é um pequeno círculo branco, que destaca o que pode ou não representar alguma ação da personagem.

O experimento apresentado consiste em um jogo de adivinhação. No controle da pequena Jodie (e de Aiden) devemos descobrir as cartas escolhidas pela moça da sala ao lado. Encarnamos, com o perdão do trocadilho, em Aiden apenas pressionando um botão de comando e pronto: podemos voar pelo cenário e atravessar paredes. Na primeira vez que joguei com a entidade, lembrou-me muito aquele sistema comum de jogos FPS, como Counter-Strike, quando morremos e podemos “voar” livremente pelo cenário. Até que faz sentido a similaridade, não?
Um pouco entediado pelo teste que se mostrava muito monótono e didático, não apenas pra mim, mas para a pequena Jodie também, resolvi explorar o cenário e ver o que acontecia por trás das cortinas. Com Aiden, consegui acessar a ilha de testes onde se encontravam Nathan e dois dos seus assistentes. Descobri que podia encarnar em um deles com uma combinação de botões, mas não pude fazer muita coisa, pois o coitado saiu do controle facilmente quando um dos colegas chamou a sua atenção. Não pude encarnar em Dawkins, mas a minha presença como Aiden foi sentida pela diminuição da temperatura, uma parada meio “O Sexto Sentido”. Resolvi terminar logo o experimento na esperança de algo mais emocionante.

William Dafoe como Nathan Dawkins 

Após as adivinhações, é pedido à Jodie para demonstrarmos o poder de força da entidade interagindo com alguns objetos. Mas aí eu e o Aiden já estávamos muito entediados e resolvemos bancar uma de Poltergeist para cima da voluntária do teste. Derrubamos mesas, quebramos vidros, arremessamos cadeiras, tudo isso enquanto a coitada se debatia na porta em desespero. Joguei duas vezes a demo em busca de novas possibilidades em cada partida. Na primeira vez que joguei, uma luz vermelha emanou ao redor do corpo da moça e foi possível estrangular a desesperada. Que logo foi salva porque a Jodie foi interrompida na sala ao lado pelo doutor e seu assistente. Já na segunda vez, essa opção não estava disponível. Vai ver foi porque errei algumas das adivinhações, propositalmente também. Ou o Aiden estava mais tranquilo.

A primeira parte da demo, portanto, não apresentou nada demais e serviu mais como uma forma de nos apresentar aos personagens e também nos adaptar aos controles de Jodie e Aiden. Eu estava pronto e queria ir além agora.

Um dia é da caça, o outro do caçador 

Na segunda parte da demo, "Caçada", vemos uma Jodie mais velha e confiante de si. A protagonista está treinando algum tipo de arte marcial enquanto é observada por algum superior. É aí que entram os Quick Time Events (QTE’s), mas que funcionam de uma forma mais instintiva do que em Heavy Rain. As grandes setas mostrando o que fazer o tempo inteiro aparecem apenas no tutorial, depois disso você tem que se guiar naturalmente pelos movimentos dos braços e pernas da garota para acertar os comandos durante lutas e perseguições.
A prática leva à perfeição 
Depois dessa rápida sessão de treino, somos levados a uma viagem de trem, onde a exausta Jodie tenta dormir um pouco, e eu como Aiden “fantasminha camarada” fico atormentando a pobre garota. Até o momento em que o trem é parado pela polícia que esta à procura dela. Em uma das partidas, eu me deixei ser capturado, na outra, corri da polícia de vagão para vagão, até que a única possibilidade de escapatória fosse subir no trem através de uma janela. Essa última opção foi mais emocionante, eu confesso, enfrentar um grupo de policiais no alto de um trem em movimento foi um dos pontos altos da demo. Novamente, as lutas são todas baseadas em QTE’s, mas nada como em God Of War com grandes botões de comando surgindo na tela. Nada disso. Você deve mover o direcional conforme os movimentos da personagem para se esquivar, chutar e socar os inimigos.

A caçada começa!

Independente das suas decisões, você vai acabar fugindo da polícia em uma moto em alta velocidade pela estrada, enquanto é caçado por um helicóptero. As coisas não terminam muito bem e Jodie acaba cercada por seus perseguidores, uma espécie de força especial que toma o lugar da polícia no conflito. Não quero entregar totalmente a demo, como já fiz até agora, mas o seu momento final toma proporções épicas de caos quando Aiden mostra do que é realmente capaz para proteger Jodie.

Jogada sobrenatural 

A jogabilidade de Beyond: Two Souls parece menos engessada do que a de Heavy Rain e, em alguns poucos minutos da sua demo, é possível criar expectativas otimistas de um controle mais orgânico e instintivo. Ele parece se encaixar perfeitamente para os momentos de suspense e que apresentam maior tempo para pensarmos e realizarmos nossas escolhas. Mas quando a coisa foge do controle e as cenas são de ação, perseguição ou combate, a coisa pode ficar um pouco confusa. Na minha fuga nos corredores do trem, não sabia se estava no controle de Jodie ou não, parei duas vezes no meio do nada para ter certeza de que eu estava participando da cena. Outro momento parecido foi o da perseguição de moto, o mesmo caso de não ter certeza se era eu mesmo jogando ou apenas o filme rolando.
Ellen Page e William Dafoe em ação 
Os gráficos estão cada vez mais incríveis (e críveis), ver como o jogo foi fiel na captação de movimentos e expressões faciais de Ellen Page e William Dafoe foi impressionante. O game já ganhou altos pontos comigo por ter escalado duas das pessoas que mais admiro no cinema. Ver que os dois apreciam os videogames e toparam participar desse projeto só tornou a minha admiração maior ainda. Admiração essa que vou fazer valer descobrindo cada possibilidade do jogo.

Para o alto e avante! 

David Cage continua tentando fazer algo novo na indústria dos games, ao misturar a sétima arte com o poder de interatividade e imersão dos videogames. Agora com um Heavy Rain com super poderes ninguém pode culpar o homem por não tentar. É um toque de inovação e criatividade em uma indústria que produz cada vez mais do mesmo com o medo de arriscar por causa do seu público. Depois de testar essa demo, comprovamos que quem tá na chuva é para se molhar. E com Beyond: Two Souls a gente sai de alma lavada.
Revisão: Alberto Canen 
Capa: Diego Migueis 

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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