Blast from the Past

Blast from the Past: Metal Gear Solid 3: Snake Eater (PS2)

“Na guerra não existem herois, apenas vítimas”. Esta frase foi dita por Solid Snake, personagem principal da série Metal Gear Solid, no pri... (por Unknown em 22/03/2012, via PlayStation Blast)


“Na guerra não existem herois, apenas vítimas”. Esta frase foi dita por Solid Snake, personagem principal da série Metal Gear Solid, no primeiro jogo da franquia. Mas ela cai como uma luva para falar do terceiro game, o sensacional Metal Gear Solid 3: Snake Eater, que foi lançado em 2004 para PlayStation 2.

Depois do polêmico Metal Gear Solid 2, que trouxe Raiden como personagem principal, Hideo Kojima surpreendeu a todos ao voltar no tempo para contar a origem de um dos principais vilões da série: Big Boss. Até então ele era conhecido basicamente como o cara que treinou Solid Snake e que acabou traindo o governo americano. Mas MGS 3 chegou para mostrar de vez que as coisas nunca são simples no universo criado por Kojima e que em uma guerra realmente só existem vítimas.

A Guerra Fria

Metal Gear Solid 3 se passa nos anos 60, na época da Guerra Fria entre EUA e a antiga União Soviética. O jovem Big Boss, aqui com o codinome Naked Snake, faz parte da unidade FOX, uma força especial da CIA especializada em infiltração. O game abre com Snake tendo que se infiltrar na região de Tselinoyarsk para resgatar o cientista soviético Nikolai Sokolov. Após o bem sucedido resgate, Snake acaba tendo que enfrentar sua amiga e mentora, The Boss, que traiu os EUA e se aliou ao Coronel Volgin, cujos planos incluíam destruir um centro de pesquisas utilizando uma arma nuclear para fazer a União Soviética e os EUA entrarem em guerra.

Naked Snake em açãoPara evitar a Terceira Guerra Mundial, o governo americano entra em acordo com os russos e resolve enviar Naked Snake de volta à URSS com a missão de matar Volgin, a traidora The Boss e a Unidade Cobra (comandada por The Boss). Além, é claro, de resgatar Sokolov e destruir o Shagohod, a grande arma de destruição em massa que substitui o Metal Gear no jogo.

Para quem não conhece a série, esse plot pode parecer o clichê de qualquer outro jogo, com um herói tendo que derrotar um grande vilão, mas os fãs sabem que MGS possui personagens cheios de camadas e que nem sempre são o que parecem ser. Solid Snake, por exemplo, sempre pareceu ser o herói que salvava o mundo das garras de Big Boss e seus discípulos. Com o lançamento de Metal Gear Solid 3 todas essas certezas caem por terra e vemos que Big Boss/Naked Snake tinha todos os motivos do mundo para deixar de confiar no governo e tomar as atitudes que o levariam a ser considerado um grande “vilão”.

Protagonistas carismáticos

Difícil falar dos motivos que levam MGS3 a ter uma história excelente sem revelar spoilers, mas basta saber que é muito interessante vermos toda a transformação que Naked Snake sofre durante o jogo, não apenas física, mas também psicológica. Ele começa como um simples soldado americano, que segue ordens sem questionar, e ao final sai com a percepção de que ele e todos os outros soldados são apenas uma ferramenta dos governos.

Toda a história do jogo é interessante, estabelecendo várias relações importantes para os outros games da série e preparando o terreno para MGS4. Porém, o jogo brilha mesmo é ao explorar a relação de Snake e The Boss. A batalha final entre os dois, em um campo repleto de flores brancas (que vão ficando manchadas de sangue no meio do combate) é cheia de significado, principalmente quando Boss conta alguns segredos do seu passado. E no final, quando Naked Snake fica sabendo do verdadeiro plano do governo americano, é impossível não se emocionar junto com o personagem.


Snake vs The Boss 
MGS3 traz ainda outra agradável surpresa em seu enredo ao apresentar o passado de um dos personagens mais queridos pelos fãs da série: Revolver Ocelot. Aqui ele ainda é um jovem e impulsivo major do exército soviético que gosta de armas modernas, preferindo usar uma pistola ao invés de um revólver. Ele só passa a apreciar a arma que lhe daria nome após o seu primeiro encontro com Snake, que lhe mostra as vantagens de uma arma mais antiga.

Conforme o jogo avança, vemos que apesar da pouca idade, Ocelot já era extremamente inteligente e cheio de segredos. Também é mostrado o começo de toda a admiração dele por Naked Snake/Big Boss, que levaria ao início da amizade entre os dois. Além dos três personagens principais, temos ainda EVA, uma espiã a serviço da China e que sabe muito mais do que aparenta, e Major Zero, que auxilia Snake via rádio e futuramente ajudaria Big Boss a fundar os Patriots.

Major Zero e Paramedic Ocelot

Sobrevivência na selva

A mudança de cenário e de época trouxe também um jeito totalmente novo de se jogar Metal Gear Solid. Enquanto nos dois primeiros jogos os personagens invadiam bases avançadas tecnologicamente, em MGS3 grande parte da ação se passa no meio do mato. Além disso, ele acabou com a moleza do radar que auxiliava os jogadores a identificarem a posição dos inimigos na tela, afinal, estamos falando de um jogo que se passa na década de 1960. No lugar do radar, Naked Snake possui uma espécie de sonar capaz de marcar temporariamente a posição do inimigo. Porém, o uso desse equipamento emite um pequeno bipe que pode ser escutado caso o inimigo esteja muito próximo.


Felizmente, nem tudo são más notícias para os jogadores. Embora tenha perdido o radar, em MGS3 Snake ganhou a habilidade de se misturar com a paisagem através de um sistema de camuflagem. Um sistema, aliás, que eu considero muito mais interessante do que o utilizado em Metal Gear Solid 4, que possui a moderna OctoCamo. Para se esconder dos soldados, o jogador deve trocar a roupa e a pintura no rosto do personagem para algo que combine com o ambiente ao seu redor. No menu do jogo, aparece uma porcentagem que indica o quão bem escondido o jogador está. Snake começa o game com algumas roupas, mas a grande maioria deve ser encontrada pelo cenário ou conseguida após derrotar os chefes.

Uniformes variados Sistema de camuflagem

Metal Gear Solid 3 trouxe também um novo e divertido sistema de sobrevivência que, aliado à camuflagem, dá ao jogador a sensação de realmente estar em uma missão no meio da floresta. Além da barra de life, o game possui uma barra de stamina, que diminui conforme Snake fica cansado ou com fome. É isso aí, o personagem pode ficar com fome algo que pode atrapalhar a missão, pois seu estômago pode roncar quando você estiver prestes a atacar um inimigo.

Para evitar que este tipo de situação ocorra, o jogador deve se alimentar das coisas que a natureza proporciona, sejam frutas ou animais selvagens. E as opções no cardápio são variadas, com sapos, crocodilos, pássaros, várias espécies de cobra e diferentes variedades de cogumelos. Mas claro que o senhor Kojima não ia deixar as coisas tão fáceis e alguns alimentos podem fazer mal a Snake, fazendo com que ele vomite e atrapalhe a missão. Completando o sistema de sobrevivência, Snake agora pode fraturar ossos, seja por causa de quedas, socos ou tiros, e o jogador deve curar esses ferimentos. Isso não afeta o controle do personagem, mas quanto mais machucado ele estiver, menor será sua energia máxima.

Apenas ferimentos leves
Aqui vale citar também outro pequeno segredo colocado por Kojima no jogo: ele utiliza o relógio interno do PlayStation 2 para a passagem de tempo. Experimente ter alguma comida guardada no inventário e ficar sem jogar durante uma semana, por exemplo. Quando voltar ao jogo, toda a comida terá estragado, fazendo com que Snake passe mal ao comê-la. Esse truque do relógio também pode ser usado a favor do jogador, bastando adiantar o horário para que Snake se recupere das fraturas mais rapidamente. Um dos chefes do jogo pode até mesmo ser derrotado sem a necessidade do combate, bastando adiantar o calendário do PS2 em um mês. O cara morre de velhice e tudo que você tem a fazer é passar pelo local.

Os melhores chefes da série

Grande parte da diversão de MGS sempre foi enfrentar os chefes e este terceiro jogo traz algumas das melhores batalhas da franquia. Se você, assim como eu, adorou enfrentar a Sniper Wolf no primeiro jogo, aqui a batalha de atiradores de elite chega a seu ápice. São nada menos que três telas servindo como palco da luta contra The End, que fica praticamente invisível devido à camuflagem que ele utiliza.

Além de procurar por The End pelo cenário, é preciso que o jogador também se camufle e se movimente o mais lentamente possível, nos dando a sensação de que realmente somos atiradores de elite. É, acima de tudo uma batalha que requer paciência, já que a cada dano sofrido o inimigo muda de posição, o que significa procurá-lo novamente entre as três telas. Eu levei quase duas horas para derrotar The End.
The End
Outra luta que chama a atenção é contra The Sorrow, que acontece no mundo espiritual. O cara invoca todas as pessoas que Snake matou para que se vinguem do personagem. Ou seja, a quantidade de fantasmas na tela depende de quantas pessoas o jogador matou até ali. Isso sem contar que a maneira de se derrotar The Sorrow é algo que foge do convencional.

O melhor Metal Gear de todos

Com cenário e jogabilidade totalmente novos, personagens interessantes e carismáticos, e uma trama repleta de reviravoltas, com segredos sendo revelados a todo momento, Metal Gear Solid 3: Snake Eater é não apenas o melhor game da série (na minha opinião), mas também um dos melhores jogos do já saudoso PlayStation 2.
Revisão: Leandro Freire

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

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  1. Opa!!Eu nunca joguei esse no ps2 , vou ver se compro, ja vo ate tirando a poeira do meu ps2 XD

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  2. Comprei a versão do 3DS e digo: putaqueospariu, que jogo fooooooooooooooooooooooooooooooda !

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  3. Esse é o melhor jogo do PS2 na minha opinião - tudo nele é excepcional, emocionante até. Comprei o Metal Gear Solid HD Collection pro PS3 assim que saiu, só pra poder jogar novamente essa obra prima (e ganhar uma porrada de troféus, claro!).

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