Ao decidir entrar no mercado de videogames portáteis, a Sony teria que encarar nada mais, nada menos que a Nintendo, que em seu histórico trazia o Game & Watch, um “mini-game” lançado em 1980 e responsável por sua entrada no mercado de jogos eletrônicos e o Game Boy, lançado em 1989, que manteve sua tecnologia inalterada durante oito anos e, até sua versão Color, obteve a marca de mais de 118 milhões de unidades vendidas. Enquanto isso, a Sony só contava com um único, mas importante atributo a seu favor: a marca PlayStation, que estava em constante ascensão, ganhava milhares de novos e ardorosos fãs ao redor do mundo e era sinônimo de qualidade e alta tecnologia. Mas seria o bastante?
A Nintendo havia desbancado outros consoles portáteis como o Game Gear, da Sega, que tecnicamente estava muito a frente do Game Boy em sua época, e empresas como a SNK e a Nokia que tentaram se firmar no mercado, mas sem muito sucesso, com o Neo-Geo Poket e o N-Gage respectivamente. Ainda assim, o maior fracasso seria da Bandai com seu Wonderswan lançado em 2000, que não conseguiu emplacar e em pouco tempo virou item para colecionadores (mesmo contando com diversos títulos da série Final Fantasy relançados para o console). Enquanto isso, o mais perto que a Sony já havia chegado de um portátil era o PoketStation, uma espécie de cartão de memória interativo (parecido com o VMU do Dreamcast) lançado para o PlayStation somente no Japão.
A Sony com o PlayStation e o Playsation 2 havia conquistado, ao lado da Microsoft e o Xbox, uma importante fatia do mercado, a dos jogadores hardcore. Esses jogadores que davam preferência para games mais elaborados e menos casuais como os títulos existentes para os consoles Nintendo, não tinham uma opção a altura para suas expectativas em relação a um videogame portátil. Na verdade, em 2002 a melhor opção (e podemos considerar como única) era o recém-lançado Game Boy Advance SP, uma versão do GameBoy Advance com uma nova empunhadura, tela iluminada e... Nada mais. Desse modo, a Sony tinha então mais uma oportunidade de mercado em mãos.
Muitas, muitas cartas na manga
Com uma grande marca e inserida em um crescente nicho de mercado, a Sony decidiu produzir seu portátil comprando uma boa briga com a “Big N”, que por décadas dominava este segmento, e em 2003 anunciou na E3 o mais novo integrante da bem sucedida família PlayStation, o PlayStation Portable, ou PSP, como ficou conhecido.
Sem imagens ou demonstrações de jogos, maiores detalhes só seriam revelados na E3 de 2004, onde a Sony apresentou características impressionantes, entre elas: a tela retro iluminada do PSP que teria as dimensões de 480x272 (16:9), imensa se comparada a de qualquer portátil já criado e capaz de reproduzir vídeos em alta resolução e qualidade próxima a do DVD no formato MPEG 4. A mídia escolhida para jogos seria a Universal Media Disc (UMD), que além de uma alternativa contra a pirataria (fato que implicou em diversas decisões da Sony para não lançar seus consoles, até então, em alguns países, incluindo o Brasil), teria a capacidade de armazenamento de até 1.8 GB, o que tornaria possível, além de jogos, o lançamento de diversos títulos de filmes em UMD.
O PSP também poderia ser ligado ao PlayStation 2 através de uma porta USB 2.0 (o que não foi muito bem explorado ao longo dos anos) e contava com entrada para Memory Stick Duo, o cartão de memória da Sony, o que permite a utilização do mesmo para reprodução de músicas em MP3, ACC e WMA e imagens em JPEG.
Isso já era o suficiente para chamar a atenção do mercado, mas a Sony resolvera levar o desafio a sério e acrescentou ao seu novo videogame: internet Wi-Fi, que além da possibilidade de jogar em rede, permitiria navegar na internet, reprodução remota, ouvir rádios on-line e baixar aplicativos como o Skype e outros conteúdos da PlayStation Store.
Com a já citada entrada USB 2.0, o PSP ganharia também acessórios como uma câmera, o Go!Explore (um GPS lançado na Europa e Japão), e o Location Free Player, que transforma o portátil em uma central multimídia (todos vendidos separadamente).
Um (quase) PS2 portátil
Lançado em 12 de dezembro de 2004 no Japão e 24 de março de 2005 nos Estados Unidos, o PSP versão 1000 (ou fat), em seu primeiro dia de lançamento, chega às mãos de mais de 200 mil gamers, que pagaram em média ¥ 19.800 (cerca de US$ 180 doláres) pelo console e puderam conferir jogos como: WipEout Pure, Dynasty Warriors, Metal Gear Acid e Ridge Racer com uma qualidade absurda. Isso porque o portátil da Sony conta com um hardware quase tão poderoso quanto o do PlayStation 2. Ou seja, quem levava um PSP para casa (ou para onde fosse), estava levando um console capaz de gerar gráficos tão incríveis que era quase impossível acreditar. Além disso, o PSP conta com 15 botões (digitais), som estéreo, um controlador analógico e estreava a interface gráfica XrossMediaBar (XMB), além de um design extremamente atraente, o que tornou a experiência com o Game Boy Advance, ou qualquer outro portátil, obsoleta.
Marketing Epic Fail vol. 1
No fim de 2005 alguns sites especializados em games e tecnologia começaram a comentar uma não oficializada ação de marketing de guerrilha (tipo de ação inovadora ou incomum) que ocorria em cidades como Nova York, São Francisco e Los Angeles para a divulgação do PSP. Uma série de grafites surgiu em diversos muros e prédios privados, sem a autorização previa de seus donos, o que causou desconforto para os moradores e colocou a Sony em uma saia justa. Questionada sobre a ação, a Sony negou conhecimento da mesma. Porém nos muros apareciam personagens utilizando o PSP de formas variadas, vezes como uma raquete ou um sorvete, fato que contribuía para suspeita de autoria da própria Sony, já que sua campanha para o lançamento do PSP era totalmente voltada para o estilo de vida urbano e “descolado” das grandes cidades, além da possibilidade de interagir de diversas formas com o portátil. Em uma ação de represália, vários muros foram pichados novamente, dessa vez por cidadãos descontentes. Mais tarde apareceram fotos que especulavam que autoria não seria mesmo da Sony, mas de algum fanboy, e então, finalmente a Sony assumiu a responsabilidade pelo “vandalismo”.
Marketing Epic Fail vol. 2
O Natal de 2006 se aproximava e com ele uma grande chance de aumentar as vendas do PSP. Para isso era necessário uma boa estratégia de marketing coerente e clara para atrair a atenção do consumidor. Enquanto o mercado aguardava ações agressivas por parte da Sony para impulsionar as vendas do console, de repente surge no YouTube um vídeo “amador” com um suposto artista de Hip-Hop fazendo rimas e intitulado como “All I want for christmas is my PSP”. O conceito de vídeo viral era bem pouco conhecido até então, e logo se criou a suspeita de que o vídeo não tinha nada de amador e que se tratava de mais uma jogada de marketing da Sony. Os comentários para o vídeo sugeriam que os consumidores não queriam ser enganados e ação foi um fracasso, por conta disso os comentários e o vídeo foram removidos do YouTube. Mais uma vez a integridade da Sony foi questionada por não advertir que o vídeo era institucional, o que a empresa veio a admitir somente mais tarde juntamente com um tímido pseudopedido de desculpas.
Marketing EpicFail The Greatest Hits
Além das confusões causadas na tentativa de propagar a ideia de ter um PSP, outros anúncios também causaram polêmica. No lançamento do PSP na cor branca em 2006, um outdoor trazia na ilustração uma mulher caucasiana dominando outra mulher afrodescendente e com o texto “O PlayStation Portátil Branco está chegando” (“PlayStation Portable White is coming"), que foi bastante rejeitado e apesar de só ter sido lançada na Holanda, foi notícia na mídia mundial.
Missão completa!
Apesar dos deslizes da Sony, muitos deles ocorridos pela falta de experiência da empresa no mercado e tentativas ousadas (e exageradas) na comunicação, o portátil obteve grande sucesso e nos anos seguintes e o PSP ganhou novas versões: PSP-2000 (2007), PSP-3000 (2008), PSP-GO (2009) e PSP-E1000. Em junho de 2011, a Sony Computer Entertainment anunciou que as vendas somadas do PSP em todo mundo, chegaram a 70 milhões de unidades e durante os oito anos de vida do videogame, que ainda é fabricado e teve seu lançamento oficial no Brasil no final de 2010, foram produzidos e lançados mais de 3.200 títulos em UMD com a marca de 298 milhões de jogos vendidos. Mesmo em atividade e ainda com bons números de venda, no final de 2011 foi lançado no Japão o PS-Vita, o primeiro sucessor do PSP.
nao entendo como a sony copia tanto da nintendo u.ú
ResponderExcluirCoisas que a "Clony" copiou:
Direcional em cruz: O famoso "+" que temos nos controles atuais nasceu no Game & Watch, primeiro portátil da Nintendo.
Controle do SNES: Já notaram o formato do controle do Playstation? A posição dos botões é idêntica, ainda há as ombreiras R e L.
Analógico: Apesar de não ser uma invenção da Nintendo, o analógico só deu certo mesmo no Nintendo 64. Os primeiros controles do Playstation não tinham analógico, e após a popularização do mesmo pelo N64 eles foram implantados no PSone.
Rumble: O famoso "tremor dos controles". Outra coisa inventada no N64. Depois foi colocado no controle do PSone assim como os analógicos.
Controle de Movimentos: Talvez a mais comentada. O PS-MOVE é claramente uma cópia do Wiimote em todos os sentidos!
Tablet: A Sony anunciou há algum tempo que fazia pesquisas com tablets e em juntar o PS Vita com PS3.
Title Fight: Um jogo que reune diversos personagens da sony em um único jogo de luta. Alguém mencionou Super Smash Bros, sucesso desde o Nintendo 64?
Nao existe idéias na mente da sony nao, para que ela pare de apenas ter Gráficos e inventar algo?
O legal é que esse comentário não tem nada a ver com a matéria.
ResponderExcluirSó destacando que 90% do que você falou aí,a Microsoft colocou nos consoles dela também.
Ou seja,Nintendo,Sony,Microsoft...vale tudo pra ganhar dinheiro.
Eu compro o que atende às minhas necessidades,mas não preciso ficar colocando defeitos no que eu não tenho.
Imagine a quantidade de outros fanboys como você que ficam falando merda,defendendo o console que tem,seja qual for a marca.
Isso resolveu alguma coisa até hoje?Hein?Quando as empresas te pagam pra falar essas coisas?
Você poderia pelo menos agradecer ao autor por ter escrito a matéria,já que não se faz uma num piscar de olhos.
E é engraçado imaginar como você veio parar nesse site.
Informação?Duvido lol
Bem,e você deve saber que o PS foi uma parceria entre a Nintendo e a Sony pra dar um upgrade no SNES,mas que não deu certo.Era de se esperar a semelhança.
ResponderExcluirsei sim (aliás, mals nao comentar a matéria, fikou mto boa ^^), mas eles poderiam pelo menos criar seus próprios controles jah q a pareceria com a nintendo tinha sido anulada.
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