Blast from the Past

Blast from the Past: Alone in the Dark: The New Nightmare (PS)

Quando se fala no gênero survival horror, a maioria dos jogadores pensa logo em Resident Evil, seguido de perto por Silent Hill. Porém, que... (por Unknown em 04/05/2012, via PlayStation Blast)

Quando se fala no gênero survival horror, a maioria dos jogadores pensa logo em Resident Evil, seguido de perto por Silent Hill. Porém, quem inaugurou esse gênero foi a série Alone in the Dark, que teve seu primeiro jogo lançado no longínquo ano de 1992. Mas foi só em 2001 que a Infogrames lançou o que eu considero um dos melhores jogos de survival horror já produzidos para o PlayStation, Alone in the Dark: The New Nightmare.


Um horror clássico

O jogo apresenta todas as características comuns ao gênero, como ângulos de câmera fixos, controles levemente travados para a movimentação dos personagens e monstros horrendos para serem enfrentados ou simplesmente driblados. No entanto, o que realmente chama a atenção é a atmosfera sinistra que permeia todo o jogo. Apesar de se passar no século 21, o clima e a história deste título lembram muito os contos de H. P. Lovecraft (cuja história mais famosa é O Chamado de Cthulhu), que sempre nos remetem a sociedades secretas e dimensões demoníacas. Elementos que aparecem com frequência em Alone in the Dark.

Na história, o detetive do sobrenatural Edward Carnby investiga a morte do seu amigo Charles Fiske, que desapareceu na ilha Shadow Island enquanto procurava por três pedras que, segundo as lendas, são capazes de liberar um incrível poder. Com o objetivo de encontrar o assassino de Fiske, Edward aceita continuar a procura pelas pedras, acompanhado pela professora Aline Cedrac – que possui seus próprios objetivos para ir até a ilha. Ao sobrevoar a Shadow Island (em uma cena em CG muito bem feita), o avião onde os protagonistas estão é atacado por uma criatura desconhecida, fazendo com que eles precisem pular.

Sempre tem uma mansão assombrada

Diversão em dobro

Os dois personagens acabam caindo em lugares diferentes do cenário e é o momento de o jogador escolher com quem quer jogar. Aline começa no telhado de uma mansão, enquanto Edward está na floresta que fica nos arredores do mesmo casarão. Logo neste começo, já temos um dos grandes atrativos do game pois a escolha entre personagens não influencia apenas no quanto de dano o jogador pode receber e na quantidade de itens que ele pode carregar, como acontece em RE. Aqui a experiência de jogo muda significativamente dependendo de quem foi escolhido, com vários cenários e até monstros diferentes para cada personagem.

Edward Carnby, como bom detetive que é, começa com um revólver e nos proporciona um estilo de jogo mais tradicional, com vários inimigos para se encher de tiros. Jogar com Aline Cedrac é um pouco mais complicado, principalmente para os jogadores mais afobados, ou menos experientes. Para início de conversa, ela começa sem armas (o que você esperava? Ela é uma professora universitária), tendo que contar apenas com uma lanterna. Além disso, neste cenário o jogador precisa resolver muito mais puzzles do que com Edward. Um desses desafios é justamente conseguir passar por corredores cheios de monstros sem possuir uma arma. Para isso, é necessário utilizar a lanterna, já que a maioria deles têm medo da luz. Em tal situação é preciso que o jogador consiga se posicionar de forma que espante todos com a luz enquanto se movimenta pelo cenário sem ser atacado.

Edward Carnby

E por falar em puzzles, eles são todos muito interessantes, não se limitando apenas ao encaixe de itens em determinados locais. Grande parte desses quebra-cabeças precisam ser resolvidos através da observação do cenário, com a lanterna ajudando muito neste sentido. Alguns puzzles chegam a ser até cruéis com o jogador. A primeira vez que joguei, lembro que fiquei um tempão procurando a peça de um determinado mecanismo. Após rodar todos os cenários possíveis pelos menos umas 20 vezes, finalmente percebi que em um deles uma parte do chão fazia um barulho diferente do resto do cômodo, como se estivesse oco. A partir daí, foi apenas questão de usar o pé de cabra para puxar a tábua de madeira e encontrar a peça que faltava. Enfim, este é um jogo em que é preciso ficar de olhos e ouvidos bem atentos.

Aline Cedrac


Um mundo de escuridão

A apresentação do game é excelente, com gráficos acima da média para o bom e velho PlayStation. Os efeitos de luz e sombras, conseguidos principalmente pela lanterna e pelos relâmpagos, eram sensacionais para a época e garantiam bons sustos para os jogadores. Alone in the Dark: The New Nightmare acertou também na apresentação dos monstros que, por serem de outra dimensão, muitas vezes surgiam do nada. O jogador não se sentia seguro nem em salas pelas quais já havia passado diversas vezes e matado todos os monstros, afinal, mais inimigos poderiam se teleportar a qualquer momento.

O jogo só perde um pouco da força perto do final, quando visitamos o World of Darkness e o clima de tensão e mistério fica de lado em prol de um pouco mais de ação. Como estamos no lar das criaturas sinistras, elas não param de ressuscitar ou surgir uma atrás da outra, fazendo com que o jogador precise fugir para se manter vivo. Claro que isso não é nem de longe suficiente para estragar o jogo, que deve ser experimentado por qualquer fã de survival horror e de boas histórias de terror. E se além de gamer você também gosta da literatura de H. P. Lovecraft, não perca mais nenhum segundo. Saia em busca agora mesmo desse clássico.

Revisão: Samuel Coelho

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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