Jogamos

Análise: Dragon’s Dogma (PS3)

Fazia algum tempo que a Capcom não se aventurava no mundo dos RPGs. Eis que, sem mais nem menos, surge Dragon’s Dogma , uma novidade que c... (por Unknown em 15/06/2012, via PlayStation Blast)

dragons-dogma-20110831095855340-000__47869_zoom

Fazia algum tempo que a Capcom não se aventurava no mundo dos RPGs. Eis que, sem mais nem menos, surge Dragon’s Dogma, uma novidade que conquistou muitos fãs apenas com os vídeos apresentados. Com um estilo datado, mas peculiar, a curiosidade só aumentava à medida que o dia do lançamento se aproximava. Mas afinal, do que é feito esse game? Quais são suas peculiaridades? Pode uma mescla tão aparente de estilos dar um bom resultado? Saiba essas respostas acompanhando a nossa análise.

Um trailer foi o suficiente para levantar as expectativas dos fãs de RPG. Nele, criaturas gigantes foram mostradas, assim como um combate que prometia revolucionar o gênero. Foi assim que Dragon’s Dogma passou a fazer parte da lista de desejo de alguns, e objeto de interesse de muitos.

É fato que o game vinha prometendo muito, sendo ansiosamente aguardado até mesmo pelos mais céticos. Com um sistema de combate robusto, um mundo vasto e perigoso para explorar, aliado a um sistema de Peões inovador, muitos acreditavam ser um MMO offline. O game é um exemplo interessante de como a produtora misturou estilos aparentemente diferentes. Alguns aspectos tradicionais dos RPGs orientais foram incorporados ao já característico estilo de jogo ocidental, com um mundo aberto e focado no combate em tempo real.

Estilo “quimérico”

_-Dragons-Dogma-PS3-_ (1)

Tal como a criatura ao lado, essa é uma das palavras e até mesmo uma das metáforas que definem o game perfeitamente. Assim como uma quimera, o game possui diferentes partes: o ambiente é notadamente inspirado em Monster Hunter; a liberdade é característica da série The Elder Scrolls; a dificuldade é herdada de Dark Souls e as batalhas e os seus combos possuem um quê de Devil May Cry. O resultado? Um dos melhores RPGs de ação do ano.

As influências não poderiam ser mais claras. Em alguns momentos elas funcionam, em outros nem tanto. Realmente, falta um pouco de identidade e personalidade no game da Capcom. A sua ambição de reunir vários elementos de séries consagradas é muito bem vinda, mas se aplicada de forma à sobrepor a ideia inicial, então a coisa pode ficar sem sentido.

O que torna um game único? É uma pergunta difícil, pois são os pequenos e grandes detalhes que fazem a diferença na hora de conquistar o jogador. Seja por uma história absolutamente fascinante e original, ou mesmo por uma mecânica que revolucione determinado gênero. A questão é que Dragon’s Dogma possui alguns desses detalhes, só que a maioria deles foram incorporados de outras franquias e nenhum ganhou tamanha proporção que possa defini-lo como único.

Em busca de um coração

gsm_169_dragons_dogma_interview_multi_041111_2_320

Por mais meigo que possa parecer, essa é a premissa do game. O enredo gira em torno de um renascido dragão que veio para devastar a Terra. Após ter seu vilarejo atacado e depois de imprudentemente tentar matar o dragão com uma espada, o seu personagem é abatido e tem o coração arrancado e comido. Após esse triste inconveniente, você renasce como um Arisen, a última encarnação do herói destinado a caçar à besta e pode escolher entre três classes (Guerreiro, Mago e Ranger) para iniciar a sua jornada. De brinde você ainda ganha a habilidade de invocar combatentes de outras dimensões para partir em busca do seu coração roubado.

Meio genérico, não acham? Há um esforço de originalidade em inserir a questão do coração mas, trocando em miúdos, a história não deixa de girar em torno do velho maniqueísmo entre o herói e o monstro malvado. Tudo bem que a grande maioria dos jogos são assim, mas isso não impede que outros elementos possam ser inseridos na trama com o intuito de dar consistência à receita.

img_normal

Em outras palavras, se você precisa de uma história forte e consistente para lhe fazer jogar um RPG, então Dragon’s Dogma pode desapontá-lo um pouco, visto que sua trama é clichê e um pouco genérica. Apesar disso, as quests lhe incentivam a explorar o mundo e realizar os mais variados objetivos e, acredite, a grande maioria proporciona diversão. Alguém aí duvida que a Capcom vai lançar DLCs com cada vez mais quests para a alegria do consumidor e a salva guarda de seus cofres?

Enfim, fato é que os objetivos a serem cumpridos variam conforme você avança na história, e isso se reflete nas missões paralelas. Por exemplo, ao enfrentar uma hidra gigante que estava devastando um acampamento, você tem que escoltar a cabeça decepada do monstro até a cidade, enquanto hordas de goblins e harpias começam a atacá-lo pelo caminho. São missões que vão gastar boa parte do seu tempo e caso queira completar todas, pode se preparar para algumas surpresas.

Uma jornada épica

dragons-dogma-screenshots

Um mundo aberto com elementos de hack’n slash já fazem a cabeça de muitos jogadores por aí, mas o que dizer de uma jornada épica? Pode parecer contraditório o que vou dizer mas acreditem, não é. É fato que a história do game em si não é das mais originais, mas o modo como ela se desenvolve no ambiente, aliada aos belos gráficos das paisagens, tornam a aventura algo extremamente fantástico.

Andar pelo mapa ao lado dos seus peões (falaremos sobre isso mais adiante) é algo que desperta uma emoção que eu raramente presenciei em outros jogos. Correndo o risco de ser defenestrado por uma legião imortal de fãs, o fato é que de cavernas à montanhas, os variados ambientes passam muito perto de despertar o mesmo senso de aventura que você teria lendo os livros de Tolkien. Soma-se isso ao fato de não ser possível viajar rapidamente de um local a outro como em Skyrim e pronto, a menor das travessias se transforma em uma aventura.

DragonsDogma8

Mas calma lá! Se no que diz respeito a viajar o jogo pode causar empatia nos fãs de literatura fantástica, no quesito imersão ele passa a anos luz de um simples parágrafo escrito pelo “mestre do anel”. Por um lado, há todo esse sentimento de descobrir o desconhecido, por outro o mundo do jogo deixa a desejar. O interior das poucas cidades parece inacabado e, pior ainda, inabitado.  Isso sem falar em NPCs um pouco sem vida e datados.

Apesar de a capital do reino onde o jogo se passa não possuir vida, por mais que haja personagens perambulando de um lado para o outro, fica a sensação de um vazio. Esse é um dos pontos em que a Capcom poderia ter se baseado melhor nos mundos criados pela Bethesda. Ao incorporar elementos de outros jogos, mas sem explorá-los devidamente, o erro só contribui para que a falta de personalidade e aplicação torne-se ainda mais evidente.

Um bestiário para fã nenhum botar defeito

Todo bom fã de RPG sabe que uma das marcas registradas do gênero são os conflitos com as mais diversas criaturas. Com Dragon’s Dogma não poderia ser diferente. No que diz respeito aos inimigos, o jogo passa longe de fazer feio.

Q15-Dragon's Dogma-610

As opções são as mais variadas possíveis. Dos clássicos goblins e lobos, passando por bandidos, harpias e lagartos gigantes até se chegar à cereja do bolo, os inimigos colossais que anseiam por te encontrar e fazer “picadinho de herói”. A lista é vasta: ciclopes, grifos, dragões, gigantes, ogros, quimeras e por aí vai.

Dragons Dogma

Cada uma das criaturas possui forças e fraquezas distintas. Cabe a você descobrir qual a melhor maneira de acabar com elas. Enquanto ciclopes são fracos contra fogo, outros monstros são mais propícios a ataques corpo a corpo e etc. Ou seja, não adianta sair atacando igual a um doido pensando que vai derrotá-los, você vai sair bastante frustrado e machucado.

Isso traz à tona outro ponto importante: a dificuldade do game. Excluindo-se o já conhecido Dark Souls, não conheço RPG mais difícil. Os inimigos são muito resistentes e atacam você em grupo, tornando as batalhas extremamente complicadas caso você não tenha um plano de batalha bolado.

Dragons-Dogma

Ainda lembro de um triste acontecimento: eu estava em uma caverna cumprindo algum objetivo de uma quest quando me deparo com um troll. Depois de uma batalha herculana consigo matar o bicho, mas só para ser morto por um MORCEGO que se aproveitou da miséria de HP que me restava. Triste não? Pois é, pior ainda é ter que passar por tudo de novo, visto que o auto save só funciona ao entrar e sair de locais e com os objetivos primários das missões.

Mas como nem tudo são flores, novamente a Capcom comete alguns deslizes. Por mais que as criaturas do game sejam simplesmente fantásticas, ainda fica a sensação de que poderiam ter sido melhor trabalhadas. Assim como a primeira imagem desse tópico, dêem uma olhada nessa aqui:

4-16-Dragons-Dogma-45

Parece desafiador, não é? Acreditem em mim quando digo que é tão difícil quanto parece. Mas a questão não é essa. A mandíbula e principalmente os olhos dão mais a impressão de uma marionete do que de um dragão aterrorizante. E isso não limita-se somente a essa criatura, as demais são muito bem modeladas, mas faltou um “sopro de vida” aos transportá-las para o game.

Há também um ponto que está se tornando comum nos games da Capcom, os bugs. Infelizmente aqui não há exceção. De erros simples, como uma espada ou cajado atravessando as roupas do personagem, a erros simplórios, como inimigos que ultrapassam paredes e baixa de quadros por segundo. São aspectos estéticos que retiram um pouco do brilho do jogo e demonstram certo desleixo, mas em hipótese alguma retiram a sua diversão.

Offline sim, sozinho nunca.

dragons-dogma-879420Dragon’s Dogma é um RPG singleplayer, mas o sistema de peões faz com que você nunca esteja sozinho em sua aventura. É possível criar o seu próprio peão e também “alugar” os peões de outros jogadores, se você estiver conectado, é claro. Esse foi um dos aspectos que revolucionou o gênero, tornando a aventura muito mais dinâmica e diversificada. Resta-nos a esperança da Capcom atender ao pedido dos fãs e incluir um modo online. Esperem sentados.

Caso esteja online, você pode ir até uma Souls Stone  e pegar o peão de outra pessoa. A parte interessante é que esse personagem vem, obviamente, com todos os equipamentos, skills e experiências adquiridas na campanha do outro jogador. Tudo isso é feito por meio de uma moeda especial para se alugar peões. Quando alguém pega o seu companheiro emprestado, você recebe uma pequena taxa que, se somada, lhe dá acesso a “peões turbinados”, ou seja, de alto nível. Por exemplo, caso tenha o suficiente, você pode pegar um peão de nível 50 mesmo com o seu personagem principal no nível 20. Nem preciso dizer o quanto isso é vantajoso, ainda mais em um game difícil como esse.

Fora o peão criado por você, é possível escolher mais dois, portanto, as estratégias podem ser bem diversificadas. Caso você não tenha como se conectar à internet enquanto está jogando, sem problemas. Há peões criados pelo computador rondando por todo o mapa, basta conversar com um e contratar os seus serviços. Mas infelizmente a vantagem do nível alto não se encontra disponível para esses personagens, que seguem o level do seu herói.

403188_262658010473147_138396076232675_647769_1964410601_n

Os peões podem não ser os melhores companheiros do mundo para se conversar (apesar de darem dicas sobre as quests de vez em quando) mas são absolutamente indispensáveis em sua jornada, principalmente nas batalhas, onde as suas habilidades são essenciais, mas sua inteligência, nem tanto.

Falando em batalhas, Dragons Dogma providencia um rico e satisfatório sistema de combate. Arrisco-me ainda a dizer que a grande revolução do game encontra-se justamente aí. Ao contrário do combate sem vida de Skyrim, aqui as coisas funcionam de forma dinâmica e você realmente se sente lutando com o personagem. Os combates são rápidos e fluidos, seja cortando cabeças de orcs ou subindo nas costas de um gigante.

Há de se levar em conta também as estratégias que o sistema de batalha requer. Como dito várias vezes, o jogo não é fácil. Então você deve escolher bem os seus companheiros. Caso você seja um guerreiro forte, é bom ter por perto um mago que possa te ajudar com ataques de área. A situação inversa também é válida, pois como os magos são vulneráveis é melhor escolher um companheiro robusto que sirva de “isca” para os oponentes enquanto você se concentra em suas magias.

Os controles ajudam muito o combate a se sobressair. Nesse ponto a Capcom acertou em cheio, adequando os botões às habilidades básicas e especiais de seu herói. É muito fácil e intuitivo executar as skills, de modo que uma vez dominado, é impossível cometer algum erro. Sem sombra de dúvidas esse é o melhor combate em tempo real já visto em RPGs. Ser um poderoso guerreiro, um arqueiro rápido e mortal ou um mago que simplesmente destrói tudo nunca foi tão divertido.

É preciso arriscar

O fato é que a geração atual de games é marcada por uma espécie de marasmo. São poucos os jogos que inovam, o que mais vemos são produções “mais do mesmo”. O gênero FPS é o que mais se alimenta disso, onde todo ano o mesmo jogo é lançado com alguns adicionais e vende milhões de cópias.

Isso obviamente acontece em outros gêneros também. Por mais que haja aqueles que sempre vão defender uma volta ao clássico no que diz respeito aos RPGs, é preciso que esse gênero seja passível de inovação. É só desse modo que os games evoluem.

_-Dragons-Dogma-the-Demo-_Nesse ponto, Dragon’s Dogma é novamente um híbrido, ou um monstro bifronte se preferirem. Se por um lado ele insere-se na velha guarda dos jogos que somente aproveitam mecânicas que deram certo, por outro ele arrisca em inovar com um sistema de combate aprimorado e nunca antes visto no gênero. Ao menos nesse quesito, os sucessos são maiores que os fracassos. Ponto para a Capcom, que brinda-nos com um game que pode se tornar o divisor de águas quando o assunto é combate em RPGs.

Prós

  • Divertidíssimo.
  • Mundo vasto, instigante e com um surpreendente senso de aventura.
  • Criaturas fantásticas.
  • Bom desenvolvimento das habilidades dos personagens.
  • Melhor combate em tempo real do gênero.

Contras

  • História clichê.
  • Falta personalidade.
  • Estilo colcha de retalhos.
  • Bugs imperdoáveis.
  • Faltou capricho, parece inacabado.

Dragon’s Dogma – PlayStation 3 – Nota Final: 9,0

Gráficos: 8,5 | Som: 8,5 | Jogabilidade: 10 | Diversão: 10

Revisão: José Carlos Alves


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

Google
Disqus
Facebook


  1. esse parece ser show! tomara q realmente saia pra psvita \õ/

    ResponderExcluir
  2. Finalmente uma opção de rpg da Capcom

    ResponderExcluir
  3. O jogo parece ter muitos problemas mesmo!!

    Ja nos gameplays do jogo ja se via varios bugs como elementos atravessando arvores e casas do cenário!!

    O ruim desses jogos muito grandes é que vc vê muiiiitooo bug!!!

    Na verdade é até normal ver um jogo que prometia ficar devendo na parte tecnica!!

    Visualmente o jogo até engana.. mas, quando vc começa a jogar passa até raiva de ver tantos erros!!!

    ResponderExcluir
  4. A parte que mais gostei da matéria foi:

    a geração atual de games é marcada por uma espécie de marasmo. São poucos os jogos que inovam, o que mais vemos são produções “mais do mesmo”. O gênero FPS é o que mais se alimenta disso, onde todo ano o mesmo jogo é lançado com alguns adicionais e vende milhões de cópias.

    Todo mundo fala da Nintendo mas, a Sony é pior ainda!!!

    ResponderExcluir
  5. To jogando, muito bom o jogo. Negativo só os gráficos.

    ResponderExcluir