Jogamos

Análise: Max Payne 3 (PS3)

Rockstar Games não é só sinônimo de jogos de mundo aberto. Ela também criou uma franquia de ação cinematográfica, com uma personalidade próp... (por Unknown em 27/07/2012, via PlayStation Blast)

playstationblast_mp_01Rockstar Games não é só sinônimo de jogos de mundo aberto. Ela também criou uma franquia de ação cinematográfica, com uma personalidade própria. Max Payne 3 foi lançado esse ano, uma aventura obscura e violenta passada na cidade de São Paulo. Envolvendo políticos corruptos, uma polícia envolvida com o crime e uma trama cheia de idas e vindas, além de sequências empolgantes de tiro, o jogo trouxe de volta à vida um personagem, sem precisar de reboots. Mas será que o jogo vale a pena?

O primeiro Max Payne foi lançado exclusivamente para PC em 2001, e no mesmo ano o PS2, Xbox e Game Boy Advance receberam ports do game. Ambientado na cidade de New York, o jogo acompanhava a história de Max Payne, um policial torturado pela morte de sua mulher e sua filha recém-nascida pelas mãos de usuários de drogas. Em um misto de vingança e busca por justiça, Max desvendou um esquema de corrupção, uma verdadeira conspiração por trás do tráfico de drogas na cidade. O jogo foi revolucionário em diversos sentidos, principalmente pela narrativa ousada, usando o estilo "hard boiled" (um tipo comum de história noir em que o detetive é pressionado por todos os lados, incluindo a polícia), e por ter sido o primeiro jogo a usar o efeito Bullet Time, popularizado pelo filme Matrix.

playstationblast_mp_02

O segundo jogo saiu para PC, PS2 e Xbox em 2003 e se chamava Max Payne 2: The Fall of Max Payne. Mais uma vez trazendo uma história complexa sobre o tráfico de drogas, o jogo foi um sucesso. Curiosamente, a Rockstar levou quase dez anos para continuar a série.

playstationblast_mp_03Um homem quebrado

O ponto inicial de Max Payne 3 é uma cena no final da história, em que ele reflete sobre como "eles" conseguiram o que queriam: um americano enraivecido que saiu matando tudo que viu pelo caminho. Essa cena define todo o tom do jogo.

Para início de conversa, o terceiro jogo se inicia nove anos após o anterior, seguindo a cronologia de lançamento da série. Max está mais velho, mas os mesmos fantasmas continuam a assombrá-lo. Ele passou a beber e a ingerir analgésicos constantemente, criando um vício. A história é contada aos poucos, indo e voltando para explicar o que Max está fazendo no Brasil. Em resumo: ele foi contratado por uma família poderosa, os Branco, para ser segurança de seu "líder", Rodrigo.

É claro que as coisas não são assim tão simples, e Max descobre uma conspiração que parte de um político corrupto e chega ao alto escalão da polícia. Ao mesmo tempo em que ele tenta preservar a vida dos membros da família Branco, Max precisa aprender a viver como um estranho num país completamente alheio a ele, além de lutar contra si próprio na pequena "guerra interna" que ele trava.

Expondo realidades

Não só a história de Max é bem interessante mesmo para alguém que não jogou os títulos anteriores (como eu), sem obrigar você a ficar imaginando o que ocorreu, mas o trabalho da Rockstar para adequar a trama à realidade brasileira foi excelente. Um exemplo é que existe um grupo da polícia chamado Crachá Preto, e em determinado ponto da história, Max fica sabendo que esse grupo foi utilizado por um político para desocupar um terreno invadido, ajudando na especulação imobiliária. Soa familiar?

Além disso, o trabalho de dublagem foi feito de forma bastante competente, apesar de um ou outro personagem usar expressões estranhas. Os xingamentos dos inimigos são um misto de engraçado e constrangedor: não recomendo jogar com o volume alto enquanto membros da família estejam por perto. O outro porém é que alguns poucos personagens são obviamente atores americanos tentando falar em português, com um sotaque ridículo. Nada que atrapalhe tanto, mas para nós, brasileiros, soa bem estranho.

Os toques de humor também são ótimos. Claro que o jogo não pôde usar nomes reais para nada, exceto por exemplo o Rio Tietê. Então para não falar de Corinthians, usaram Galatians. Para não falar o nome de um certo banco, usaram Banco Boitatá. E para não usar o nome de nenhuma novela, criaram o hit da internet Amor e Damas que você confere acima. Genial, apenas.

Quando o Bullet Time salvou vidas

Max Payne 3 é um jogo de tiro. E não se engane: você não irá fazer mais nada no jogo a não ser atirar. Nada de puzzles, menu de itens, diálogos com múltiplas escolhas, exploração... Uncharted é um jogo bem variado perto dele. Isso torna difícil jogar por muito tempo seguidamente, e poderia tornar a jogabilidade chata se não fosse um detalhe: o Bullet Time.

Basta apertar o R3 (o botão embutido sob o analógico direito) e o jogo utiliza a barra que fica ao lado da medida de "vida" de Max para desacelerar o tempo. O efeito visual é ótimo e isso torna o jogo mais acessível. Mas, o mais legal mesmo é o Shootdodge, acionado ao apertar o botão R1 e apontar o analógico para alguma direção. Fazendo isso, Max se joga nessa direção, e enquanto ele não atingir nenhum objeto, você entra em Bullet Time e pode matar os inimigos de uma maneira bem estilosa. Essas duas ferramentas fazem com que uma jogabilidade repetitiva se torne muito mais divertida e visualmente atraente.

Sempre que Max mata o último inimigo daquele cenário em questão, o jogo te possibilita ver a morte em câmera lenta, o que também é extremamente violento, mas inegavelmente divertido. Adicionalmente, o jogo não possui recuperação automática de energia, então a única forma de se curar dos ferimentos é usando analgésicos espalhados pelo cenário. Se Max tiver pelo menos um no inventário e for morto, o jogo entra em Bullet Time, e te dá a chance de matar o inimigo que disparou esse tiro. Se for bem sucedido, sua saúde é recuperada automaticamente.

Max-Payne-3-003[1]

Dito isso, Max Payne 3 é um jogo difícil. Mesmo na menor dificuldade, algumas cenas têm de ser repetidas para que um jogador menos hábil consiga passar adiante. Como eu disse antes, jogar por muito tempo seguidamente é uma tarefa impossível: os controles acabam cansando de uma forma que você passa a errar tiros fáceis e as mortes acabam se tornando frustrantes. É um game para se jogar aos poucos.

Como um filme... mesmo

Enquanto algumas séries se gabam por ser como filmes de ação (Uncharted, eu estou olhando para você), Max Payne 3 realmente se comporta como tal. Sua trilha sonora, as idas e vindas do roteiro e a estrutura das cenas são muito mais fluidas e realmente "emulam" essa sensação de cinema.

Uma coisa bastante inesperada, mas especialmente interessante e característica da Rockstar é uma música com letra cantada começar a tocar durante uma cena normal de gameplay. Isso ocorre apenas uma vez em Max Payne 3, mas o efeito é o melhor possível: na reta final do jogo, somos brindados com uma música excelente, da mesma banda responsável pelo resto da trilha sonora.

Os gráficos não apresentam nenhuma diferença daqueles apresentados em L.A. Noire, exceto pelas expressões faciais que obviamente não utilizaram a tecnologia MotionScan, e são mais artificiais. As animações dos personagens são bem feitas, e isso fica claro durante os momentos de câmera lenta ou Bullet Time. Um comentário que precisa ser feito e repetido: o jogo é extremamente violento. Essa violência parte dos ferimentos causados pelos tiros, que são bem gráficos (um tiro no olho deixa um buraco no rosto do inimigo) até corpos queimados e mutilados. Se a classificação indicativa não é o suficiente para você se convencer, que fique aqui registrado que o jogo é para maiores de idade.

Gangues e times

O surpreendente em Max Payne 3 é seu multiplayer. Não que seja surpreendente a Rockstar fazer um modo online competente, mas em um jogo tão focado em sua história, acaba sendo. Os modos são bastante variados, indo do Team Deathmatch (que possui um modo específico para os novatos aprenderem as manhas do multiplayer, que é um pouco difícil de acostumar) até o criativo Gang Wars. Este último tem cinco rounds, com objetivos aleatórios colocando dois times um contra o outro e finalizando com um deathmatch. Existe até um pouco de história por trás disso!

Prós

  • História imersiva e bem amarrada.
  • Ambientação realista e com referências a vida real bem palpáveis, com direito a críticas sociais e a um humor que até nós, brasileiros, podemos gostar sem nos ofender.
  • Bullet Time e Shootdodge são os elementos mais divertidos da jogabilidade e tornam o jogo realmente estiloso.
  • Trilha sonora impecável.
  • Multiplayer competente, ousado e criativo que estende a vida útil do jogo.

Contras

  • Jogabilidade limitada a cenas de ação pode tornar o jogo repetitivo e cansativo.
  • A quantidade de cutscenes pode cansar um jogador menos interessado na história.
  • Gráficos não têm grandes atrativos.

Max Payne 3 - PlayStation 3 - Nota 8,5
Gráficos: 8,5 | Som: 9,5 | Jogabilidade: 8,5 | Diversão: 9,5

Revisão: Catarine Aurora

iguanamall%25255B4%25255D[1]

Max Payne 3 (PS3) nos foi gentilmente cedido para análise pela Iguana Mall.

www.iguanamall.com.br


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

Google
Disqus
Facebook


  1. Tem um computador na policia com os endereços dos preços, tenho no meu facebook essa imagem e possui varios bairros de SP, Tucuruvi, Tremembé, Casa Verde, Jabaquara, Jaragua, Pirituba, Capão Redondo! Muito bom!

    ResponderExcluir