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Análise: NiGHTS Into Dreams (PS3/PSN)

Como qualquer outra pessoa, você já deve ter sonhado em alguma coisa, certo? Muitas pessoas devaneiam sobre serem bilionárias ou acumularem ... (por Rafael Neves em 25/10/2012, via PlayStation Blast)

nightsComo qualquer outra pessoa, você já deve ter sonhado em alguma coisa, certo? Muitas pessoas devaneiam sobre serem bilionárias ou acumularem todos os troféus no PS3, mas é inerente à raça humana o sonho de voar. E talvez tenha sido essa a inspiração do psicodélico NiGHTS Into Dreams, um dos mais importantes títulos do antigo Sega Saturn. Se você nunca ouviu falar de NiGHTS ou só soube da existência da versão para Wii, provavelmente foi por que trata-se de um jogo ofuscado de um console que fracassou. E esse é o motivo pelo qual NiGHTS tem sua segunda chance nessa versão remasterizada pra a PS3.

Penetra loucamente no reino dos sonhos

nights_art_flute2Quando a garota Claris e o jovem Elliot adormecem, são levados ao mundo dos sonhos (chamado Nightopia) para combater o vilão Wizeman, que planeja roubar todas as Ideyas, esferas capazes de controlar os sonhos. A história combina bem com o estilo frenético e dinâmico do jogo, ou seja, não espere uma trama complexa, mas um pretexto para a ação. E ao dizer “ação” me refiro a um estilo de jogo indefinido que mistura elementos de plataforma e corrida de uma forma inusitada. Sim, antes de tudo, NiGHTS é um jogo estranho. A começar pela (ou pelo) protagonista NiGHTS, que ajuda as duas crianças em sua jornada por Nightopia. NiGHTS é capaz de voar, o que desencadeia toda a mecânica de jogo.

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Apesar de vislumbrar um estenso mundo tridimensional, o vôo de NiGHTS segue cursos predefinidos como um game em trilhos. Há pouca liberdade, chegando a ser frustrante não poder ir até uma gama de orbs que está a alguns centímetros de você só por que o seu curso é outro. Mas, apesar de fugir da proposta de voar livremente, a engine de NiGHTS é bem divertida. É difícil se sentir empacado no jogo, basta mover a alavanca analógica para algum dos lados e NiGHTS voará, podendo realizar acrobacias e executar impulsos. O objetivo é acumular pontos (ao obter orbs e outros itens pelos cenários) e derrotar inimigos. Repetindo-se a operação algumas vezes, você enfrenta o chefe. Não preciso dizer que, aqui, os chefões são psicodélicos e de design extravagante, não é?

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Enigmático feito sonho

Nights-nightopia-8090834-454-600Como já dito, NiGHTS é um jogo estranho e, mesmo que todo game tenha o direito de ser enigmático à sua maneira, a coisa fica complicada nesse aqui. Isso se deve ao fato de o jogo ser muito mal explicado e de difícil entendimento e, ao meu ver, ou os games são bem intuitivos ou precisam ter tutoriais para elucidar sua complexidade. Em NiGHTS, por exemplo, você verá milhares de itens brilhantes pelos estágios de forma semelhante às moedas de ouro de Mario ou às argolas douradas de Sonic, mas sempre se perguntará: qual a diferença entre um orb e o outro? Como funcionam os multiplicadores de tempo? Pra que servem tantos contadores pela tela?

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Em suma, é preciso tempo para entender NiGHTS e, nesse aspecto, o jogo não ajuda muito. Ainda assim, dominada a matemática dos contadores e a física, você se verá voando (ou melhor, correndo) veloz por estágios variados enquanto melhora sua perfomance e destrói dezenas de inimigos. Quanto aos chefões, esses também são bem esquisitos. É difícil entender qual é a deles, embora o processo de destruição de cada um seja muito simples: basta usar o impulso de NiGHTS, mesmo que não haja nenhum indício de que seus golpes estão realmente inflingindo dano.

A sonhada remasterização

56b8c0e62405056fc729a2d0beb74d49e144fd30.jpg__620x584_q85_crop_upscaleApesar de não atender à própria proposta do jogo, NiGHTS é um game memorável. Concebido pela competente Sonic Team, o estilo inusitado podia estranhar inicialmente, mas logo cativou quem teve o prazer de jogar. Como muita gente não teve um Saturn, a versão lançada na PSN é a chance perfeita de mergulhar em Nightopia. Para fisgar os jogadores novatos e agradar os que já tiveram a oportunidade de curtir NiGHTS, a Sega melhorou o visual do game. Em widescreen e HD, não torcemos tanto o nariz para o visual do jogo – como normalmente ocorre com os títulos da era 64-bits jogados hoje em dia. Apesar das texturas melhoradas e dos personagens mais lisos, é fácil perceber que o capricho com os visuais está longe da excelência. A melhora não está além da remasterização pela qual o jogo já passou em uma antiga versão para PS2 lançada apenas no Japão, ou seja, trata-se de descaso da produção.

A trilha sonora não passou por atualizações, o que não faz tanta falta, já que seus ritmos eletrônicos continuam ótimos ainda hoje. A música das fases é alterada pelo sistema de criação e cruzamento de Nightopians (as criaturas que habitam Nightopia). Apesar de interessante, o recurso poderia ter puxado um pouco mais das melhoras pelas quais passou ao ser introduzido em Nights: Journey of Dreams (Wii). Ainda assim, osmais saudosistas poderão ainda jogar a versão original de NiGHTS, incluída no pacote e com os mesmos visuais da versão para Saturn. E os que amam bater recordes e lutar pelas pontuações perfeitas têm a oportunidade de competir no ranking online que essa versão traz. Há também artes conceituais, a trilha sonora para ser ouvida e uma entrevista com Takashi Izuka (designer do jogo) que aquecem o coração dos amantes da Sega.

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Agradando os fãs assíduos de NiGHTS, a Sega incluiu também o pacote Christimas NiGHTS, que traz estágios extras com temática natalina. Essa expansão é uma raridade hoje em dia, um digno item de colecionador, logo, incluí-la nessa versão remasterizada foi uma sábia decisão. Infelizmente, nem todo o conteúdo de Christimas NiGHTS foi trazido, descartando o extra “Sonic The Hedgehog Into Nights”, que coloca o ouriço azul da Sega como protagonista do jogo. E não se tratava apenas de uma “roupa” nova, mas de um personagem com jogabilidade bem diferente da original. O modo multiplayer para duas pessoas também não está incluso, embora não tenha sido o recurso mais interessante da versão original.

Veja como era a jogabilidade com Sonic no NiGHTS original

sega_vintage_hd-500x273Além de NiGHTS, a Sega foi feliz em remasterizar outros de seus clássicos para o PS3 e Xbox 360. Jet Set Radio e Sonic Adventures 2 foram relançados na PSN e nos fazem desejar que mais pérolas da Sega sejam remasterizados.

Sonho ou pesadelo?

nights_into_dreams_hd_conceptart_LrFEiA melhor recomendação que tenho a fazer quanto a NiGHTS após jogá-lo nos últimos dias é uma só: experimente. Não é um game que cativa todos, mas é viciante para quem dar-lhe a chance de mostrar seus potencial. Os visuais poderiam ter sido melhor trabalhados, mas continuarão agradando os saudosistas. A trilha sonora traz ritmos eletrônicos que combinam com a mecânica dinâmica do jogo. E falando na mecânica, temos um misto de estilos que pode frustrar por não conceder o sonhado voo livre, mas continua sendo uma jogabilidade bem divertida. Com conteúdo extra e ranking online, temos aqui mais dois motivos para fazê-lo adquirir NiGHTS Into Dreams. É claro que, da mesma forma que quase nunca conseguimos entender a loucura de nossos sonhos, não se assuste ao sentir-se confuso em sua jornada por Nightopia!

Prós

  • Jogabilidade funcional, dinâmica e divertida
  • Boa trilha sonora
  • Estilo de arte criativo
  • Conteúdo extra, como o Christimas NiGHTS

Contras

  • Jogo difícil de se entendido
  • Remasterização gráfica podia ter sido mais caprichada
  • Nem todos os recursos do Christimas NiGHTS estão inclusos
  • É frustrante não poder voar livremente

NiGHTS Into Dreams – PlayStation Network – Nota Final: 7.0
Visual: 6.5 | Som: 9.0 | Jogabilidade: 8.0| Diversão: 8.0


é quadrinista e estudante de medicina da UFBA. Jogos fizeram parte dessa vida desde os seus primeiros anos, embalando muitos dos mais fortes laços de amizade e histórias de vida. E esse legado desembocam nas matérias que escreve aqui no Blast e em sua HQ, The Legend of Link.

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