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Análise: Final Fantasy III (PSP)

Vinte e dois anos. Intervalo de tempo entre o lançamento de Final Fantasy III para o Famicom, no Japão, até o lançamento do seu remake para ... (por Vitor Navarrete em 02/12/2012, via PlayStation Blast)

Vinte e dois anos. Intervalo de tempo entre o lançamento de Final Fantasy III para o Famicom, no Japão, até o lançamento do seu remake para o PSP. Em 2012, todos os jogos numerados da série finalmente estão presentes em alguma plataforma da Sony. Um belo período de tempo. Mesmo se considerarmos que o game foi lançado aqui primeiro para o Nintendo DS, em 2006, ainda assim foram dezesseis anos de espera. Até hoje não sabemos o motivo do game não ter sido portado para o PS e para o Game Boy Advance, como os outros títulos numerados entre I e VI foram. Mas, antes tarde do que nunca. Acompanhe conosco a jornada dos quatro guerreiros da luz em sua luta contra a escuridão crescente.

Aviso aos navegantes

Na terra do sol nascente, FF III foi lançado em mídia física para o PSP. Já nas terras colombianas, ficamos apenas com a versão da PSN. A Square optou por tal medida, provavelmente, devido ao declínio da plataforma aqui no ocidente. Todos os títulos lançados por ela no ano de 2011 para o PSP, por exemplo, não venderam muito bem. Vale lembrar também que, dentro em breve, FF III vai entrar para o livro dos records como o jogo mais portado da história. Brincadeiras à parte, o jogo, além da remake original para o DS e da versão para o PSP, foi portado para iOS, Android, Kindle Fire e está anunciado para o console baseado em Android, Ouya. Caso você não tenha um PSP/PSVita/PS3 não se preocupe, dentro em breve FF III estará disponível para a geladeira da sua casa.

Os quatro guerreiros das trevas...

Dia e noite. Sol e lua. Yin e yang. Luz e trevas. Dois lados da mesma moeda, mas sem um o outro não existiria. Dessa forma, a luz e as trevas estão em constante batalha, mas seu equilíbrio é mantido com a ajuda de quatro cristais que representam as forças naturais: vento, fogo, água e terra. E o que acontece quando esse equilíbrio é quebrado? O fim do mundo, basicamente.

Há mil anos, uma raça conhecida como Ancients, tecnologicamente avançada a ponto de ser capaz de manter continentes inteiros flutuando, achou que podia controlar o poder da luz. Mas é claro que eles não podiam. Dessa forma, a luz começou a invadir o mundo das trevas e os quatro cristais desse mundo enviaram quatro guerreiros para o mundo da luz, para restaurar o equilíbrio. Assim, os quatro guerreiros das trevas conseguiram conter a luz crescente, mas a situação estava tão caótica que os Ancients foram levados à beira da extinção, devido à sua própria ganância.
O guerreiro sem nome.
Durante a mesma época, o grande Magus Noah, feiticeiro que podia utilizar magia branca, negra e até realizar invocações, tomara uma importante decisão. Antes da sua morte, ele decidiu dar fragmentos do seu poder para os seus três aprendizes: Doga, Unei e Xande. Doga recebeu vasto conhecimento e poderes mágicos, a Unei foi garantido o controle sobre o mundo dos sonhos e para Xande, a dádiva da mortalidade.
Lorde Xande.
Xande ficou enfurecido, pois não conseguiu compreender como perder sua imortalidade poderia ser um presente. Ele decidiu, então, acabar mais uma vez com o equilíbrio entre a luz e as trevas. Assim, ele drena o poder dos cristais da água e da terra, permitindo que a escuridão invadisse o mundo da luz. A presença da escuridão faz com que o tempo congele, logo Xande não precisaria se preocupar com sua condição mortal.

Acontece que, acidentalmente, ao atacar os cristais, Xande cria o continente flutuante onde o tempo corre livremente, ao contrário do mundo da superfície, onde o tempo ficou parado por mil anos. Esse continente é o local de partida dos próximos quatro guerreiros que deverão restaurar o balanço entre luz e trevas.

... e os quatro guerreiros da luz

Os Gulgan profetizaram: "O terremoto foi apenas o início. Os grandes tremores que engoliram os cristais, a luz do mundo, apenas para infestar o mundo de monstros vindos das profundezas da terra cicatrizada são nada mais que portadores do que está por vir. Algo está vindo... Pronfundo, assustador e cheio de triteza... Mas a esperança ainda não está perdida. Quatro almas serão abençoadas com a luz e então começará...".

Os Gulgan são seres que nascem cegos, mas que possuem o poder da premonição. A profecia acima se refere ao mal que aflige o mundo. Para restaurar o equilíbrio entre luz e trevas, é necessário que quatro guerreiros da luz lutem contra a escuridão crescente. Assim, após um novo terremoto, Luneth cai em um buraco na Altar Cave e se encontra com o cristal do vento. Este pede para que Luneth encontre outros três companheiros para que juntos eles possam salvar o mundo da destruição iminente.
Da esquerda para a direita: Arc, Luneth, Refia e Ingus.
Luneth, então, parte em busca dos outros guerreiros. Em Ur, cidade em que foi criado, Arc, amigo de infância de Luneth, se junta à campanha. Na cidade de Kazus, a filha do ferreiro Takka, Refia, se junta ao grupo, pois ela não deseja seguir a profissão do pai. O último companheiro a se juntar ao grupo é Ingus, guarda do reino de Sasune e protegido da princesa Sara.

Após ajudarem a princesa Sara a derrotar o Djinn e acabar com a maldição que afligia a cidade de Kazus e o reino de Sasune, os quatro guerreiros da luz são então invocados pelo cristal do vento. O cristal cede parte de sua luz para os jovens guerreiros e os manda em uma jornada para encontrar os outros três cristais e restaurar o equilíbrio natural do mundo.
Caselo de Sasune.

O sistema de Jobs

O primeiro Final Fantasy, no começo do jogo, permitia ao jogador escolher qual a classe de cada um dos seus quatro personagens. Um sistema similar a vários RPGs de mesa e eletrônicos. Mas, foi Final Fantasy III que introduziu o sistema de Jobs, que viria a ser uma das tradicionais características da série.
Alguns Jobs disponíveis: Black Belt, Warrior, Red Mage, White Mage, Bard, Viking, Monk e Black Mage.
Nesse sistema, é possível mudar o Job de cada personagem sempre que desejar. Cada Job também possui níveis e, quanto maior o nível de um personagem naquele Job, mais eficiente serão suas habilidades relativas ao mesmo. Falando em habilidades, Final Fantasy III também introduziu comandos específicos para cada Job. Pela primeira vez foi possível para um Thief roubar ou para um Dragoon usar a habilidade Jump.

Jump. Jump. Jump. Jump. Seus inimigos ficam sem alvo.

Os Moogles

Como definir um moogle? Um híbrido de rato e urso com asas de morcego e um pompom vermelho na cabeça. Para quem nunca viu um, pode parecer que eu acabei de descrever um monstro horrendo. Mas, só existe um adjetivo correto para definir um moogle: fofo.
Kuppo!
Os moogles, que se tornaram marca registrada da série, também foram introduzidos em Final Fantasy III. Uma verdadeira colônia de moogles vive com o mago Doga e eles o ajudam a administrar sua enorme casa.

Os  Summons

Final Fantasy III criou diversos elementos que marcariam a série para sempre. Além do sistema de Jobs e dos moogles, ele foi o primeiro game da franquia a permitir a invocação de seres extremamente poderosos em batalha, os Summons.
Batalha contra Bahamut.
 Magias extremamente poderosas, os Summons só podem ser invocados por Evokers, Summoners e Sages. No elenco de criaturas que podemos invocar estão: Chocobo, Shiva, Ramuh, Ifrit, Titan, Odin, Leviathan e Bahamut. Odin, um guerreiro extremamente poderoso, selou a si próprio nas profundezas das catacumbas de Saronia. Leviathan e Bahamut foram selados no continente flutuante pelo grande Magus Noah. Para obter o poder de invocá-los, é necessário derrotar os mesmos em batalha. Ou você pode comprar tais magias na terra prometida de Euraka, caso esteja disposto a esvaziar a carteira.

Original Vs Remake

Na versão original do jogo, para Famicom, o jogador controla quatro protagonistas genéricos que não possuem nome, nem sexo. Como dito anteriormante, no remake todos os personagens possuem nomes e personalidades. Tal modificação foi feita para que a história do game ficasse mais fluida e mais similar aos jogos atuais da série.

Outra alteração interessante é no Job inicial dos protagonistas. Na versão original, todos os guerreiros da luz iniciam como Onion Knights (Cavaleiros Cebola).  Já no remake, todos os protagonistas iniciam como Freelancer. O Job Onion Knight virou um Job secreto, só disponível após realizar uma sidequest. No início do jogo, é a profissão mais fraca, mas, nos últimos níveis, acaba sendo a classe mais forte do jogo.
Os novos Onion Knights.
As sidequests do jogo são todas acessíveis através da Mognet, uma adição ao jogo original. A Mognet surgiu inicialmente em Final Fantasy IX (PS) e sua ideia foi estendida no remake original. Era necessário enviar diversas cartas para personagens encontrados pelo jogo e também para outros jogadores. Na versão para PSP, a parte de enviar cartas foi retirada, sendo necessário apenas conversar com os moogles carteiros para receber novas cartas e liberar as missões paralelas.

A versão do PSP conta com gráficos melhorados, sobre a versão do DS, além de galerias com ilustrações e a opção de jogar com a nova trilha orquestrada ou com a trilha original. Também é possível acessar um player, a partir do menu principal, e escutar todas as músicas do jogo.

Contudo, a principal adição na versão do PSP, sobre as outras versões do remake, é o comando Auto-Battle. Basta apertar Select e os personagens repetirão seus últimos comandos e a velocidade da batalha é dobrada. Para evoluir Jobs mais demorados, como o Onion Knight, essa opção é uma benção divina, tal qual a luz dos cristais.

Veredito

Para quem é fã de RPG em geral, Final Fantasy III é um jogo que vale a pena ser jogado. O jogo foi demasiado importante para a franquia para ser ignorado. Assim como todos os RPGs de sua época é um jogo difícil. O fato de continuar não sendo possível salvar em qualquer lugar que não no mapa, não ajuda em nada. Mas, acima de tudo é um jogo divertido, com uma história leve e simples, de aquecer o coração.

Prós

  • Finalmente poder jogar todos os títulos da série nas plataformas da Sony.
  • A trilha sonora.
  • Visual simples e carismático.
  • História simples.
  • Dificuldade alta, para quem gosta de desafios.
  • Possibilidade de equipar uma arma em cada mão logo de cara.

Contras

  • O visual elaborado para o Nintendo DS, mesmo que melhorado, não utiliza todo o potencial do PSP.
  • História simples para os padrões atuais da série.
  • Muito difícil para jogadores menos entusiastas do gênero.
  • Não poder salvar antes do chefe.

Final Fantasy III - PSP - Nota Final: 9.0
Visual: 8.5 | Som: 10 | Jogabilidade: 9.0 | Diversão: 8.5
Revisão: Catarine Pereira

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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