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Análise: BlazBlue: Central Fiction (PS4/PS3) é o ápice da franquia

O jogo da Arc System é o quarto e mais completo jogo da saga iniciada em Calamity Trigger e fecha a história com muitas horas de jogatina.

Apesar de a série BlazBlue ser famosa pelos seus jogos de luta 2D, a franquia conta com um universo bastante extenso em outras mídias, com direito a light novels, mangás e até um anime completo. No pacote ainda temos vários jogos spin-offs e versões estendidas, mas a linha principal mesmo tem apenas quatro títulos: Calamity Trigger (Multi, 2009), Continuum Shift (Multi, 2010), Chrono Phantasma (Multi, 2014) e, fechando essa complexa saga, Central Fiction.


Cada um dos jogos da série é uma sequência do anterior, o que deixará qualquer novato perdido ao adentrar nas aventuras de Ragna the Bloodedge (protagonista da franquia) sem conhecimento dos fatos ocorridos anteriormente. Para piorar, Central Fiction está todo com vozes em japonês e legendas em inglês (ou japonês) — e nem uma palavra em português.


O modo de história cobre uma temporada inteira de um anime, com muitas horas para completá-lo, e é todo contado através de uma extensa visual novel linear, com raros momentos de luta — se você estava com vontade de praticar a sua leitura em inglês, essa pode ser uma boa pedida. O enredo traz um típico anime shonen, com lutas, diversos momentos cômicos e uma pequena dose de drama, além de personagens que seguem arquétipos comuns, como vampiros, pessoas meio-gato, ciborgues, com espadas enormes, cabelos volumosos e espetados, e por aí vai.
Central Fiction é o primeiro jogo da franquia a não trazer vozes em inglês, o que deixou os americanos bastante chateados, a ponto de criarem uma petição online pedindo por um DLC com a dublagem em seu idioma — fora as reclamações da página da Arc System.

Lutadores para todos os gostos

Mantendo a tradição da franquia BlazBlue, que não retira personagens, apenas os acrescenta, Central Fiction conta com o maior set de lutadores da franquia, num total de 35, sendo sete novos — ao menos como personagens jogáveis, já que todos têm alguma ligação com o universo de BlazBlue, seja como NPCs em jogos anteriores ou participando em títulos spin-offs, mangás, light novels ou anime. Eles são Naoto Kurogane, Hibiki Kohaku, Izanami, Mai Natsume, ES, Konoe A. Mercury e Susano'o. Assim, acrescentá-los ao elenco foi muito natural, como se fosse questão de tempo para eles serem jogáveis.


Hibiki Kohaku, capitão da NOL, é um dos destaques entre os novatos. Ele é um personagem muito rápido e utiliza clones como Drive, tanto para enviá-los como se fossem projéteis quanto para trocar de lugar com eles, o que o torna um personagem muito ágil e difícil de ser atacado. Outra que chamou atenção foi a Konoe A. Mercury, uma bruxa muito poderosa e estilosa que controla os elementos e se teleporta.
As personagens ES e Mai Natsume estão disponíveis apenas via DLC ao preço de R$24,50/U$7.99 cada — a ES ficou disponível por uma semana gratuitamente. É uma pena que ainda haja essa prática de vender personagens separadamente já no lançamento do jogo.

Sistema de luta com técnica e estilo

Desde Calamity Trigger, BlazBlue se consolidou como uma série de títulos de luta respeitado, com ótimo sistema e um belo visual estilo anime. Com o passar dos jogos, as mecânicas foram sendo aperfeiçoadas, como o sistema de guarda em Continuum Shift, ou retirando o que não funcionou tão bem e acrescentando novidades, como o Overdrive introduzido em Chrono Phantasma. Dessa forma, Central Fiction é a versão definitiva da franquia e mantém o sistema do jogo anterior, alterando algumas mecânicas e acrescentando outras.

O Overdrive é um modo em que o personagem fica mais energizado temporariamente e varia de personagem para personagem. Os ataques de Jin Kisaragi, por exemplo, ao ativar o golpe, paralisam os oponentes. Em Central Fiction, o período de duração do Overdrive, que é diferente para cada personagem, aparece na tela quando ele é ativado, facilitando taticamente para o jogador se orientar, permitindo melhor uso do sistema.


BlazBlue tem dois sistemas de jogo: Technical e Stylish. O primeiro é o tipo normal, no qual você faz todos os comandos para executar os golpes; o segundo é para ajudar os novatos, pois facilita os especiais e combos. Em Central Fiction, o Stylish mudou e agora é basicamente o Technical, no qual executa-se todos os ataques que estão na lista de comandos, mas com a possibilidade de desferi-los ao apertar o botão de especial (botão X) mais o direcional.


A primeira das novas mecânicas introduzidas em Central Fiction é o Exceed Accel. Ele é um tipo especial de Distortion Drive, que funciona com o comando A+B+C+D durante o Overdrive ou segurando o mesmo comando após ativar o Overdrive. O personagem executa um ataque especial e, caso o conecte, o golpe é executado, causando grande quantidade de dano ao adversário e encerrando o Overdrive imediatamente.


A outra novidade no sistema, chamada de Active Flow, aumenta a quantidade de dano infligida e acelera a recuperação da Burst Gauge. O personagem entra em Activate Flow ao tomar ações ofensivas, como ir pra cima do oponente em vez de recuar, ou atacar em vez de defender. Essa é uma forma de favorecer as lutas mais francas e penalizar ainda mais os "fujões" — é basicamente o oposto da Negative Penalty, introduzida nos jogos anteriores.
Os iniciantes na série não precisam ficar preocupados em não conhecer o sistema de luta. Central Fiction conta com um modo de tutorial completo, que ensinará todos os conceitos do jogo, desde o básico em termos de movimentação até os golpes mais complexos. Antes de se aventurar em disputas, principalmente online, talvez seja uma boa ideia passar algum tempo entendo as mecânicas de BlazBlue.

Muitas opções de jogo

Central Fiction conta com diversos modos de jogo que garantem muitas horas de jogatina, desde os já tradicionais Arcade ao Time Attack. Difícil não ter o que fazer nesse jogo. Além dos modos tradicionais, dois novos foram adicionados: Speed Star e Alliance. No primeiro, é necessário derrotar uma quantidade determinada de oponentes antes que o tempo esgote. O personagem não perde energia e deve se preocupar apenas em ser rápido para derrotá-los. No segundo modo, o jogador escolhe um time com quatro personagens e luta contra outro time de quatro, controlado pela IA.


Para os que gostam de jogar online contra outros adversários, não faltam boas opções, sejam ranqueadas ou amistosas. O lag depende da conexão de ambos os jogadores, mas caso isso não seja problema, as lutas serão bem fluidas. Há, inclusive, um fórum para tirar dúvidas com outros jogadores ou desafiar oponentes.
Central Fiction é um jogo de luta completo, com todos os tipos de modo que se poderia pedir em um jogo do gênero. Ele também finaliza a extensa e complexa saga iniciada em Calamity Trigger. Além disso, o jogo é a versão definitiva da série, contando com todos os personagens passados — e os novos — e com as mecânicas mais evoluídas e completas da franquia.

Prós

  • Muitos modos e personagens;
  • História extensa e divertida;
  • Mecânicas de luta sólidas.

Contras

  • Vozes apenas em japonês.
BlazBlue: Central Fiction — PS4/PS3 — Nota: 9.0
Versão utilizada: PS4

é formado em Direito pela UFRN. Joga videogame desde os tempos do Atari e sempre acompanha as novidades na indústria de jogos. Está no Facebook e no Twitter.

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