Discussão

Horizon Zero Dawn (PS4) será um flop ou um sucesso?

Entre tantos jogos com alta expectativa, será que a nova produção da Guerrilla Games será um sucesso estrondoso ou mais um falso hype?

Todo ano o mundo dos games recebe centenas de lançamentos para todos os tipos de plataformas. Entre essa lista imensa de novidades, existem aqueles jogos que se sobressaem como os mais aguardados do ano. Vários são os motivos para isso acontecer: uma continuação há muito aguardada, como Kingdom Hearts 3 (PS4); um novo capítulo de uma franquia conhecida, como The Legend of Zelda - Breath of the Wild (Wii U/Switch); um título totalmente original de uma empresa já conhecida ou um desenvolvedor que é ícone no mercado, como Death Strandind (PS4); ou também um título original e supostamente inovador, que tem o potencial de virar uma franquia nova ou ao menos um jogo memorável, como é o caso de Horizon Zero Dawn (PS4), pelo menos até agora.


Mas tudo ao seu tempo. Vamos dar uma olhada para trás para ajudar a refletir sobre as possibilidades que Horizon tem em mãos, tanto para bem quanto para mal. Além disso, vamos ver o que o jogo já mostrou e o que pode ajudá-lo a dar muito certo também, ou muito errado. A verdade é que Horizon Zero Dawn não é o primeiro jogo desconhecido que ganha os holofotes e passa a ser um dos mais aguardados. Mas isso não impede ele de ser um sucesso absoluto. Mas é bom termos cuidado com o hype, pois já tivemos péssimas experiências com ele também…


Senhoras e senhores, Horizon Zero Dawn!

Horizon Zero Dawn foi anunciado oficialmente durante a E3 2015 e chamou atenção de primeira por ser uma IP nova e exclusiva do console de mesa da Sony. Mas não foi só isso que agradou o público: Horizon é um RPG de ação em mundo aberto ambientado mil anos no futuro, em um mundo pós apocalíptico em que os  humanos foram obrigados a voltar para as cavernas por conta da evolução quase biológica das máquinas. Já em seu primeiro vídeo o jogo demonstra a imersão do mundo e a grandiosidade das criaturas mecânicas que vivem nele.

Entre os acertos apresentados durante suas divulgações está a protagonista chamada Aloy, que o jogador controla ao longo da aventura, utilizando todas as perícias e agilidade tática da personagem para enfrentar as mais variadas formas de máquinas que mais lembram animais modificados. Além disso, já foi demonstrada também uma grande variedade de equipamentos e mecânicas de coletas de recursos das criaturas abatidas. De acordo com o material divulgado, tanto a eletricidade quanto as partes metálicas das criaturas são de crucial importância para a sobrevivência de Aloy.



As batalhas são outro ponto que chamou bastante atenção nos gameplays divulgados. A mistura entre ação e combate tático é interessantíssima pois dá ao jogador uma extensa variedade de modos de derrotar um único inimigo. Dependendo da tática utilizada, a criatura pode ser derrotada mais rapidamente ou então até ser capturada e utilizada como montaria pela protagonista. O jogador ainda pode criar armadilhas, disparar flechas em regiões vulneráveis da criatura, utilizar explosivos, usar combate corpo a corpo ou executar mortes silenciosas.

Além disso tudo, o jogo ainda mostrou mecânicas de criação de equipamentos, variações climáticas e ciclo dia-noite. Seus desenvolvedores também divulgaram que o jogo não terá nenhum tipo de tutorial, encorajando assim os jogadores a descobrir as nuances e estratégias de jogo por tentativa e erro, aumentando assim a imersão. Mas será que tudo isso garante que o jogo não irá flopar depois de seu lançamento em março?


A maldição do Flop

Flopar é uma gíria muito utilizada entre comunidades de fãs e é inversamente ligado a gírias como “bombar”. Dessa forma, podemos deixar por aqui que flopar seria o mesmo que não fazer sucesso, fracassar, ser derrotado, não conseguir êxito em seus objetivos. Seguindo nessa lógica, será que Horizon Zero Dawn conseguirá cumprir com tudo que promete, tornando-se um jogo ícone e até uma referência para outros jogos surgirem como foram em suas épocas The Legend of Zelda (NES), ICO (PS2) e The Last of Us (PS3)? Ou será outra decepção como foram em seus momentos também Watch Dogs (Multi) e o mais recente No Man’s Sky (PC/PS4)?

Pegando o exemplo dos dois últimos jogos citados, em ambos os casos tivemos o mesmo padrão que está ocorrendo aos poucos com Horizon: um período longo de desenvolvimento que gera um aumento gradativo do hype em cima do produto. Alguns adiamentos garantiram que esses jogos se tornassem cada vez mais aguardados pelo grande público e seus conceitos, que prometiam uma repaginação de gêneros já conhecidos estavam cada vez mais no imaginário do público.



O problema de Watch Dogs foi literalmente não se adequar as próprias propagandas. Uma extensa coleção de bugs e uma qualidade gráfica muito inferior àquela prometida pela Ubisoft durante o desenvolvimento do jogo causou um grande rebuliço e então o jogo que era há muito considerado a “forma evoluída de GTA” ou então o “Assassin’s Creed moderno” acabou flopando pouco tempo depois de seu lançamento, angariando de brinde uma publicidade negativa desastrosa. Felizmente, sua continuação conseguiu reverter um pouco essa publicidade, mas o problema do hype e das falsas promessas assombraram a franquia por muito tempo.

E por falar em falsas promessas, como não citar uma das maiores polêmicas do mundo dos games no ano passado: No Man’s Sky, Hello Games e Sean Murray. O jogo independente que foi aguardado por muito tempo prometeu revolucionar o gênero de exploração espacial dando um universo desenvolvido proceduralmente, que tornaria as experiências do jogador praticamente ilimitadas. Experiência online, variedade de modos de jogo, crafting, building e batalhas em naves espaciais foram prometidas, divulgadas e melhoradas ao longo do desenvolvimento do game. O produto final chegou a impressionar nas primeiras horas, mas a repetição e a baixa variedade comparada com o que fora prometido foram os principais motores para o flop reinar em No Man’s Sky também.



Esse caso foi parcialmente revertido no final de 2016, quando a Hello Games efetuou uma grandiosa atualização no game trazendo finalmente algumas das mecânicas prometidas por eles antes do lançamento do jogo, como a construção de bases e o uso de naves maiores. Entretanto, mesmo que particularmente eu tenha gostado do jogo, a publicidade negativa dele está em voga até hoje. E mais uma vez, adiamentos e hype só causaram mais problemas para o título no fim da história.

Mundo aberto, crafting e RPG… Já vi isso antes

Mesmo com similaridades no desenvolvimento e na opinião pública se comparado principalmente com Watch Dogs e No Man’s Sky, ainda temos outro problema que pode causar dor de cabeça para os desenvolvedores de Horizon Zero Dawn: a sobrecarga do gênero. O mundo aberto realmente é uma tendência na atualidade e até jogos de franquias icônicas como o novo The Legend of Zelda - Breath of the Wild (Wii U/Switch) e o novo God of War (PS4) terão o conceito introduzido em suas vastas ambientações. Mas até que ponto os jogadores estarão dispostos realmente a explorar cada vez mais jogos assim?

O gênero de jogabilidade que ficou conhecido pela franquia GTA teve nos últimos anos títulos excelentes e outros medianos que buscaram explorar esse conceito. O brilhante e elogiadíssimo The Witcher 3: Wild Hunt (Multi) foi um dos que, com maior maestria, utilizou dos mecanismos de mundo aberto em sua trama. Um pouco antes dele, The Elder’s Scrolls V: Skyrim (Multi) virou ícone entre os RPGs de mundo aberto, por conta da sua evolução clara se comparado ao capítulo anterior da franquia, Oblivion. No ramo futurista, onde Horizon se encaixa melhor, ainda tivemos no ano passado Xenoblade Chronicles X (Wii U) que trouxe a mecânica dos Mechas como forma de exploração e Final Fantasy XV (Multi) que trouxe ótimas paisagens mas também alguns problemas nas mecânicas de exploração.



Essa enxurrada de jogos em mundo aberto (só citando os mais famosos) pode causar um efeito de sobrecarga no público em algum momento, tornando os jogadores “acostumados demais” com o gênero e começando a identificar mais as repetições e mesmices que são difíceis de fugir em alguns momentos. Horizon inova (bem como Watch Dogs em sua época) misturando mecânicas táticas, de sobrevivência e de construção de equipamentos às mecânicas já conhecidas da exploração de um extenso mundo. Tudo isso com uma roupagem de fato original mostrando uma história na qual colide o pré-histórico e o futurista. Isso de fato é um dos pontos que pode atrair bastante no jogo.

A luz no fim do túnel

Dentro de todas essas mecânicas, exemplos e controversas existe um ponto que pode garantir o sucesso de Horizon e sua subida ao panteão dos jogos memoráveis da geração: seu enredo. Um jogo que se propõe a fazer o que Horizon está propondo não iria muito longe sem uma história muito bem desenvolvida e adaptada para as mecânicas presentes ali. A imersão nesse novo mundo é uma preocupação interessante da Guerrila Games, e talvez seja ela a garantia de sucesso do jogo. Já vimos isso antes? Claro que já! E o nome dele é The Last of Us.

O jogo que virou referência de qualidade e por muito tempo foi o título mais premiado da história dos videogames foi desenvolvido pela Naughty Dog e de inovação exatamente não tinha nada muito drástico. Em uma época onde a onda de jogos de apocalipse zumbi ia de vento em popa, The Last of Us surgiu sem muita inovação, mas com a pitada certa de diversas mecânicas diferentes, fazendo a experiência de jogo ser brilhante, tornando o jogo algo único na indústria de games.


Horizon Zero Dawn possui o potencial para fazer algo do mesmo naipe que The Last of Us, resta saber se a Guerrilla conseguirá dar conta do recado. O hype, uma faca de dois gumes para os jogos, cresce a cada dia e as esperanças desse ser um dos primeiros grandes lançamentos de um ano recheado de grandes pérolas é alta. A criadora de Killzone tem em mãos uma grande responsabilidade: cumprir o que prometeu e garantir ao público uma nova experiência de exploração em mundo aberto. Entre o fracasso e o sucesso, nos resta aguardar até o dia 28 de Fevereiro, quando o jogo finalmente será lançado nas Américas.

Revisão: Ana Krishna Peixoto

é Psicólogo e Mestrando em Comunicação pela UFJF. Está no Blast desde 2014, onde é Redator e Diretor. Começou sua vida gamer bem cedo no NES e hoje divide seu tempo entre games antigos e novos. Pode ser visto por aqui sempre escrevendo algum texto polêmico, instrutivo ou nostálgico. Geralmente é visto em alguma discussão no Facebook ou no Twitter.

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