Jogamos

Análise: Pode (PS4) é uma adorável aventura com ótimos quebra-cabeças

Jogo com proposta cooperativa traz um visual encantador e mecânicas de jogo divertidas.

Quando se faz parte do universo gamer, muitas vezes podemos acabar prestando atenção somente em títulos de grande porte. Franquias famosas, produções milionárias e propagandas agressivas dão holofote para alguns games, o que pode limitar a nossa experiência em uma indústria cheia de excelentes jogos que não tem tanto destaque. Pode (PS4/Switch) é um bom exemplo desta situação: apesar de não ser tão famoso, sua bela produção e jogabilidade divertida o tornam um título excelente. Nesta Análise, vamos conferir um pouco sobre este game indie fascinante.

Para aquecer o coração

O game conta a história de Glo, uma estrela que caiu do céu, e Bulder, uma rocha que se solidarizou com o problema do pequeno corpo celeste. Juntos, eles devem explorar uma grande montanha na tentativa de devolver o astro de volta ao seu lugar. Pode foi lançado originalmente para Nintendo Switch em junho de 2018, recebendo uma versão para PS4 em 19 de fevereiro de 2019.
A estrela e a rocha de Pode
Desenvolvido e publicado pela empresa Henchman & Goon, o indie tem como enfoque um misto de aventura do tipo plataforma com quebra-cabeças. Embora tenha uma proposta cooperativa (dois jogadores locais), jogar sozinho ainda vale muito a pena. As fases consistem, basicamente, em sair de um ponto inicial e chegar a um ponto final. No meio do caminho, existem vários obstáculos e enigmas para serem solucionados utilizando as habilidades especiais de cada personagem.

Bulder e Glo formam uma dupla simpática, cuja relação de amizade é encantadora. Apesar de não haver nenhum trabalho de dublagem, as caretas e ruídos feitos por eles são mais que suficientes para termos uma comunicação. Somado aos cenários muito bem detalhados e as músicas bem acabadas, encontramos em Pode um jogo extremamente agradável de jogar.
Uma explosão de cores em cada partida
Sua pegada tranquila e suave, inclusive, foi uma surpresa para mim, acostumado a jogar títulos como Apex Legends, Call of Duty e FIFA, que exigem concentração e reflexos rápidos. Seus quebra-cabeças são bem pensados, as animações são bonitas e criativas e a jogabilidade é divertida. Mesmo sem ser um grande épico com história e produção estrondosas, Pode é realmente uma experiência única.

Uma bela e envolvente aventura

Sem dúvidas um dos maiores destaques de Pode é o seu visual. Embora o título como um todo seja bastante original, seu design me pareceu ser ainda mais inovador. Segundo divulgado pela própria produtora, todo o game é baseado em elementos da arte norueguesa. Embora eu não seja um especialista em arte, realmente toda a ambientação me pareceu bastante inédita, coerente, e, sobretudo, muito bonita.
Pode te leva para descobrir vários cenários bonitos
É interessante frisar que os gráficos não são do tipo realista ou mesmo muito detalhados. Mesmo assim, utilizando texturas limpas e designs caprichados Pode consegue ter um visual bonito e agradável. Glo e Bulder, apesar de serem simples, são adoráveis e muito carismáticos. Eu me senti muito satisfeito ao descobrir novos e belos cenários, sempre cheios de surpresas. Certamente Pode é um jogo que recebeu muito esmero na sua concepção e desenvolvimento.

A iluminação tem um fator preponderante no game. Reflexos na água, plantas luminosas e rochas brilhantes são um espetáculo à parte. Com os poderes de cada personagem (conforme veremos mais para frente), flores, folhas e pedras surgem de vários pontos no cenário. Todos eles são coloridos, bem acabados e dispostos em cada fase. Estes elementos formam uma verdadeira festa na tela, incentivando o jogador a explorar cada cantinho para encontrá-los.
Antes (esquerda) e depois (direita) dos amigos ativarem os seus poderes
Muitos destes elementos, inclusive, permitem que segredos sejam descobertos ao longo das fases. Todas elas são interligadas em um grande hub central, onde são representadas por símbolos luminosos. Estes, inclusive, podem ser utilizados para que o jogador monitore o seu progresso ao longo do jogo através de um menu/mapa, que mostra as fases e quantos segredos cada uma esconde.

O jogo também faz bonito no quesito som. Os efeitos sonoros são simples, mas competentes, tais como o movimento das pedras e da água, por exemplo. Como já comentado antes, os personagens se expressam por ruídos e sinais, seja com os rostos ou os braços. As músicas são agradáveis e combinam bem com a proposta de Pode. Todas elas têm uma pegada meio misteriosa utilizando acordes mais clássicos, elevando ainda mais o nível de expectativa em cada nova fase.

Desafios na medida certa

Mas Pode não se limita a ter um belo visual. Suas mecânicas de jogo são sólidas, intuitivas e divertidas. Cada um dos personagens tem habilidades especiais para resolver os quebra-cabeças e superar as fases. Bulder interage com rochas, podendo acionar botões, atravessar pequenos túneis e carregar objetos com a boca (incluindo o seu amigo). Já Glo pode interagir com plantas, flutuar ao pular e se teletransportar.
Os amigos podem, inclusive, ativar os seus poderes ao mesmo tempo
Esta “interação” ocorre da seguinte forma: ao apertarmos o botão R2, cada personagem emite uma espécie de campo de força. Este campo, então, interage com o elemento de cada um (pedras e plantas), gerando algum efeito no cenário. Subir ou descer plataformas, aumentar o tamanho de rochas e fazer crescer flores gigantes são alguns dos exemplos. Algumas vezes, acionar este poder em lugares aparentemente vazios pode revelar segredos interessantes. Com a possibilidade de revisitarmos fases, encontrar este bom número de objetivos secundários é uma opção divertida e desafiadora.
Revele desenhos e acione os botões com os devidos personagens
Glo também pode descobrir pinturas escondidas em paredes, enquanto Bulder pode encontrar vagalumes em flores petrificadas. Além dessas habilidades (e de outras que descobrimos ao longo do game), o jogador pode utilizar a interação entre os personagens para resolver os enigmas. Precisa ir a uma área liberada por um botão? Deixe Bulder acionando a chave para que o seu colega possa acessá-la. Quer investigar o outro lado de um abismo? Use Glo e sua capacidade de planar. Estas tarefas coordenadas salientam o potencial do modo multiplayer, embora o jogo funcione bem no modo single-player.

Mesmo que a maioria dos quebra-cabeças seja intuitiva, exigindo um tempo aceitável de raciocínio e tentativa e erro, algumas exceções foram um pouco frustrantes. Mas graças aos ambientes coloridos, ausência de contagem de tempo e música agradável, resolvê-los não chegou a ser tão difícil. Esta, aliás, é uma constante do game: sua pegada mais leve pode ser um pouco lenta demais em certas oportunidades.
O game também dá dicas através de desenhos nas paredes
Inicialmente, senti muita falta de um botão “turbo” ou algo que aumentasse a velocidade do jogo, sobretudo dos personagens. Conforme fui avançando, entretanto, percebi que o ritmo era essencial para que se pudesse curtir tudo que Pode pode oferecer (com o perdão da redundância). Outro ponto que causou um pouco de dificuldade em alguns momentos foi o posicionamento da câmera. Como ela é ajustada pelo próprio jogo, certos segmentos de plataforma que pareciam fáceis exigiram algumas tentativas para serem vencidos.

Jogar entre dois jogadores certamente é a melhor forma para se aproveitar o game. Além de aumentar a diversão dos desafios, o ritmo mais lento do jogo pode se tornar mais dinâmico e agradável. Na verdade, esta foi a forma com que Pode foi concebido para ser jogado: ao lado de um amigo, permitindo que a dupla (tal como Glo e Bulder) possa descobrir os mistérios por trás de um título encantador e divertido.

Para os amantes de um bom game

Esteja você buscando uma opção para os chamados “grandes jogos” ou então apenas uma diversão original, Pode é um item obrigatório para a sua coleção. Seu visual é bonito, com belas cores e iluminação agradável. Sua jogabilidade é intuitiva, misturando quebra-cabeças e plataforma de maneira desafiadora e divertida. Com mecânicas que funcionam bem tanto para single e multiplayer e vários segredos para serem encontrados, o título é uma agradável e fascinante experiência.
Muitas aventuras com essa dupla divertida

Prós

  • Gráficos encantadores;
  • Jogabilidade simples e funcional;
  • Mecânicas de jogo intuitivas e divertidas;
  • Boa quantidade de objetivos e segredos;

Contras

  • Campanha um pouco curta;
  • Ausência de outros modos de jogo;
  • Ritmo um pouco lento, sobretudo se o game for jogado sozinho.
Pode - PS4/Switch - Nota 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia digital disponibilizada pela Henchman & Goon

Revisão: Raphael Barbosa
 
E você, leitor? O que achou da análise? Ficou curioso para explorar o mundo de Pode? Deixe a sua opinião.

é um grande fã da décima arte, embora ultimamente não tenha tido muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: Kingdom Hearts, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, COD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank. Caso tu tenhas gostado da matéria que ele escreveu, é possível encontrar mais algumas no blog dele.

Comentários

Google
Disqus
Facebook