Blast from the Past

Blast from the Past: Vagrant Story (PS)

Que a Square (atualmente Square Enix) é especializada em RPGs você já sabe. É da desenvolvedora que saíram todos os Final Fantasy . Mas... (por Unknown em 15/08/2011, via PlayStation Blast)

vagrantfront Que a Square (atualmente Square Enix) é especializada em RPGs você já sabe. É da desenvolvedora que saíram todos os Final Fantasy. Mas além da franquia, a Square produziu diversos títulos menores (e mais ousados, se me permitem dizer). Dentre eles, Parasite Eve, Xenogears e Vagrant Story. Referências religiosas, batalha em tempo real, reviravoltas e uma trama política são traços de Vagrant Story que o fizeram diferente de outros títulos da companhia, e que fazem dele merecedor da atenção especial que receberá aqui.

Dos mesmos criadores de Final Fantasy Tactics, Vagrant Story começou a ser desenvolvido através de uma visita da equipe a cidade francesa de Saint-Emilion, em 1998. Ela serviu de inspiração para os cenários e deu todo o clima para a história do jogo. Seu principal criador, Yasumi Matsuno, queria desenvolver um jogo com personagens originais e distanciar-se um pouco da franquia Final Fantasy, e então, tornou Vagrant Story prioridade. Seu esforço foi recompensado: ele foi o único jogo do Playstation a receber a nota máxima da revista japonesa Famitsu.ashley

“Metal Gear Solid Medieval”

Não é à toa que Vagrant Story recebeu esse título. Ele tem idas e vindas em sua história, e inicia-se com um prólogo em que o jogador fica sabendo que o protagonista, Ashley Riot, está sendo culpado pela morte do Duque Bardorba, um membro do Parlamento do Reino de Valendia. Os eventos do jogo, curiosamente, mostram o que aconteceu uma semana antes do assassinato.

Outro fato interessante sobre Vagrant Story é que, como todos os jogos de Matsuno, ele se passa em um mundo específico chamado Ivalice. Aparentemente, a história se passa muito antes de Final Fantasy XIII, pela completa ausência de tecnologia moderna. É um mundo totalmente medieval (ainda que fantástico).

Ashley é um membro de uma espécie de “guarda real”, chamada Valendia Knights of the Peace (V.K.P. – Cavaleiros da Paz de Valendia, em português). Sua divisão dentro da organização é a dos Riskbreakers (algo como Quebradores de Risco), e eles são responsáveis pela segurança do estado. Se você notou alguma semelhança engraçada desses grupos com o FBI, isso não é uma coincidência: o game realmente tem esse tom de conspiração governamental, e, por isso, se encaixa tão bem na ideia de um “Metal Gear medieval”.

Mas, voltando à história, a divisão de Ashley é designada para perseguir o líder de um culto religioso chamado Müllenkamp, chamado Sydney Losstarot. Esse grupo invadiu a mansão do Duque Bardorba em busca de uma suposta chave, e sequestraram o filho dele, Joshua. Ashley foi designado para trabalhar junto com uma Inquisidora dos V.K.P., chamada Callo Merlose. Eles seguem Sydney (e seu escudeiro, Hardin) até a cidade amaldiçoada de Léa Monde. Ela fora devastada por um terremoto, e toda a sua população havia morrido, apenas para tornarem-se mortos-vivos controlados pelas forças da Trevas nas quais a cidade é mergulhada.

Além dos Riskbreakers, Sydney está sendo caçado por um esquadrão de Crimson Blades (Lâminas Escarlate), outro grupo com motivação religiosa, mas no caso, representando os cristãos e com fortes referências aos templários, já que caçam hereges e cultistas. É por causa desse grupo que a magia é mostrada como algo raro: a religião puniu aqueles que tentavam tornar-se magos em Ivalice.

Em Léa Monde, Ashley faz diversas descobertas interessantes, incluindo a real motivação dos Crimson Blades, a natureza da “chave”, seu papel dentro do plano de Sydney e, é claro, uma verdade atordoante sobre seu próprio passado. Evidentemente, não vou me prolongar contando tudo isso, pois a graça é você presenciar tudo isso acontecendo, mas o jogo tem várias reviravoltas.

A vitória dos polígonos

Vagrant Story foi lançado na época em que os gráficos em 3D estavam se tornando mais populares, deixando de lado os cenários pré-renderizados de Resident Evil. Aí é que existe outra semelhança entre Vagrant Story e Metal Gear Solid: os dois usaram estilos de arte parecidos. Mesmo assim, Vagrant Story é um dos melhores títulos de Playstation em termos de gráficos.

DIALOGUE

Além dos gráficos bonitos, o estilo de arte do jogo também é bastante interessante. Os personagens não usam roupas simplesmente medievais, elas têm um toque moderno e agressivo, sempre pontuadas por materiais sydneymais “brutos”. Durante as cutscenes (em uma raridade no Playstation), os personagens possuem expressões, movendo boca, sobrancelhas e olhos. Como o jogo não tem dublagem, os diálogos são feitos através de balões, como se fossem uma história em quadrinhos, e isso funciona muito bem com o design dos próprios personagens.

Destaque para o estranhíssimo suposto vilão do jogo, Sydney. Se ele não te deixar curioso pelas suas motivações, será pelas roupas, sua manopla com garras e pela enorme tatuagem em suas costas, que tem forte ligação com a história. Com certeza, um dos “vilões” mais interessantes da Square.

Batalhas, armas e armaduras

O sistema de batalhas no jogo é bastante parecido com aquele utilizado no primeiro Parasite Eve. Quando o jogador decide atacar, o jogo pausa a ação e cria em volta de Ashley um “campo”, mostrando até onde essa arma alcança e permitindo atingir pontos específicos do inimigo com aquela arma. Essa parte é bastante importante: muitos inimigos são vulneráveis apenas em suas caudas, e outros nos braços.

combat 
O mesmo funciona para Ashley. Se você for repetidamente golpeado nos braços, Ashley fica mais fraco e causa menos dano com as armas. Isso exige que o jogador fique sempre atento ao status de Ashley e que tome cuidado com as armaduras.

Falando em armaduras, outro ponto forte de Vagrant Story é a customização de armas e armaduras. Durante todo o jogo, você coleta ítens pelo cenário e de inimigos. Podem ser espadas, lanças, machados, bestas ou cajados. Essas armas possuem seus próprios atributos. Por exemplo: algumas são eficazes contra dragões, mas totalmente ineficazes contra fantasmas. Para ajudar nesse ponto, o jogo traz um sistema de customização. Em vez de comprar armas nas lojas, Ashley entra nas lojas de ferreiros e customiza suas próprias armas, misturando-as. Isso ajuda muito a liberar espaço no inventário (pois em vez de jogar armas fora, você pode combiná-las com outras para melhorar seus atributos contra uma classe específica ou apenas deixá-la mais forte). E também é necessário planejar e manter mais de uma arma, cada uma para um tipo de inimigo.

Há também o sistema de Chain Abilities (Habilidades em Cadeia). Como o próprio nome diz, você pode encadear ataques com essas habilidades. Por exemplo: Ashley usa sua Chain Ability para “sugar” HP do inimigo. O jogo te mostra um botão a ser apertado num momento específico do ataque, e se você for certeiro, Ashley pode encadear outro golpe. Essas habilidades são muito úteis contra inimigos mais fortes. Há também as Break Arts, que reduzem o HP de Ashley, mas aumentam o dano de seus ataques.

E, por último, o jogo tem uma barra de Risk (Risco). É uma medida do quanto Ashley está concentrado, e quanto maior o Risk, menos preciso e forte Ashley é. O Risk é aumentado pelo uso de Chain Abilities.

Quebrando a cabeça

Outro fator marcante no jogo são os puzzles. Não do tipo de voltar metade do cenário para pegar um item, mas do tipo “pegue esse bloco e use-o para chegar ao seu objetivo”. Alguns são bastante simples, bastando arrastar um bloco para subir numa plataforma. Outros são complexos e tomam um bom tempo até você saber onde deve puxar, onde deve empurrar e onde deve apenas pular sobre.

puzzles 
Esse elemento dos blocos e puzzles lembra muito os jogos de plataforma e não é a parte mais divertida do jogo, mas para os loucos por usar o cérebro, é uma boa pedida. Vagrant Story ainda tem um sistema de time trial para esses puzzles, chamado Evolve or Die!!! (Evolua ou Morra!!!). Quando você entra numa sala com puzzle pela segunda vez, começa um timer e você tem a chance de bater seu próprio recorde naquela sala.

Um conto de introdução

Vagrant Story, infelizmente, é um dos poucos títulos passados em Ivalice que não têm ligação com os outros. Por se passar num passado do mundo, antes das naves de Final Fantasy XII, ele acaba servindo como um conto de introdução, e mostra principalmente como a religião perdeu um pouco o espaço no mundo e a magia aos poucos retomou seu lugar.

O pano de fundo político/religioso e o clima de conspiração misturado ao ambiente medieval e fantástico tornam Vagrant Story um dos meus jogos preferidos e lembra dos tempos áureos da Square, quando a companhia ainda desenvolvia jogos originais e ousados, misturando elementos e estilos. Vagrant Story já está disponível na PSN americana, e é uma compra que vale muito a pena: o jogo foi lançado no final da vida do Playstation e é o mais próximo dos gráficos de PS2 que você pode chegar (perdendo, talvez, para Parasite Eve 2). De qualquer maneira, uma obra-prima que merece reconhecimento.


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

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  1. Que jogo interessante. Tenho que arrumar um tempo para jogá-lo. :D

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  2. To na duvida se pego ou não. E já faz tempo.

    Joguei ele rapidamente no PSone quando saiu.

    O game é muio curto? Linear? São essas dúvidas que vem me impedindo de compra-lo.

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