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Análise: Patapon 3 (PSP)

Games musicais geralmente são bastante interessantes e divertidos. Prova disso são jogos como Guitar Hero, com suas dezenas de continuações,... (por Alan Kottwitz em 18/04/2012, via PlayStation Blast)

Heróis UnidosGames musicais geralmente são bastante interessantes e divertidos. Prova disso são jogos como Guitar Hero, com suas dezenas de continuações, e Rock Band. É difícil não conhecer um jogador que não tenha uma guitarrinha ou uma bateria de plástico jogada no canto do quarto. Patapon 3 é a combinação perfeita entre esse gênero de game musical, RPG com combates em tempo real e progressão lateral. O terceiro título da série fecha com chave de ouro a trilogia que narra a saga da tribo de guerreiros monoculares.


A curiosidade petrificou os Patapons


E aí irmão?Os Patapons parecem ser os primos distantes dos pokémons Unown. São pontinhos pretos com um olho só que ficam pulando e cantarolando com suas vozinhas infantis. Mas por trás dessas carinhas engraçadinhas e simpáticas, se escondem guerreiros ferozes, impiedosos, que parecem ter feito cursinho na mesma escola onde Kratos estudou. O objetivo dessa tribo guerreira é chegar até Earthend, a terra prometida dos Patapons. Patapon 3 começa de onde seu antecessor parou: os Patapons encontraram um baú misterioso e decidiram abri-lo, para descobrir que tipo de tesouro havia nele. Ao abrirem o baú, acabam libertando sete demônios que espalham o mal pelo mundo, assim como acontece na história da caixa de Pandora. Os Patapons acabam sendo amaldiçoados por conta disso e toda a tribo é transformada em estátuas de pedra.

Uberheroes

A lenda ressuscita...


Sou um Power RangerNos jogos anteriores, o jogador assumia o controle de um ser conhecido como Todo-Poderoso, que é o deus dos Patapons. Apesar de serem valentes soldados, as bolinhas ciclopes são desprovidas de vontade própria. Todas as ações, incluindo marchar e atacar, são transmitidas pelo Todo-Poderoso aos Patapons através da batida de tambores místicos. Após ver seus protegidos serem transformados em pedra, o Todo-Poderoso decide ajudá-los, encarnando no corpo de um herói Patapon. E então, com a ajuda do espírito ancestral de Silver Hashipon, o deus-herói se reúne com Hatapon, o único sobrevivente e portador do estandarte de batalha da tribo. Juntos eles usam o poder dos tambores para libertar três Patapons da maldição, formando assim um time de heróis cuja missão é derrotar os sete demônios, para então livrar os Patapons do terrível destino que os acometeu.

Quadrado, Quadrado, Quadrado, Bola


Fizemos besteira...A série Patapon apresenta uma jogabilidade única e divertida. Toda a ação do game é baseada nos botões de comando do PSP. Para andar, pular, atacar e etc., é preciso combinar o toque dos botões para formar uma combinação de sons, objetivando com isso executar uma sequência melódica correspondente a uma ação. O quadrado representa o som PATA, o triângulo é CHAKA, o círculo é PON e o xis é DON. A combinação PATA, PATA, PATA, PON, faz os guerreiros marcharam para frente, enquanto que PON, PON, PATA, PON os faz partir para a ignorância.

Vai encarar, mano?Mas está enganado quem pensa que para se dar bem nesse jogo basta adotar a estratégia de ficar esmagando os botões a esmo, como muitos fazem ao jogar um game no estilo de Street Fighter. Em Patapon é preciso jogar usando a audição. No fundo musical há o som de uma batida e as bordas da telinha do PSP ficam piscando de forma ritmada, servindo como um metrônomo. Para executar os comandos, é preciso seguir o ritmo desse metrônomo no compasso certo. Ao executar a combinação no tempo correto, os Patapons repetem o som e seguem as ações dadas pelo jogador. Há também uma barra no canto superior da tela, chamada Fever, representada por uma minhoca preta. Quando se executa algumas batidas com timing perfeito, formam-se combos que se acumulam e enchem a barra Fever, aumentando os pontos de ataque e de defesa dos Patapons. Quanto mais animados os guerreiros estiverem, mais poderosos eles serão.

É fácil pegar o ritmo do jogo logo de cara. Depois dos primeiros minutos de tutorial, os comandos principais já ficam decorados e mesmo depois de desligar o videogame, após algumas horas de jogatina, o ritmo ainda fica ecoando na cabeça. Para que o jogador não se confunda na execução dos combos, ou para o caso de ele se esquecer após ficar um longo período de tempo sem jogar, há, na borda inferior da tela, uma lista com as combinações de botões para cada tipo de movimento. Mesmo nas batalhas contra os chefões de estágio, onde é preciso ter raciocínio rápido, os combos saem quase que naturalmente.

Aquilo é um Colosso? Recuar!!!


Chamem o Wander!A progressão do jogo é em sidescrolling, ou seja, basta seguir avançando para a direta ou para a esquerda, matando os inimigos que aparecem pela frente, destruindo fortalezas e coletando itens. O game apresenta elementos de RPG, é possível subir de nível, mudar de classe e comprar armas e equipamentos. Logo no início do jogo, o jogador define qual a classe do herói que vai liderar seu exército, podendo escolher entre um espadachim, um lanceiro ou um arqueiro. Essa decisão influencia na determinação de quais tipos de habilidades ele terá, podendo ele ser mais ofensivo e o primeiro a partir para o esculacho, ou mais defensivo, criando uma espécie de barreira protetora temporária.

Minha casinha de praiaNas versões anteriores da trilogia, era possível construir um exército com dezenas de Patapons. Infelizmente, isso resultava em muito tempo gasto com evolução de classes e com a customização de equipamentos que se adequassem as habilidades de cada Patapon. Agora, o exército é composto por apenas quatro guerreiros que sobem de nível quase que simultaneamente e cada um possui sua própria “árvore de evolução”. Pode-se escolher entre empunhar armas brancas, carregar pistolas monstruosas e até montar em cavalos ou vigas. O jogador decide se o Patapon da linha de frente vai ser um tanque, que atropela tudo pela frente, ou se vai carregar um escudo gigante para proteger os colegas que vêm atrás.

O único ponto negativo da aventura são os inimigos. Alguns são ridiculamente fracos, enquanto que outros são absurdamente fortes. Em alguns casos, depois que seus Patapons chegam ao nível 20, dá para matar uns dez inimigos fracos de uma vez só, apenas com uma espadada. Enquanto que em outros casos, como, por exemplo, nas lutas contra os gigantes, que parecem ter sido tirados do game Shadow of the Colossus, você pode ficar mais de meia hora descendo o sarrafo neles, que os monstrengos nem sequer sentem cócegas.

Jamais subestimem os Patapons

HiráááEnquanto que muitas produtoras de jogos gastam milhões de dólares para criar cenários com o máximo de realismo possível, Patapon consegue ser original com seus gráficos simplistas, que mais parecem ter sido tirados de um trabalho escolar de uma criança do jardim de infância. A cor preta é predominante, lembrando um teatrinho de sombras, mas mesmo assim os cenários são de uma riqueza artística muito expressiva de profundidade. A cargo da direção de arte está o artista francês Rolito, que se inspira nas artes primitivas africanas para dar vida a seus trabalhos.

Um Patapon Fred Krueger!!!As músicas são entoadas pelo coro dos próprios Patapons em combate. Apesar de repetirem sempre as mesmas palavras e compassos, eles constantemente variam o tom. Patapon 3 pode ser chamado de a versão Rock’n Roll da série. Em alguns estágios, é possível identificar acordes de guitarra e de baixo, embora em muitos outros predomine bem mais os acústicos cantados pelos Patapons. Uma vez que a música neste jogo é um elemento que está ligado diretamente a jogabilidade, quem tem o controle da trilha sonora da aventura é o próprio jogador.

 

Os Patapons também são gladiadores


Uma das novidades que Patapon 3 trouxe para a série foi a adição das inéditas partidas multiplayer em modo online ou local. Agora é possível juntar até oito jogadores para participar de uma espécie de torneio de arena, onde os líderes das tribos, os deuses-heróis, se enfrentam em uma competição de “mata-mata”, onde vence quem conseguir permanecer em pé. Há também a possibilidade de formar uma equipe com outros três jogadores, para completarem as missões da campanha principal. Infelizmente, assim como no modo de arena, apenas os líderes das tribos podem ser selecionados e somente quatro guerreiros podem compor o exército. Agora vem a facada: para poder jogar online é preciso comprar um passe na PSN.

Bora, PataponzadaAtacar!

Rumo à vitória

Patapon 3, assim como seus antecessores, consegue ser inovador, criativo e viciante. É um jogo que facilmente passa de cem horas de gameplay, com exploração de masmorras e lutas contra toneladas de inimigos. É uma experiência engraçada, divertida e encantadora. Esse é um daqueles poucos jogos que fazem a pessoa parar e pensar seriamente em comprar um PSP.

Prós

  • Jogabilidade inovadora;
  • Divertido e viciante;
  • Muita coisa para se fazer no jogo;
  • Adição de um modo multiplayer;

Contras

  • Alguns inimigos são ridiculamente fáceis, enquanto que outros são frustrantemente difíceis;
  • É necessária a compra de um passe na PSN para liberar o modo multiplayer online.
Patapon 3 – PSP – Nota: 10
Gráficos: 10 | Som: 10 | Jogabilidade: 9 | Diversão: 10
Revisão: Samuel Coelho

é formado em Administração de Empresas e seu primeiro videogame foi um Dynavision Radical com 64 games. Adora escrever, é fã de carteirinha de Neil Gaiman e se amarra em coisas Nerds. Para trocar uma ideia com ele, basta procurá-lo no Facebook.

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