Jogamos

Análise: The Amazing Spider Man (PS3)

Fã incondicional do Spidey, fiz a pré-venda empolgadíssimo com The Amazing Spider Man . Já adianto que esse novo game surpreendeu a todos,... (por Unknown em 26/07/2012, via PlayStation Blast)

Fã incondicional do Spidey, fiz a pré-venda empolgadíssimo com The Amazing Spider Man. Já adianto que esse novo game surpreendeu a todos, inclusive a mim. O mundo aberto que todos esperavam veio acompanhado com novas e ousadas mecânicas. Inovações são sempre bem vindas, e a Beenox mostrou que tem jogo de cintura para fazer uma franquia que um dia será digna de representar o aracnídeo. Mas chega de papo furado. Preparem os lançadores de teia e venham perambular por Nova York.

Jogos baseados em filmes são ruins. Não tem como, esse é o primeiro pensamento que vem à cabeça de todo gamer quando fica sabendo de uma adaptação. Não dá para culpá-los, visto que 9 em cada 10 adaptações são realmente terríveis. Felizmente meus amigos, apresento a vocês uma dessas poucas exceções. The Amazing Spider Man é um dos melhores jogos baseados em filmes que eu já vi. E tem mais, seja isso bom ou ruim, arrisco-me a dizer que ele vai ser lembrado como “o” game do Aranha nessa geração.

O desenvolvimento, novamente, ficou a cargo da Beenox, responsável por jogos como o excelente Ultimate Spider Man. Só por isso já podemos esperar algo de qualidade, até mesmo porque a própria Activision comprou o estúdio e o colocou como responsável apenas pelos jogos do aracnídeo.

Vista o uniforme em meio a terríveis confusões

Mas por que esse game não é como as outras adaptações? Simples, os produtores não fizeram o jogo como uma tentativa de recriar os acontecimentos do filme. Esse foi o principal motivo pelo qual ele ficou bom. De fato, o game serve como uma espécie de complemento para o filme, abordando acontecimentos que são posteriores aos vistos na telona. Aqui a aventura começa alguns meses depois. O novo chefão de pesquisas da Oscorp é Alistar Smythe, um cientista especializado em nanotecnologia e que pretende continuar as experiências de cruzamento entre espécies criadas pelo Dr. Connors.

Você começa a história visitando um laboratório na Oscorp juntamente com Gwen Stacy, e acabam descobrindo que novas criaturas estão sendo criadas. Mas acontece que de algum modo as criaturas reagem à presença de Peter e começam a se descontrolar, destruindo o local e escapando para a cidade, infectando a todos pelo caminho, inclusive a namorada do herói. Essa parte é muito bacana, pois ao mesmo tempo em que remonta a alguns acontecimentos do filme, também introduz a trama principal do game e mostra alguns vilões clássicos, dentre eles o Rino.
Desesperado, Peter deve vestir o uniforme e sair pela cidade correndo contra o tempo em busca de uma cura. Ele também encontrará bastante ajuda, incluindo o auxílio do ex-vilão Dr. Connors, que estava no Hospital Psiquiátrico e escapou com uma ajudinha do Aranha. O problema é que Smythe também está atrás das criaturas e solta o seu exército de robôs para eliminar qualquer forma de vida alterada geneticamente, o que inclui o amigão da vizinhança.

É em meio a essas turbulências que a narrativa se desenvolve, muito bem por sinal. Um dos principais motivos é que ela traz um elemento presente nos quadrinhos, mas pouco explorado nos games: o fato de que os problemas que surgem ao longo da história são consequências dos próprios atos do Spidey. De criaturas soltas pelas ruas à doentes mentais perambulando pela cidade, tudo são decorrências das escolhas feitas pelo personagem. É um adicional a mais que dá ao jogo um senso de responsabilidade ausente em outras adaptações.

Balançando por Nova York

Como todos sabem, esse game marca a volta do Aranha em um mundo aberto. A Beenox até fez um bom trabalho criando uma emoção de balançar entre os prédios da cidade, ir de um lugar para outro pode consumir um bom tempo. Há um botão responsável por lançar teias e ganhar impulso de um prédio a outro e também pode-se fazer uso do Web Rush, a grande novidade do game. Por meio dele, o tempo literalmente pára e você pode apontar em determinadas direções, feito isso o Spidey desloca-se de maneira sensacional, percorrendo grandes distâncias e usando elementos do próprio cenário como apoio. Sem sombra de dúvidas é algo de encher os olhos, mas fica uma certa sensação de vazio, visto que a inteligência artificial faz tudo por você.

Visualmente o game é muito bonito, principalmente a cidade, que é bem desenhada e possui vida. É legal ver as pessoas se surpreendendo quando você passa balançando e depois postando os seus comentários em uma rede social do game. Essa foi uma boa sacada da produtora, visto que há opiniões divergentes sobre o herói e que são comentadas lá.

Outro ponto que merece atenção é que, infelizmente, a produtora pecou em um ponto que é fruto de discussões herculanas entre os fãs. Pode parecer pífio à primeiro vista, mas não é. Onde diabos o Spidey prende a teia nesse game novo? É uma sensação desconfortável vê-lo jogando a teia no “nada” e se pendurando. Essa mecânica que eu “carinhosamente” chamo de Sky Swing faz com que o personagem fique voando por cima dos prédios ao invés de se balançar entre eles. Ao ver a imagem abaixo, tenho certeza que vocês também estão se perguntando: está grudando a teia aonde, Spidey?

Há jogadores que dizem: “Os jogos do Aranha só funcionam assim, pois de outra forma não teria a fluidez necessária”. Eu respondo a esses jogadores com o seguinte: E o Spider Man 2? Considerados por muitos, inclusive por mim, como o divisor de águas do gênero. Ali você tinha que sempre prender a teia em algum lugar, e de maneira alguma atrapalhou a fluidez, pelo contrário, o resultado são situações memoráveis que nunca sairão de nossas lembranças.
Eu acho sim que a Beenox pecou nesse ponto, não que a movimentação seja ruim, longe disso. Mas acredito que ela poderia ter aprimorado a ótima física de SPM 2 e criado um jogo que definitivamente entraria para a história. Mas como todos sabem, nem tudo são flores no mundo dos games.

Combates, missões e falhas compensadas com extras?

Ficou óbvio que o combate do game foi marcadamente inspirado pelos novos títulos do Batman que, convenhamos, renovou os elementos de luta, deixando-os muito mais dinâmicos e divertidos. A Beenox acertou em alguns pontos e errou feio em outros. O seu sentido aranha avisa-o em determinados momentos que você levará um golpe, há também um botão para contra-ataque, um para socar e outro como ataque especial, tudo no mesmo estilo visto com o morcegão. Ah, e pela primeira vez na história dos jogos do Aranha, o seu uniforme rasga à medida que você é atacado. Já estava mais do que na hora disso acontecer.

Os produtores disseram que o sistema de combate da Rocksteady foi fundamental, mas que tudo foi feito de modo a privilegiar as habilidades do cabeça de teia. O problema é que a execução é totalmente diferente, no fim das contas o que você vai fazer é sair esmagando os botões, esquivando, usando o Web Rush para pegar objetos e inimigos e fugindo quando receber muito dano (há um comando específico para isso).

Por outro lado, no que diz respeito à furtividade o Spidey faz bonito. É possível eliminar os oponentes pouco a pouco, agindo silenciosamente, e é nesse ponto que tudo fica divertido. É simplesmente impagável ver o personagem prendendo os inimigos no teto e abusando deles. Essa é outra característica marcante dos quadrinhos que a produtora recuperou, o senso de humor do herói é visto no seu auge ao longo da história. Ponto para a Beenox.

Mas agora eu levanto a seguinte questão: será que a produtora sabia que o jogo ia falhar em alguns aspectos e tentou compensar isso com uma enxurrada de extras que atolam o jogador por horas a fio?
Há inúmeras missões paralelas a serem feitas. Entre bater em bandidos, correr atrás de carros e prestar serviços de fotógrafo boas horas de jogo são gastas. Destaque para esse serviço de freelancer, onde o herói tem que ajudar a repórter Whiney Chang a investigar diferentes mistérios e rende boas risadas, visto que a interação entre os dois personagens é sempre hilária. Se você é desses que gosta de jogar após finalizar a história principal, garanto que não ficará entediado.

E isso se deve principalmente devido a dois super extras que só prolongam mais ainda a vida útil do game. Um deles são as centenas de páginas de revistas em quadrinhos espalhadas pela cidade, seja em cima dos prédios ou mesmo voando pelos céus. E sim, são realmente centenas, totalizando 700 páginas que, se coletadas, transformam-se em revistas completas podendo ser lidar na íntegra. Para o deleite dos fãs mais aficionados, entre elas está a clássica Amazing Fantasy #15.
E por último há os uniformes, que são desbloqueados quando se fotografa os símbolos do Aranha que estão escondidos pela cidade. São inúmeros e garanto que vão agradar a todos os gostos. A Beenox vai disponibilizar um por mês, mas os mais espertinhos podem mudar a data no seu console e já ir destravando as roupas.

Extras são sempre bons, diga-se de passagem, mas em excesso levantam suspeitas como o fato de querer encobrir a falta de algo. O lance das revistas foi uma boa jogada, mas exageraram na quantidade, só mesmo um fã com paciência mórbida para ir em busca de todas. Fica a impressão de que o jogo foi lançado às pressas, o que está acontecendo com muita frequência ultimamente. Infelizmente os resultados financeiros são postos à frente de um produto que agrade aos fãs, que no fim das contas são quem realmente importa.

Nem tão “Amazing” assim…

No geral, The Amazing Spider Man não é tão incrível como queríamos. Porém, é um game indispensável para os fãs, mesmo não havendo nada nele que faça todos pensarem: “definitivamente é esse”! Mas ainda assim, é admirável o fato da Beenox saber produzir jogos do Spidey como nenhuma outra. Ela tem o potencial de transformar os games do amigão da vizinhança em algo maravilhoso, só falta um pouco de ambição e de repensar velhas mecânicas, adequando-as às novas. Como fã, posso dizer que estou tranquilo com a franquia nas mãos de gente tão competente. Que o próximo nos surpreenda ainda mais.

Prós

  • Adaptação decente.
  • Visual belo.
  • História bem contada e envolvente.
  • Mecânicas inovadoras.
  • Divertido de jogar.

Contras

  • Combate genérico.
  • Falta de interação entre o mundo aberto e fechado.
  • IA do game faz todo o trabalho duro no Web Rush.
  • Extras em excesso.
The Amazing Spider Man – PlayStation 3 - Nota Final: 8,0
Gráficos 8,0| Som 8,0| Jogabilidade 8,5| Diversão 9,0
Revisão: Leandro Fernandes

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

Google
Disqus
Facebook