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Discussão: Jogos da PSN são mais originais?

O mercado de jogos em mídia física recebe atualmente uma enxurrada de shooters em primeira pessoa clonados à exaustão de Call of Duty (in... (por Unknown em 25/10/2012, via PlayStation Blast)

O mercado de jogos em mídia física recebe atualmente uma enxurrada de shooters em primeira pessoa clonados à exaustão de Call of Duty (incluindo os clones dentro da própria série), shooters em terceira pessoa clonados à exaustão de Uncharted e Gears of War e séries que lançam jogos novos todo ano, feito Atividade Paranormal nos cinemas. Mas existe um reduto de jogos mais originais e criativos, lançados com menos verba e com muito mais ousadia: a PlayStation Store. Há inclusive quem diga que esses jogos são a salvação do mercado de games.  Venha conosco discutir esse conceito e descobrir os motivos por trás disso.

Menor custo, menores as apostas

É óbvio que custa menos lançar um jogo de forma digital do que em mídia física. Só a parte da logística já retira uma boa parte do custo, fora o papel, plástico e a própria mídia. Então se uma equipe aparece com uma ideia muito louca e pouco "comercial", o que a distribuidora faz? Ela diz: "lance de forma digital".


Por isso, a maior parte dos jogos da PSN são mais baratos também: Journey, um dos maiores sucessos da PlayStation Store, saiu por apenas US$19,99. E pode-se argumentar que esses jogos costumam ser bem curtos, o que justifica o preço menor. Isso também entra na equação, mas é no sentido contrário. Essas produtoras recebem bem menos verba para criar seus jogos e, portanto, não podem fazer um jogo muito extenso. Para completar, se fizerem um jogo que exija 25GB do disco rígido do console, dificilmente alguém vai parar para baixá-lo.

Vamos usar uma outra analogia em relação à série de filmes de Atividade Paranormal. O primeiro custou apenas US$15.000 para ser produzido, e rendeu mais de US$190.000 de bilheteria. Com um custo de produção reduzido, o risco de prejuízo é muito menor. Resultado: como as distribuidoras não estão apostando tanto, elas deixam os desenvolvedores mais "soltos", sem interferir no processo e o resultado invariavelmente é, pelo menos, mais autoral.

Ou seja: é claro que não dá para esperar que um jogo criado por uma equipe de dez pessoas tenha 60 horas, da mesma forma que um que foi criado por sete equipes de vinte pessoas, apoiadas por uma super distribuidora. São jogos curtos, normalmente simples, mas que trazem um ar refrescante à mesmice do mercado de games.

Aquelaempresadegames

Não, isso não foi um erro de digitação. A thatgamecompany é o nome da desenvolvedora de Journey, Flower e Flow, três dos jogos mais estranhos e únicos da história. Os três têm algo em comum: o objetivo de não criar um jogo de ação alucinante, mas causar reações emocionais no jogador.

Olha a ideia: em Flow, você controla um organismo aquático que precisa se alimentar de outros. É isso. Talvez nas mãos de outra produtora, ele se tornasse um jogo de plataforma estranho. Mas Flow tem até uma inspiração da psicologia no nome do jogo. Sabe quando você está tão concentrado em alguma coisa que parece que o mundo ao seu redor se apagou? Esse é o conceito real de Flow. Ah, sim, o controle é feito através do Sixaxis, o acelerômetro do DualShock 3.

Já em Flower, novamente utilizando o Sixaxis, você controla uma pétala de flor, e voa por campos juntando outras pétalas. Parece bobo? Veja o vídeo abaixo.


E finalmente, em Journey, o próprio título mostra a ideia. Aproveitando a imersão única, o jogador tem de realmente embarcar numa jornada, sem indicações textuais, e pode contar com a ajuda de um outro jogador, sem saber seu nome, ID da PSN ou qualquer coisa semelhante. Essa ajuda inesperada, sem rosto e sem nome evita aquele papo de "não jogo com n00b", além de proporcionar uma experiência muito diferente.

Nem só de Journey vive a PS Store

Se enganam aqueles que pensam que só a thatgamecompany produz jogos com essa ousadia. Embora não seja um exclusivo como os três citados anteriormente, Limbo foi um sucesso de crítica e apresentou uma jogabilidade única. Em vez de jogar com a luz ao seu favor, são as sombras que definem as formas de tudo em Limbo. É impossível ver armadilhas e inimigos de forma precisa até que eles se movam. Isso somado ao estilo violento e a dificuldade quase agressiva do jogo criaram um fenômeno digital.


Outro jogo único é o recente The Unfinished Swan. Eu pude jogá-lo na Brasil Game Show desse ano, e a ideia é tão original quanto arriscada: você anda em primeira pessoa por um mundo branco e pode jogar bolas de tinta para ver as formas do caminho. Você acha que esse jogo seria assim se fosse lançado em mídia física? É claro que não.

E como esquecer de Stacking? Nesse jogo, o protagonista é uma boneca russa, daquelas que se encaixam umas dentro das outras. Em uma história repleta de humor peculiar, é necessário cumprir diversos objetivos, e para isso o jogador precisa utilizar outras bonecas. Excêntrico, não?

E temos por fim os adventures da TellTale Games, incluindo os episódios de The Walking Dead e Back to the Future. Adventure é um gênero um pouco esquecido atualmente, e é sempre bom ver que ainda existem, ainda que sejam lançados por meio digital e episódico.

A PlayStation Network e a PlayStation Store nos trazem muito mais do que DLCs e afins. Os jogos (exclusivos ou não) que estão ali são uma alternativa aos repetecos do mercado tradicional, e mostram que ainda há espaço para a inovação. O que você acha? Conte-nos nos comentários!
Revisão: Rafael Becker 

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

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  1. deve ser ja que eu fui no shoping tavam vendendo ps2 destravado mais o digimon 4 pirata

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