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Análise: 007 Legends (PS3)

Armas, equipamentos mirabolantes, mulheres mais lindas do que você conseguiria encontrar em umas quatro vidas e vilões megalomaníacos. Estam... (por Unknown em 05/11/2012, via PlayStation Blast)

007 Legends - PS3 Box ArtArmas, equipamentos mirabolantes, mulheres mais lindas do que você conseguiria encontrar em umas quatro vidas e vilões megalomaníacos. Estamos falando da franquia mais duradoura da história de Hollywood. Estamos falando de ninguém menos que James Bond, o famoso agente 007. Encarnado por seis atores no decorrer de sua saga, o agente secreto criado por Ian Fleming realizou diversas e desafiadoras missões, desde impedir que todo o ouro do Fort Knox fosse pelos ares até viajar no espaço para impedir os planos de um psicopata que quer criar uma nova civilização.

É aí que entra 007 Legends. A Eurocom, desenvolvedora dos jogos do agente desde o clássico The World is not Enough, de 1999, resolveu juntar os melhores momentos de meio século de histórias e criar um game em que todos os fãs pudessem reviver tudo que o agente fez de mais emocionante. Mas será que o resultado foi tão satisfatório quanto poderia ser?

I expect you to die!

O jogo começa com a reprodução de uma cena do início do novíssimo Skyfall. Bond está lutando com um inimigo em cima de um trem em movimento enquanto a agente Eve, interpretada pela excelente Naomi Harris está esperando o momento certo de puxar o gatilho de seu rifle para salvar 007. Como todos sabem pelos trailers do filme, o tiro atinge Bond e o agente cai ferido em um rio. Neste momento inicia-se a história de Legends. À beira da morte, 007 começa a relembrar diversos momentos marcantes de sua carreira, sendo que cada uma dessas lembranças resulta em uma missão diferente. Seis missões estão presentes no jogo: Goldfinger, On Her Magesty’s Secret Service, Moonraker, License to Kill, Die Another Day e Skyfall, que graças à estreia do filme ter sido adiada para o dia nove de novembro nos Estados Unidos, será disponibilizada por DLC na segunda semana de novembro.

A clássica cena de Goldfinger

A grande quantidade de missões presentes no título podem até parecer uma boa ideia, mas evidenciam um grande problema do título: a falta de profundidade. Isso porque Legends não conta a história completa de cada um dos filmes, e sim alguns momentos chave, que pode fazer com que muitos não entendam absolutamente nada do que está se passando. Os diálogos são muito rasos e tudo tem um ar de sonho ou devaneio do agente, tornando a interpretação daqueles momentos algo muito subjetivo. Além disso, os fãs do agente também podem se sentir um pouco perdidos, pois nem todos os momentos presentes nas missões estão presentes nos filmes. Talvez tais escolhas tenham sido feitas para que o jogador pudesse viver momentos mais intensos, mas mesmo assim, não é algo que funcionou.

My name is Bond... James Bond

Nem parece que a Eurocom já trabalha há mais de dez anos com a franquia, pois tudo que foi realizado ao longo desses anos parece ter sido deixado de lado, resultando em um jogo sem nenhuma inspiração. Bond não age como deveria agir, e até se apresenta de forma diferente dos filmes! Imperdoável. As missões mais parecem ter vindo de algum mod de Modern Warfare do que de qualquer filme estrelado por qualquer um dos atores que já tenha interpretado Bond. Os cenários famosos estão lá, desde o Fort Knox, onde você deve derrotar Oddjob e impedir que o banco vá pelos ares, até o palácio de gelo do megalomaníaco Gustav Graves, mas nenhum deles possui inspiração alguma. Todos são mal acabados, genéricos, e cheios de inimigos iguais, prontos para errar todos os tiros que tentarão disparar contra você, já que a inteligência artificial do jogo é deprimente.

007_legends_-_gun_fight_moonraker  007-gameplay

Em alguns momentos, Bond deve encarnar o agente secreto que sempre foi e passar despercebido por certos cenários, mas esses momentos são dos mais frustrantes do título, pois todos os lugares pelos quais Bond deve passar são extremamente mal construídos, a ponto do sucesso dessas missões se tornar questão de sorte, e não de habilidade do jogador. Entretanto, há dois momentos em que Legends consegue brilhar um pouco: quando os gadgets de Q devem ser utilizados para investigar provas contra os vilões e nas missões de pilotagem. Nas primeiras, Bond deve, com ajuda de seu smartphone, hackear equipamentos, examinar impressões digitais e fotografar evidências dos planos malucos de seus inimigos. Já as fases de pilotagem são extremamente intensas e divertidas. Vale destaque para um momento da missão de OHMSS, em que usando um esqui, Bond precisa proteger Tracy, sua futura esposa, de inimigos pilotando veículos enquanto ainda se preocupa com uma avalanche vindo em sua direção. Em qualquer outro game, esse tipo de fase se passaria sobre trilhos. Mas em Legends é diferente: você deve se preocupar também em controlar o agente, o que exige reflexos muito acima da média! Some isso à excelente trilha sonora, extraída do próprio filme, de 1969, e temos uma das melhores fases já criadas para games do agente de todos os tempos!

A missão de OHMSS é uma das melhores já criadas em jogos do agente!

Homenagem às avessas

É curioso como um título que tenta homenagear uma franquia de repertório tão vasto possua um conteúdo tão pobre. A campanha pode ser terminada em simplórias oito horas. Os momentos não são fieis aos vistos nos filmes e, em alguns casos, nem os próprios personagens são baseados em suas contrapartes cinematográficas. O caso mais extremo é o de Jynx, agente americana interpretada por Halle Berry em Die Another Day. A personagem não tem absolutamente nada que lembre a atriz, muito pelo contrário! Há ainda alguns documentos que podem ser coletados durante a aventura, como biografia de personagens e fichas de equipamentos e missões. Mas, assim como o restante do jogo, o conteúdo não tem profundidade alguma, tornando-o dispensável.

gsm_169_007_legends_081912_640      007-Legends---Gustav-Graves

Falando em profundidade, o jogo ainda conta com um modo multiplayer que, como todo o restante do pacote, não oferece nada que possua muita qualidade. Os modos são os mais clichê possíveis e a jogabilidade segue a da campanha para um jogador, ou seja, é abaixo da média entre títulos do gênero. Mesmo assim, o modo pode trazer alguma diversão, desde que você não espere nada no nível de games como Call of Duty.

Jaws e seus sempre brilhantes dentesOs gráficos do jogo são muito feios, exceto pelo modelo dos personagens principais, que são bem detalhados. O maior problema quanto à produção do título está na falta de polimento. O jogo é cheio de bugs e inconsistências que incomodam demais. Espere ficar preso em cenários, ver inimigos atravessando paredes e voando, entre outras peripécias que pelo menos lhe garantirão algumas risadas. As explosões também são ridículas, já que elas não soam minimamente perigosas. É um pouco mais que jogar uma biribinha no chão. Por outro lado, a trilha sonora é bastante competente, apesar de limitada. Competente, pois é extraída dos filmes em que o jogo se baseia. Limitada pois só há músicas de Goldfinger e On Her Majesty’s Secret Service. Uma pena, pois todos os filmes, exceto por Die Another Day, possuem uma trilha sonora de dar inveja a muitos filmes grandes por aí.

Let the sky fall!

Infelizmente, 007 Legends é um título pouquíssimo inspirado. O tempo todo o jogo passa a impressão de que a Eurocom trabalhou sob extrema pressão para entregar o título a tempo do lançamento de Skyfall nos cinemas. Falando em Skyfall, como já dito no inicio desta análise, a missão referente ao filme só será liberada no meio de novembro. Claro que não dá para esperar que a missão seja tão boa a ponto de fazer diferença na nota atribuída nesta análise, mas tenho a esperança de que a missão pelo menos faça jus à qualidade do novo filme.

007Legends

Prós

  • Uso inteligente dos gadgets;
  • Fases de pilotagem.

Contras

  • Produção pífia;
  • Fases genéricas e sem sentido;
  • Falta de legendas nos diálogos;
  • Grande quantidade de bugs;
  • Não é fiel aos filmes.

007 Legends – PlayStation 3 – Nota Final: 4,5

Visual: 5,0 | Som: 7,0 | Jogabilidade: 3,0| Diversão: 4,0

Revisão: José Carlos Alves


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

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  1. Apesar de ter sido um grande fail,terei de fazer a minha obrigação de fã,vou pegar esse jogo assim mesmo,depois vendo ou troco.

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