Blast from the Past

Blast from the Past: Silent Hill Origins (PSP)

Quando o filme Terror em Silent Hill foi lançado em 2006, a Konami já tinha em mente lançar um novo game da sua franquia de survival horr... (por Jeferson dos Santos em 03/02/2013, via PlayStation Blast)

Quando o filme Terror em Silent Hill foi lançado em 2006, a Konami já tinha em mente lançar um novo game da sua franquia de survival horror. Até então o planejado era uma remake do game original lançado para PSOne em 1999 tendo em seu diferencial a protagonista Rose da Silva – sim, a mesma do filme – que tomaria o lugar de Harry Manson. Especulações a parte, a Konami conferiu a produção de um novo jogo baseado no universo de Silent Hill da inglesa Climax Studios, sendo até então a primeira vez que sua preciosa série estaria sob os cuidados de outra produtora, que em dezembro de 2007 lançou para o PlayStation Portable Silent Hill: Origins.

Uma vez Silent Hill, sempre Silent Hill!

É de conhecimento de todos que hoje, na atual geração de consoles, a horripilante franquia da Konami não vai muito bem das pernas, mas houve tempos em que Silent Hill era respeitada e ostentada como uma das melhores experiências em jogos de terror devido ao seu universo que é tão rico e cativante quanto misterioso e perturbador a ponto de fecharmos os olhos depois de uma jogatina e as cenas bizarras do game vir à mente de forma instantânea.


O tema “terror” nos jogos eletrônicos se tornou recorrente por conta de Resident Evil (1996), mas o efeito psicológico do terror e da violência se tornou assinatura de Silent Hill desde se primeiro game. Os proprietários do PSP puderam submergir na realidade da cidade fantasma em Silent Hill: Origins, um game produzido de forma competente que honra suas origens (trocadilho inevitável) e o potencial técnico da plataforma portátil da Sony.

Toda origem precisa ser contada

Durante seu desenvolvimento, Origins tornou-se polêmica, pois as campanhas de publicidade para promover o lançamento do game revelavam uma jogabilidade voltada para o combate, algo muito parecido com Resident Evil 4. Felizmente, o jogo em si ficou bem diferente do material de divulgação da época, provavelmente essa mudança de rumo foi deliberada por parte da Konami que temia uma má recepção da crítica especializa e da comunidade gamer.

Como o próprio nome sugere, SH: Origins (no Japão é Silent Hill 0), o jogo nos leva aos fatos anteriores ao primeiro game para fechar algumas lacunas e esclarecer alguns pontos críticos na mitologia da cidade amaldiçoada. Para isso, o infeliz da vez (ou protagonista) é o caminhoneiro Travis Grady que resolve cortar caminho pela cidade para respeitar o prazo de uma entrega – até ai sabemos que essa foi uma péssima idéia, principalmente se há um episódio traumático em sua vida.


Na estrada, Travis se vê obrigado a parar para não atropelar uma estranha figura em meio a uma densa névoa. Ao descer do veículo, o caminhoneiro passa a segui-la a pé até avistar uma casa em chamas e perceber que aquilo não era neblina, mas sim fumaça e cinzas. Gritos desesperados anunciam que ainda há alguém lá dentro e sem pestanejar, Travis invade a residência e sai de lá com uma garotinha desfalecida em seu colo. É ai que o jogo começa...

Mecânica de jogo na palma da mão

A controvérsia gerada em função da jogabilidade se fez concreta, mas de forma agradável e acessível. Travis Grady tem um físico que lhe favorece enfrentar os monstros em lutas corporais ou jogando alguns elementos do cenário neles, tais como: facas, martelos e televisores. Esse sistema mais aprofundado de combate também permite que a fuga seja não só intuitiva, mas efetiva. O único elemento negativo na jogabilidade é a câmera, pois os enquadramentos são fixos e nem sempre se sabe o que está à frente ou o que está te seguindo, e mesmo com um botão que centraliza o ângulo este se mostra falho em determinadas ocasiões.

Duas realidades muito bem expressas

Visualmente, Silent Hill: Origins é muito bonito e bem detalhado, convidando a exploração por seus cenários sinistros do mundo real e macabro, esse por sua vez pode ser acessado a qualquer momento sendo que toda e qualquer ação tomada nele interfere diretamente na outra realidade. Interessante que tendo tal liberdade em transitar entre os mundos não tornou o efeito uma mera alegoria gráfica, pois isso é de suma importância para a resolução dos quebra-cabeças e torna a experiência mais complexa devido às mudanças que os ambientes sofrem.

O trabalho da Climax em caracterizar a cidade e suas reações merece elogios, pois o poder gráfico do PSP
 é posto em xeque e este reage com louvor em cenários bem construídos inspirando naturalidade em função do caos. Como de costume, os inimigos são bem modelados apesar de não serem variados, não é nada que atrapalhe a experiência de estar Silent Hill, entretanto deixa evidente a limitação do console.

A competência sempre faz a diferença

Não diferente dos demais games da série, este também teve sua trilha sonora desenvolvida pelo Akira Yamaoka que magicamente converte o drama e o terror em músicas tristes e agonizantes que excitam medo e o desespero nos devido momentos e aprofundam a imersão do jogador, mas para isso é preciso jogar usando um bom fone de ouvido e contemplar o terror em sua totalidade.

Silent Hill: Origins é uma ótima experiência no primeiro portátil da Sony que meses depois foi adaptado para o PlayStation 2. O game traz elementos importantes para a compreensão do universo de Silent Hill que se expande pelas diversas mídias, além de incorporar os costumeiros finais alternativos da franquia nos videogames. Em suma, a Climax Studio foi sábia ao respeitar o que já estava estabelecido e competente ao lidar com as limitações do PSP trazendo algo bonito, acessível e aterrorizante.

Confira o trailer de Silent Hill: Origins da E3 2007:



Revisão: Ramon Oliveira de Souza

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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